Sobre a relação do STF com os outros Poderes, Barroso destacou que, durante sua presidência, conseguiu estabelecer uma convivência harmoniosa com o Executivo e o Legislativo.
“Eu também tive relação ótima com o presidente da República, muito boa com o presidente do Senado, muito boa com o presidente da Câmara dos Deputados”, afirmou. No entanto ele frisou que, apesar da “pacificação institucional”, divergências ideológicas são naturais em uma democracia. “O problema não é a polarização. O problema é o extremismo”, disse, fazendo uma clara distinção entre a pluralidade de visões políticas e a intolerância radical.
O ministro também comentou a polarização social, apontando que o país ainda enfrenta desafios derivados dos eventos do 8 de Janeiro.
“Quem está preso ou com perspectiva de ser preso não está com um clima pacifista”, afirmou, referindo-se aos responsáveis pelos atos antidemocráticos que marcaram o início de 2023. Barroso acredita que a pacificação plena na sociedade só será possível após os julgamentos desses envolvidos. “A pacificação na sociedade, plenamente, é um fenômeno que já está decrescendo”, concluiu.
Em relação ao futuro da Justiça Eleitoral e ao impacto da tecnologia nas eleições, Barroso destacou a crescente preocupação com a desinformação, um tema que já vinha sendo discutido desde sua presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando instituiu regulações que puniam candidatos que utilizavam impropriamente a IA.
“Eu acho que nós temos que investir maciçamente em educação midiática”, declarou, defendendo que parte da desinformação é repassada por pessoas que, sem malícia, não verificam a origem ou a veracidade das informações.
Barroso comparou a situação atual com a de campanhas passadas para conscientizar a população sobre questões simples, como o lixo nas ruas. “Quando eu e o [ex-]governador [João] Doria [presente no evento] éramos bem mais jovens, havia placas que diziam: ‘Não jogue lixo na rua’. E, hoje em dia, só se faz isso em outro mundo, incivilizado”, lembrou.
Ainda sobre o uso da inteligência artificial em campanhas eleitorais, Barroso comentou ser esse um campo que exigirá regulamentações mais robustas, para impedir abusos. “São milhões de postagens, e não há como controlar individualmente cada uma.”
Fonte: sputniknewsbrasil