Porsche Cayenne 2024 chega na sua melhor forma depois de 20 anos; leia o teste


Mulholland Drive. Estou a bordo do novo Porsche Cayenne 2024 serpenteando alguns quilômetros de uma quase centenária e mais famosas estradas do mundo — que virou até nome de filme. O V8 de nada menos que 659 cv da hardcore versão Turbo GT ecoa entre o cânion, as colinas de Hollywood e as montanhas de Santa Mônica. Quarta marcha, freio, terceira marcha, segunda marcha, o SUV esportivo rosna e os pipocos do escapamento duplo central viciam. As mãos agarram o volante devidamente forrado de Race-Tex, uma espécie de Alcantara. Entro em uma curva fechada, o Cayenne apoia sem medo e pareço estar a bordo de um 911 (ligeiramente mais pesado). O preço dessa sensação? Exatos R$ 1.385.100.

Confesso que o Porsche Cayenne lá de 2002, o primeiro, não me agrada nenhum pouco aos olhos (infelizmente ou felizmente nunca tive a oportunidade de dirigi-lo). Mas também sei da importância do SUV de luxo à época (foi um dos carros que tirou a marca alemã do buraco financeiro e, de quebra, fez os puristas torcerem o nariz). A segunda geração melhorou um pouco a percepção, porém ainda não era o ideal… Agora, mais de 20 anos depois, posso confessar que o Cayenne, na linha 2024, está na sua melhor forma — ainda mais na belíssima versão cupê. E o utilitário esportivo já está em pré-venda no Brasil com preços entre R$ 810 mil e quase R$ 1,4 milhão (as entregas acontecem ainda este ano). É bom aproveitarmos: em 2025 uma variante totalmente elétrica vem aí…

Autoesporte foi até Los Angeles (EUA) dirigir a terceira geração do utilitário esportivo que acaba de passar por um facelift. Vamos falar inicialmente da versão mais cara, a Turbo GT. Apesar das sutis mudanças visuais, dá para perceber que se trata do novo SUV. A começar pela dianteira, que tem um novo para-choque (ainda mais esportivo), nova grade e os tecnológicos faróis HD Matrix LED — item de série aqui e um opcional de R$ 17 mil no Cayenne S (a variante híbrida está em processo de homologação e começa ser vendida ainda este ano no Brasil, mas as primeiras unidades só chegam em 2024).

Cada farol de alta definição tem mais de 32 mil pixels e detecta os demais condutores e bloqueia a luz do farol alto incidente sobre eles, devido à precisão dos pixels, evitando assim o ofuscamento da visibilidade do carro no sentido contrário. A tecnologia ainda ilumina e avisa, piscando, a presença de pedestres e/ou animais na pista (funcionando em conjunto com a visão noturna), além de ser possível criar animações (como os Audi).

O Turbo GT ainda traz capa dos retrovisores e teto em fibra de carbono, arcos de roda em preto fosco e pinças de freio no tom amarelo. Atrás, talvez, seja mais fácil identificar de que se trata do novo Cayenne. As saídas dupla do escapamento de titânio posicionadas de forma central estão lá, assim como as lanternas têm um novo arranjo interno, mais moderno e com efeito 3D. Há ainda dois spoilers: um fixo integrado ao teto e um ativo, que é acionado em velocidades acima de 90 km/h. Na velocidade máxima, consegue gerar até 40 kg de pressão aerodinâmica. Tudo para dar mais estabilidade ao SUV de 2.245 kg.

As novidades, no entanto, não ficam restritas à estética. A engenharia mexe no sistema de suspensão e o Cayenne passa a ter o Porsche Active Suspension Management (PASM) em todas as versões e agora os amortecedores trazem a tecnologia de duas válvulas — e não só uma como antes. Segundo a fabricante, agora as etapas separadas de distensão e compressão melhoram a experiência de condução. Há mais conforto em velocidades lentas e um aprimoramento na dinâmica, com a redução da rolagem da carroceria.

Na prática, o convívio com a versão Turbo GT é amistosa e dá para usar o carro como daily. Claro que, por se tratar de uma variante esportiva e mesmo com as tecnologias para aliviar a buraqueira (e olha que o asfalto californiano não é lá mil maravilhas), o SUV pode às vezes chacoalhar quem está dentro, ainda mais com as grandes rodas de 22 polegadas que copiam bastante as imperfeições do pavimento. É possível passar em cima de uma moeda e saber se ela é de dez, vinte e cinco ou cinquenta centavos — mesmo no modo de condução mais confortável.

