Por que a Tesla vive o pior momento da sua história?


Na terça-feira 11 de março, alguns modelos Tesla foram expostos na sede do governo dos Estados Unidos para a apreciação de Donald Trump, que teria se encantado com um Model S vermelho. Apesar de proibido de dirigir (uma regra do serviço de inteligência impede que presidentes e ex-presidentes dirijam em vias públicas), disse que compraria o carro avaliado em US$ 90 mil.

Transformar a Casa Branca em showroom foi a maneira pela qual Trump demonstrou apoio ao principal financiador de sua campanha — que, por acaso, é o maior acionista individual da Tesla, entre outros negócios. Elon Musk é um dos auxiliares mais próximos de Trump: ele chefia o Departamento de Eficiência Governamental (Doge), cujo objetivo é enxugar gastos da administração, demitir funcionários públicos e fechar departamentos de Estado.

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Governos sempre foram a mão salvadora da indústria automotiva, injetando dinheiro, subsidiando e isentando os fabricantes de impostos. Parece benevolência demais em um regime de livre mercado, mas considere que o negócio de fabricar carros gera milhões de empregos diretos e indiretos, e a quebra dessa cadeia provocaria sérios danos para a roda que faz a economia girar.

O teatro de Trump, no entanto, extrapolou os protocolos formais da relação governo/indústria. Foi uma ação entre amigos para tentar tirar a Tesla de uma crise que vem se arrastando.

A Tesla vive seu pior momento desde a fundação, em 2003. De dezembro de 2024 a janeiro deste ano, as ações da companhia despencaram e até a data de publicação deste texto não davam sinais de recuperação. Um relatório da JPMorgan observou que “nunca, na história da indústria automotiva, uma marca perdeu tanto valor em tão pouco tempo”.

As vendas caíram drasticamente nos Estados Unidos e na maioria dos países europeus, e também sofreram abalos na China, o segundo maior mercado da Tesla. Um desastre para o fabricante de automóveis mais valioso do mundo.

E o que parecia ruim, ficou pior: a Tesla passou a ser alvo de ataques dentro e fora dos Estados Unidos. Revendas foram depredadas, carros incendiados e pichados com suásticas, alusão à saudação tida como nazista de Musk na cerimônia de posse de Trump e ao seu apoio ao partido de extrema direita alemão (na Alemanha, as vendas caíram 76% depois do apoio).

Em todo o mundo, donos de Tesla estão vendendo seus carros com medo de represálias ou por não concordarem com o comportamento de Elon Musk. Não há precedentes na indústria de automóveis desse tipo de rejeição. Trump decretou que os vândalos serão enquadrados como terroristas.

Mas não são apenas as posições políticas de Musk que provocaram o desastre. A linha de veículos Tesla está desatualizada diante, principalmente, dos concorrentes chineses. Outro ponto é o fato de que a Tesla foi a líder de recalls nos Estados Unidos em 2024, com 5,1 milhões de chamadas. Em janeiro deste ano, cerca de 1,7 milhão de modelos da marca sofreram recall na China. E agora, em março, a Tesla convocou 46 mil donos de Cybertruck para corrigir um problema na moldura lateral dos vidros.

Musk afirma que renovará seus veículos e já anunciou um novo Modelo Y, seu produto mais vendido, para breve. Quem esperava pelo Cybercab, o táxi autônomo prometido para 2020, não acredita mais nas promessas e exige que o bilionário sul-africano saia da Tesla, ou da política. Ou de ambos.

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Fonte: direitonews

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