BOLSONARO E LULA Fotos Alan Santos PR Ricardo Stuckert PR
Propostas, porém, são vagas e só apresentam necessidade da inclusão dos temas nos planos de governo.
Com a passagem de Jair Bolsonaro e de Luiz Inácio Lula da Silva para o segundo turno, a agropecuária terá temas semelhantes nas duas plataformas de governo, mas com olhares diferentes.
Os temas relacionados ao agronegócio são poucos, mas o enfoque dado pelos candidatos em seus programas à segurança alimentar, à economia verde, à sustentabilidade ambiental, ao uso de tecnologia no campo e à agregação de valor aos produtos indica a importância do setor para a economia brasileira.
As propostas, no entanto, são vagas e, por ora, apenas apresentam a necessidade da inclusão dos temas nos planos de governo.
Um dos temas mais presentes é a segurança alimentar. Para a equipe de Bolsonaro, é possível haver um equilíbrio entre a demanda interna e a externa de alimentos, mas são necessários estudos aprofundados sobre o tema.
Para Lula, o compromisso deve ser o de combater a fome. Na avaliação da equipe do petista, é necessária uma política de abastecimento que inclua a retomada dos estoques reguladores de alimentos.
Além disso, promover uma ampliação da política de financiamento e de apoio à produção de alimentos ao pequeno agricultor. No programa de Bolsonaro, constam a compra pública de produção pelo Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e a doação de alimentos adquiridos.
Para a equipe de Lula, produção e consumo devem ser sustentáveis, além do enfrentamento das mudanças climáticas. O candidato propõe uma reconstrução das entidades federais que foram sucateadas e um combate implacável ao desmatamento ilegal. O combate ao desmatamento também é proposto por Bolsonaro.
Quanto à reforma agrária, Lula propõe uma retomada do sistema. Bolsonaro afirma que devem ser consolidadas e ampliadas as ações de regularização fundiária. O atual presidente defende também a posse de arma de fogo para garantir o direito à propriedade e reduzir conflitos e invasões no campo.
Ambos os candidatos enfatizam a necessidade de uma agregação maior de valor nos produtos agropecuários, além de prometer incentivos às cooperativas e aos produtores. Para o petista, é necessário um apoio à pequena e à média propriedades agrícolas, em especial à agricultura familiar.
Está também no programa dos dois candidatos a busca de maior conectividade no campo e internet de qualidade.
Para Lula, haverá um combate firme aos crimes ambientais das milícias, grileiros e madeireiros. O candidato promete recuperação de terras degradadas e reflorestamento em áreas devastadas.
Bolsonaro, se reeleito, promete atuar contra crimes ambientais, combatendo queimadas, incêndios florestais e desmatamento ilegal.
Na questão dos índios, o programa de Bolsonaro aponta que indígenas e quilombolas são parte importante da população brasileira. Devem ser respeitadas sua culturalidade e suas tradições.
Já o programa de Lula destaca a proteção das terras indígenas e de quilombolas, impedindo atividades predatórias nelas.
Sobre o fornecimento de fertilizantes, um dos temas mais debatidos recentemente devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, Bolsonaro diz que é preciso elevar a produção.
Na avaliação da equipe de Lula, uma das soluções para esse insumo poderia vir da Petrobras, que, além da segurança energética, pode atuar no fornecimento de fertilizantes, biocombustíveis e energia renovável.
Os investimentos de governo em pesquisas para a agropecuária vêm caindo ano a ano, e o programa de Lula inclui a Embrapa dentro das prioridades para identificar potencialidades aos agricultores e assegurar competitividade e sustentabilidade a pequenos e grandes produtores.
Nas metas do PT, a produção agrícola e pecuária é importante para a segurança alimentar e para a economia, além de ser um setor estratégico para a balança comercial. É preciso fortalecer a produção nacional de insumos, máquinas e equipamentos agrícolas.
Um dos destaques da plataforma de Bolsonaro é a promoção da atividade da pesca. Medidas que vêm sendo adotadas criam condições para o crescimento dessa atividade no país, segundo programa de governo do atual presidente (Folha de S.Paulo, 4/10/22)