Em um discurso transmitido nesta tarde, junto com outras autoridades do Ministério Público do Peru, Benavides ressaltou que o objetivo da denúncia é lutar contra a corrupção “nas mais altas esferas do poder” do país.
“Continuaremos com todas as investigações de todos os altos funcionários responsáveis pelas trágicas mortes”, afirmou Benavides, que acrescentou que o compromisso “com os direitos humanos é maior do que qualquer ameaça ou intimidação”.
Além da presidente Dina Boluarte, são denunciados por homicídio qualificado e lesão corporal grave altos funcionários do governo, como o primeiro-ministro Alberto Otárola e os ex-ministros do Interior César Cervantes, Víctor Rojas e Vicente Romero.
“As pessoas tendem a usar todo o seu poder para obstruir a Justiça. As últimas horas são uma demonstração de que não querem ser investigados e ainda promovem represálias contra a instituição que represento”, acrescentou a procuradora-geral.
Protestos no Peru
Segundo dados do Ministério Público do Peru, 49 pessoas morreram entre dezembro de 2022 e março de 2023 durante protestos contra o governo e o Congresso do país, além de outros 11 óbitos por consequências indiretas das mobilizações.
Os atos foram organizados por apoiadores do presidente deposto do Peru, Pedro Castillo, que na época havia anunciado a dissolução do Congresso Nacional e estabelecido um governo de emergência.
Além de pedirem eleições gerais, os manifestantes eram favoráveis à renúncia de Dina Boluarte e à libertação de Castillo. Um relatório da ONU de 19 de outubro afirma que a polícia aplicou força “fora das circunstâncias permitidas pelas normas internacionais”.
“Isso equivaleria a uma privação arbitrária da vida”, afirma o texto do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
Polícia investiga atuação da procuradora
Horas antes de denunciar a presidente pelas mortes nos protestos, a procuradora-geral do Peru, Patricia Benavides, foi alvo de uma operação da polícia do país por crimes de corrupção e tráfico de influência. Conforme a imprensa local, uma rede foi criada no órgão para influenciar decisões do Conselho Nacional de Justiça.
Benavides ainda teria destituído nesta madrugada uma promotora anticorrupção que a investigava como suposta chefe de um grupo criminoso que usa seu cargo para se beneficiar. Marita Barreto era coordenadora da equipe especial que a própria procuradora-geral criou em 2022, com atuação inclusive nas investigações contra o ex-presidente Pedro Castillo.
A presidente Dina Boluarte afirmou em uma atividade pública que “se houver algo a ser investigado, que seja de maneira célere”.
Fonte: sputniknewsbrasil