'Potencial é enorme': Putin fala sobre futuro do BRICS e defende mais investimentos recíprocos

“Nossa união se expandiu significativamente, e agora inclui importantes Estados da Eurásia, África, Oriente Médio e América Latina. Juntos, temos um imenso potencial político, econômico, científico, tecnológico e humano”, afirmou.

Durante o discurso, Putin ressaltou que o BRICS já supera outros grupos, como o G7, em paridade de poder de compra: responde por cerca de 40% da economia mundial, além de ocupar um terço do território terrestre do planeta e reunir quase metade da população global.

Segundo o presidente russo, o grupo também atrai cada vez mais simpatizantes entre as nações do Sul Global e do Oriente, graças à cultura de parceria aberta, cooperação, respeito mútuo e escuta entre os membros.

O líder russo enfatizou que o mundo passa por transformações profundas com o fim da ordem unipolar e o esgotamento do modelo de globalização liberal. Nesse contexto, a agenda integradora do BRICS ganha ainda mais relevância.

“Os países do BRICS representam diferentes modelos de desenvolvimento, religiões, civilizações e culturas. Ainda assim, todos defendem a igualdade, a boa vizinhança e os valores tradicionais. Buscamos contribuir significativamente para a estabilidade global, a prosperidade e o bem-estar de todos”, declarou.

Putin defendeu a ampliação da cooperação entre os membros nas áreas de tecnologia, logística, comércio, finanças e exploração de recursos.

Já em relação aos desafios do BRICS, Putin disse que uma tarefa urgente é multiplicar o volume de investimentos recíprocos, incluindo do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD).

“Trata-se de desenvolver conjuntamente ferramentas harmonizadas para apoiar e captar recursos para as economias dos nossos países, bem como para as nações do Sul Global e do Oriente”, afirmou Putin, ao lembrar que a Rússia propôs a criação de uma nova plataforma de investimentos do BRICS com esse objetivo.

O presidente russo também destacou que o uso de moedas nacionais no comércio entre os países do BRICS está em constante crescimento. “É essencial continuar expandindo o uso de moedas nacionais nas transações mútuas”, concluiu.

Brasil deu continuidade às propostas russas

Durante a cúpula, o presidente russo reconheceu o papel do Brasil como atual presidente do grupo, elogiando a continuidade das iniciativas propostas pela Rússia em 2024.

“É importante que os colegas brasileiros tenham dado continuidade às iniciativas apresentadas durante a presidência russa no ano passado e proposto o avanço na sua implementação”, disse.

Entre os avanços práticos destacados estão a criação de uma bolsa de grãos do BRICS, o desenvolvimento de uma plataforma logística permanente e programas de cooperação esportiva.

Por fim, Putin defendeu que a declaração final da cúpula do Rio de Janeiro traz bases sólidas para a cooperação futura, preservando o espírito tradicional de igualdade e continuidade do BRICS.

Desde sua fundação por Rússia, China, Índia e Brasil em 2006 — com a adesão da África do Sul em 2011 —, o BRICS passou por uma ampla expansão. Em 2024, juntaram-se Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. A partir de janeiro de 2025, a Indonésia também passou a fazer parte do grupo.