Em uma sequência de curvas pode ser exagero dizer que Cayenne parece ou tem a dinâmica de um 911. Mas estamos falando de um SUV de mais de duas toneladas de peso que demonstra um controle e contorna com certa maestria. E sem dramas, sem movimentos esquisitos da carroceria e com uma aderência que impressiona.

A posição de dirigir é primorosa, mesmo para um SUV mais alto. As respostas do volante, principalmente no modo Sport Plus, é para ser copiada por todas as marcas. Não pede intromissões constantes na estrada e é bem preciso nas curvas, dá para saber onde as rodas estão indo o tempo todo. Além de ter o peso correto para o uso urbano.

Dentre todas as modificações já listadas aqui, a do interior talvez seja a principal delas. A Porsche se inspirou no Taycan e a cabine do Cayenne bem mais interessante. O painel de instrumentos agora é um display curvo de 12,6 polegadas, totalmente digital e personalizável. Dependendo da versão, há até sete opções de grafismos. Um visual simplificado e um modo clássico também estão disponíveis, o último transfere o design vintage do painel de instrumentos de cinco tubos da Porsche para a forma digital. O conta-giros, sistema de navegação, o assistente de visão noturna ou o sistema de assistência à condução podem ser selecionados para estar em primeiro plano.

O botão de partida é novo, mas continua historicamente à esquerda do volante. Falando nisso, a peça agora vem do 911. O seletor de modos de condução (Normal, Sport e Sport Plus) agora é item de série e redesenhou os controles dos sistemas de assistência ao motorista no volante.

Do Taycan vem a “alavanca” de marcha, que agora está à direita do volante entre o painel de instrumentos e multimídia. Esse movimento abre espaço no console central para um novo e grande painel de controle de ar-condicionado com controles analógicos. A Porsche ouviu os clientes e retornou com os botões físicos para controlar o clima da cabine.

O Porsche Communication Management (PCM) ou simplesmente a central multimídia do Cayenne continua com 12,3 polegadas. Mas a grande novidade é a tela (opcional de R$ 5.597) de 10,9″ para o passageiro, que pode operar o sistema de navegação e de som, além de ver as mesmas informações que o motorista dispõe no painel de instrumentos. Um detalhe interessante é que no exterior essa tela poderá transmitir plataformas de streaming (serviço indisponível para o Brasil).

O design é legal, as mudanças no interior são muito bem-vindas e as melhorias mecânicas também. O grande chamariz do Cayenne Turbo GT, por sua vez, é pisar no pedal da direita e em 3,3 segundos (tempo de Audi R8 V10, por exemplo) o mostrador do painel digital atingir 100 km/h — sem nenhum esforço. Não importa a marcha, o SUV parece estar sempre pronto para uma corrida de 100 metros rasos.

Túnel. Estou a 80 km/h em sexta marcha. Freio, reduzo até a segunda. O V8 “reclama”. Abro o vidro. Afundo o pé no acelerador e os oito “canecos” fazem um estrondo, a dianteira empina e o Cayenne é catapultado para a frente de uma forma arrebatadora. Muito por conta dos 86,7 kgfm(!) de torque e o trabalho impecável do câmbio automático de oito marchas. E como se não bastassem os 640 cv do modelo anterior, a Porsche resolveu calibrar o motor 4.0 biturbo para entregar 659 cv. Meu corpo gruda no banco e meu ouvido é inebriado pela trilha sonora maligna que sai do escapamento.

Estive no lançamento mundial da versão cupê em 2019. À época, a configuração Turbo GT não tinha sido lançada (o que aconteceria somente três anos depois). Convenhamos que um utilitário desse tipo (assim como BMW X6 M Competition, Audi RS Q8 e Mercedes-AMG GLE 63 Coupé) são totalmente desnecessários do ponto de vista prático (ainda mais com 19 cv extras). Um Cayenne S, com pouco mais de 470 cv (e quase R$ 600 mil a menos na etiqueta de preço, dá conta do recado facilmente. Mas, claro, é voltado para outro tipo de cliente.

A Mulholland Drive exibe alguns mirantes dos quais os visitantes podem apreciar célebres paisagens, como letreiro de Hollywood, o centro de Los Angeles e até o Castelo de Hogwarts de Harry Potter, nos Estúdios Universal. Os cenários ficam para outra visita. Eu prefiro aproveitar as poucas horas com o novo Porsche Cayenne 2024. Lá vem outro túnel…

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Fonte: direitonews

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