Pneu remold: veja se vale a pena usar no seu carro


Imagine a seguinte situação: você comprou um carro usado e fez um bom negócio, mas percebeu que os pneus já estão gastos. Porém, um jogo de pneus novos fica fora do orçamento. A segunda opção é procurar por uma reforma no equipamento usado, o chamado pneu remold.

Existem diversas empresas especializadas em reconstruir um pneu já usado para aumentar sua vida útil. O procedimento, no entanto, precisa ser feito de forma correta para que o item continue seguro. Antes de você decidir se comprará pneus novos ou irá reformá-los, Autoesporte preparou um guia para tirar as dúvidas sobre o remold.

O pneu remold, ou remoldado, é todo aquele que passou por uma restauração mais profunda. De acordo com Roberto Falkenstein, consultor de tecnologias inovativas da Pirelli, “é um processo de recuperação, no qual a banda de rodagem e toda a parede lateral do pneu são substituídas com novas camadas de borracha”.

Renato Romio, chefe da Divisão de Motores e Veículos do Instituto Mauá de Tecnologia, pontua que o processo é mais comum em pneus de caminhão e ônibus, que são feitos para serem reformados. Já os pneus de carros não são vendidos com esse propósito, mas podem passar por esse processo.

Roberto Falkenstein, da Pirelli, comenta que o processo de restauração é normalmente feito nas seguintes etapas:

Segundo o gerente de assistência técnica da Vipal Borrachas, Leandro Paim, todo pneu remold precisa ter uma identificação que atesta que passou por uma restauração. Essa indicação está determinada pela portaria nº 433 do Inmetro.

Inclusive, no pneu deve constar exatamente qual o processo empregado. Portanto, a expressão “RECAUCHUTADO”, “RECAPADO”, “REMOLDADO” ou “REMOLDADO” deve estar gravada com altura mínima de 10 mm em ambos os flancos.

É importante que o consumidor saiba que a vida útil de um pneu remoldado é menor do que a de um novo.

De acordo com o consultor de tecnologias da Pirelli, “a durabilidade de um pneu remoldado pode variar dependendo da qualidade do processo de remoldagem e do uso do veículo. Mas, em geral, os pneus remoldados duram menos do que os pneus novos”, esclarece.

Algumas estimativas apontam que os pneus remoldados costuma a ter uma vida útil de 15% a 30% menor do que dos novos.

O maior atrativo do equipamento remoldado é o preço. Isso porque o pneu reformado costuma a ser de 30% a 50% mais barato que um pneu zero-quilômetro. Por exemplo, o pneu novo 175/65R14 Goodyear Direction Touring é oferecido na internet por R$ 377, e sua versão remold, com as mesmas especificações, sai por R$ 286 – preço 32% mais barato que o Goodyear novo.

A principal diferença está na carcaça. Os equipamentos remoldados são compostos por carcaças usadas que foram recuperadas e restauradas. Nos pneus novos, a carcaça também é nova.

O gerente de assistência técnica da Vipal Borrachas, Leandro Paim, afirma que o processo de produção também muda. “No pneu novo, é montado toda a sua estrutura, com talão, flancos, ombros, banda de rodagem e liner, além de este ser vulcanizado de uma única vez. Já no pneu remold é utilizada a estrutura do pneu novo e aplicado um novo desenho e descrições nos flancos. No remold, a banda de rodagem e os flancos também são vulcanizados de uma única vez com temperaturas controladas”, complementa.

A maior diferença está na maneira como são reformados. No pneu remoldado, ocorre a substituição da banda de rodagem, ombros e parede lateral com novas camadas de borracha. Nessa situação, o pneu passa por uma vulcanização – conhecido como “processo a quente”. A reforma é mais abrangente e envolve mais etapas do que a restauração de recapados e recauchutados.

A restauração do pneu recapado é mais simples, pois somente a banda de rodagem é substituída. Na recauchutagem, a banda de rodagem é substituída junto com os ombros do pneu.

De acordo com o Leandro Paim, da Vipal Borrachas, antes de escolher por um pneu remold, é preciso checar se o pneumático é produzido por uma empresa com registro atualizado no Inmetro. “Ele tem a garantia de qualidade como um pneu novo, pois seu processo de reforma passa por auditorias dos órgãos competentes, da mesma forma que um pneu novo”, afirma.

Leandro também pontua que o processo é sustentável, pois prolonga a vida útil do componente, fazendo com que o consumidor não compre pneus novos. “A reforma emprega apenas 20% do material utilizado na produção de um pneu novo. Na sua fabricação, é gerada uma economia de 18 litros de petróleo para pneus de passeio em comparação com a produção de um novo. Essa redução no processo de reforma diminui também as emissões de CO2”, garante.

Já o Roberto Falkenstein, da Pirelli, não recomenda a compra de pneus remold, pois, apesar de a aparência ser boa em alguns casos, não há como garantir sua integridade: “Não há como assegurar que a carcaça do pneu seja igual em todos os quatro pneus que, eventualmente, o consumidor for colocar”.

Isso, segundo Roberto, pode gerar diferenças na dirigibilidade e comprometer a segurança, já que os pneus podem ser de marcas diferentes, terem sido desenvolvidos para aplicações diferentes ou ainda possuírem defeitos internos em suas estruturas.

Além disso, o especialista da Pirelli enfatiza que a comercialização de pneus remold para motos é proibido por lei.

Renato Romio, chefe da Divisão de Motores e Veículos do Instituto Mauá de Tecnologia, sinaliza que o pneu remold parece um equipamento novo por fora, mas não dá para saber como é seu estado por dentro: “O maior problema do remold é que não dá para saber como está a carcaça do pneu, pois toda a superfície do pneu velho foi encoberto pela borracha nova”.

Renato adverte também sobre a validade do equipamento. “O limite para que seja feito a remoldagem é de até sete anos de vida útil do pneu“. Porém, se for comprar um pneu já remoldado, fica difícil de saber o tempo de uso do pneu antigo, pois até a data de fabricação fica encoberta pela borracha nova.

No entanto, se o consumidor conseguir ter a garantia de que o processo foi feito corretamente, usando um pneu de até sete anos e sem avarias, é possível utilizar o remold por um bom tempo. “Desde que seja usado de forma correta, respeitando o índice de carga correto e seguindo especificações originais”, comenta Renato.

Mesmo assim, o pneu remoldado não irá se comportar como um pneu novo em questões de dirigibilidade, aderência na chuva e até consumo.

Antes de comprar um pneu – seja ele usado ou novo – é importante que o motorista se atente à finalidade de uso. Há pneus para uso na cidade (atualmente são comuns os chamados pneus verdes, que reduzem o atrito com o solo e prometem menor consumo), circuito misto (que transita bem em vias pavimentadas e estradas de terra, comuns nos SUVs), off-road e até para transporte de carga.

O motorista precisa ainda ficar atento a outros dois pontos mostrados na lateral do pneu: o índice de carga e a velocidade máxima. Esses valores devem ser respeitados na hora da substituição.

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Fonte: direitonews

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