‘Potencial subdesenvolvido’: Brasil tem enorme margem inexplorada para receber turistas do BRICS


Quando se fala em desenvolvimento econômico, muitas vezes é ignorada a contribuição que o turismo internacional pode trazer. Países como a Malásia e a Tailândia, por exemplo, veem no setor uma grande fonte de renda, que responde aproximadamente por 15% e por 20% do produto interno bruto (PIB), respectivamente, segundo dados de 2019.
No mesmo ano, no Brasil, essa área respondia por cerca de 5% do PIB. Apesar do crescimento desde então — hoje a parcela do PIB ocupada pelo turismo é de 8% —, o impacto do setor ainda é “ínfimo [se comparado] ao potencial que pode gerar na economia”, afirma a presidente do conselho da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV) Nacional, Ana Carolina Medeiros.
Para Medeiros, “o nosso turismo é extremamente subdesenvolvido”, e com alguns investimentos incisivos o setor pode chegar a compor até 15% do PIB, quase o dobro do que é hoje.

“O potencial é subdesenvolvido. As pessoas não perceberam ainda o grande potencial que o turismo pode gerar na economia de um país, de uma cidade, de um estado, até de um bairro.”

Nesse sentido, há uma lacuna séria nos dados de chegadas internacionais ao Brasil: turistas de países do BRICS.
Dados da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) demonstram que dos países centrais do BRICS, Rússia, Índia, China e África do Sul, o que mais enviou turistas ao Brasil foi a China, com 212 mil desde 2018.
1.

China: 212.166

2.

Rússia: 113.194

3.

África do Sul: 70.560

4.

Índia: 64.615

Em comparação, o Brasil recebeu quase 9,5 milhões de argentinos desde 2018. O segundo país com mais turistas no Brasil são os Estados Unidos, com 2,8 milhões. Confira o top 10 abaixo:
1.

Argentina: 9.456.167

2.

Estados Unidos: 2.840.845

3.

Paraguai: 1.994.703

4.

Chile: 1.912.537

5.

Uruguai: 1.564.137

6.

França: 1.016.742

7.

Alemanha: 869.223

8.

Portugal: 835.872

9.

Itália: 700.777

10.

Reino Unido: 668.744

Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos; Ana Carla Machado Lopes, secretária-executiva do Ministério do Turismo; e Marcelo Freixo, presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), durante lançamento do Programa de Aceleração do Turismo Internacional (PATI) - Sputnik Brasil, 1920, 20.03.2024

Há um desinteresse pelo Brasil?

Da lista de países que mais visitam o Brasil, muitos figuram pela proximidade geográfica, são vizinhos. No entanto há também a presença de nações europeias. O que então justificaria o baixo número de turistas russos, chineses, indianos e sul-africanos?
De acordo com Viktor Tomskii, organizador de grupos turísticos na Rússia, seus conterrâneos buscam majoritariamente países tropicais para viajar como forma de fugir do frio de inverno. De preferência, afirma, os russos gostam do turismo voltado para “a praia, o descanso e resorts com tudo incluso”, o que coloca o Brasil no rol de países que interessam a esse público.
Mas o turista russo tem como destinos mais comuns, aponta Tomskii, lugares como Egito, Turquia, Vietnã, Tailândia, Cuba e, mais recentemente, países como Emirados Árabes Unidos, Venezuela e República Dominicana. Já russos de uma classe mais alta acabam indo para destinos mais exclusivos, como as ilhas de Bora Bora, Maldivas e Seychelles.
Por já terem uma tradição de ir a esses países, em muitas dessas destinações já há toda uma infraestrutura para receber os turistas russos, desde funcionários que falam russo a restaurantes dedicados à culinária russa, explica Tomskii.
No entanto, isso não quer dizer que essa é uma batalha perdida para o ramo hoteleiro do Brasil. Pelo contrário, afirma o especialista, há muito interesse por parte dos russos no Brasil por conta das novelas brasileiras dos anos 1990 e 2000. “‘O clone’ foi extremamente popular por aqui e ‘Escrava Isaura’ foi o primeiro programa estrangeiro na televisão soviética.”

“O Brasil tem um potencial pouco explorado para que russos visitem, e o fator que dificulta os russos de visitarem o Brasil é a questão do deslocamento.”

Por ser distante e não existirem voos diretos, o custo de viajar fica muito alto, explica Tomskii. Para a Turquia e o Egito há voos diretos e o deslocamento é mais fácil, mas até mesmo para locais distantes como Vietnã e Tailândia “há voos diretos”.

Como atrair mais turistas?

O estabelecimento de voos diretos ou com poucas conexões é uma das principais apostas da Embratur para o desenvolvimento do setor turístico. Em nota enviada à Sputnik Brasil, a agência destacou seus esforços recentes como o estabelecimento de dois voos South African Airways (SAA) saindo de Joanesburgo e Cidade do Cabo, ambas na África do Sul, para Guarulhos (SP).
“Outra parceria importante que a Embratur atuou foi com a Air China, que após uma longa interrupção dos voos entre o Brasil e a China, a companhia voltou a operar para o Brasil, com os voos sendo operados regularmente de Pequim para o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP), com uma escala em Madri, na Espanha”, afirmou o presidente da agência, Marcelo Freixo, à Sputnik Brasil.

“É preciso fortalecer a malha aérea brasileira para reforçar o fluxo turístico entre os integrantes do bloco […]. O Brasil defende uma maior integração multilateral com os países do BRICS, de modo a proporcionar a efetiva aplicação das cooperações.”

Para Medeiros, há ainda outras iniciativas que podem ajudar a criar uma maior integração turística entre os membros do bloco como reduzir a facilitar a tirada de vistos e diminuir a carga tributária do setor.
“O Brasil tem medo de perder uma receita, mas ele não percebe a expectativa de que a perda que pode acontecer aqui ela vai trazer em dobro de outra forma”, afirmou.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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