Possibilidade de exportação acirra corrida de montadoras de carros elétricos no Brasil


Na última semana, um navio RORO da montadora chinesa BYD chegou ao Brasil trazendo 5 mil veículos elétricos para o mercado brasileiro. Essa, que foi a segunda viagem do recém-adquirido navio, demonstra a importância que a fabricante chinesa está colocando em seus consumidores brasileiros.
A BYD, contudo, não é a única empresa de veículos elétricos que se faz presente no Brasil. Não só as montadoras tradicionais, como Ford, Renault, BMW, Nissan, Audi, atuam no Brasil, a Tesla também se faz presente no Brasil por meio de importações, assim como a Great Wall Motors (GWM).
Além disso, a Lecar, do empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis, quer desenvolver uma tecnologia 100% nacional de veículos elétricos.
Segundo Antônio Jorge Martins, coordenador acadêmico da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para os cursos da área automotiva, o interesse mundial pelo mercado brasileiro não é à toa, mas, sim, pelo enorme potencial de consumo dos brasileiros.
“Um dos principais atrativos do mercado brasileiro nos dias de hoje é o potencial de crescimento”, afirma o especialista, detalhando que somos 215 milhões de habitantes para uma frota de 50 milhões de veículos.

“Uma relação de quatro habitantes por veículo, quando nos países desenvolvidos essa relação é de um habitante por veículo.”

Em termos crus, há muito espaço para crescer, mesmo que a mudança de paradigma da sociedade “deixe de priorizar a propriedade para priorizar a mobilidade”.
Ainda mais porque, destaca Martins, há também uma tendência muito grande de aquisição de veículos por parte de prestadores de serviços, como locadores e serviços de assinatura.

“Isso faz com que, realmente, o mercado brasileiro apresente um potencial muito grande perante outros mercados, servindo até de base para efeito de exportação.”

Brasil poderá exportar carros elétricos

Hoje em dia, a estratégia das montadoras é incorporar cada vez mais tecnologia em seus produtos, enquanto oferecem o menor preço possível, diz Martins. Para isso, elas precisam “diluir o custo fixo da atividade empresarial no maior número de unidades produzidas”.
Para isso, essa empresas possuem instalações conhecidas como “gigafactories, ou gigafábricas“, no sentido de atender ao maior volume de consumidores e, com isso, “ratear de uma melhor forma os custos fixos existentes nas fábricas”.
Ou seja: exportar.

“Hoje em dia, não existe possibilidade de você alcançar competitividade fornecendo somente para um país.”

Assim, o interesse no território brasileiro não reflete somente o mercado consumidor interno, mas, também, a sua capacidade produtiva. Já se encontram em desenvolvimento duas grandes plantas de veículos elétricos no país, uma da BYD em Camaçari (BA); e outra da GWM em Iracemápolis (SP), que iniciarão as atividades neste ano.
Há ainda, adianta o professor da FGV, interesse na compra de uma linha de montagem da Toyota em Indaiatuba (SP), que será fechada em 2025.
Hoje o Brasil produz cerca de 2 milhões a 2,3 milhões de carros ao ano, mas tem uma capacidade incipiente para 3,6 milhões, sublinha o especialista. Com o começo do funcionamento dessas plantas da BYD e da GWM, e com a compra da antiga fábrica da Toyota, nossa produção pode ser “muito maior do que os 4 milhões de veículos”.

Crescimento do poder aquisitivo

Contudo, Martins destaca que a produção interna de carros vai responder, antes de tudo, ao aumento do poder de compra da sociedade. “Esse que é o ponto […]. Capacidade produtiva nós temos. O que nos falta é poder de consumo para fazer frente a essa elevada capacidade produtiva.”
É a partir do mercado interno que se dá a acelerada para produzir veículos suficiente para a exportação, escoando o excedente. Foi o que fez a China, que hoje possui a maior capacidade de produção de veículos do mundo, fabricando 30 milhões de veículos por ano, enquanto consome “apenas” 25 milhões.
A diferença de 5 milhões se destina ao mercado internacional.

“Nós temos que aumentar de forma significativa o nosso mercado nacional para fazer com que realmente haja condições de produzir elevadamente para o mercado brasileiro e também exportar para outros países da América Latina.”

Com os índices econômicos, nos últimos anos, apontando uma melhoria do quadro interno brasileiro, seja em termos de legislação, subsídios e incentivos à indústria ou de aumento da renda dos cidadãos, o ciclo se fecha.
“Um dos principais atrativos do mercado brasileiro nos dias de hoje é o potencial de crescimento“, crava Martins.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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