Prates ressuscita ‘fiscais do Sarney’, ao ‘acusar’ reajustes dos postos de combustíveis


“Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”. A frase lapidar, cunhada pelo filósofo, poeta e ensaísta espanhol George Santayana se aplica “como uma luva” na convocação pública, via redes sociais, feita pelo presidente da Petrobras (PETR3, PETR4), Jean Paul Prates, para que a população ‘fiscalize’ o reajuste dos postos de combustíveis, no melhor estilo ‘fiscais do Sarney’, também convocados pelo então presidente, para ‘garantir’ o êxito do congelamento de preços, decretado pelo governo federal, por ocasião do lançamento do Plano Cruzado, a 1º de março de 1986.

Mais importante que constatar o declarado e recorrente intervencionismo do Planalto na vida econômica do país é a pergunta que não quer calar: afinal, a essência do livre mercado, determinada pela oferta e procura de qualquer produto/serviço, continua em vigor? Até porque faz parte da lógica que os postos repassem o reajuste feito pela própria petroleira, ou este tem de ser ‘represado’ pela demagogia política?

O mais controvertido e paradoxal da situação é levar em conta que a mesma Petrobras, após ‘demonizar’, de forma populista, o critério internacional de paridade de preço de importação (ppi) sentiu o ‘descolamento’ no seu ‘caixa’, se rendendo à necessidade de reajustar o preço de seus produtos. Sem reconhecer o ‘mea culpa’, a petroleira agora quer consertar o erro de cálculo na ponta final, do consumo.

Em tom de ‘apelo’, Prates usou a rede social X (ex-Twitter) para chamar a atenção das ‘autoridades’, no sentido de que fiscalizem o ‘andamento’ dos preços dos combustíveis nos pontos de venda.

A iniciativa do dirigente da principal empresa brasileira ocorre poucos dias depois que a estatal anunciou o aumento de R$ 0,41 por litro para seu preço médio de venda de gasolina A às distribuidoras, cujo litro passou a R$ 2,93, ao passo que o litro do diesel foi reajustado em R$ 0,78, indo a R$ 3,80, novos valores que entraram em vigência há dois dias.

Navegando entre o ‘drama e a tragédia’, Prates postou na rede uma matéria de jornal, sob o título: “Após reajuste da Petrobras, gasolina passa de R$ 6 no Rio”, seguido de uma imagem, que ‘denuncia’ um posto de combustível que vendia a gasolina original (nome da gasolina comum, vendida pelo grupo Ipiranga) a R$ 6,19 o litro.

Revestido do papel de fiscal nº 1 da Nação, como Sarney foi, o presidente da estatal postou: “Estimamos que o impacto do ajuste de ontem [terça-feira, dia 15 de agosto] para a gasolina na porta das refinarias da Petrobras (de R$ 0,41) é de R$ 0,30 (considerando a mistura compulsória do etanol)”, acrescentando, num viés francamente acusatório: “Considerando a sua aplicação ao preço médio anterior do Rio (R$ 5,43), a nova média deveria ser de R$ 5,73 e jamais passar de 6 reais”. Para arrematar que: “A média Brasil estava em R$ 5,53 – portanto, R$ 5,83 pós. Hora d[e]as autoridades competentes fiscalizarem e, se necessário, protegerem o consumidor…”.

Fonte: capitalist

Anteriores Empresário que descobriu Larissa Manoela defende os pais da atriz e critica Globo
Próxima CADE abre inquérito administrativo contra a Caixa Econômica Federal