Fabricada na Argentina, a segunda geração do Peugeot 208 estreou no mercado brasileiro em setembro de 2020 para substituir o modelo anterior, que era produzido em Porto Real (RJ), apostando no belo visual e na oferta de equipamentos então ausentes nos principais concorrentes. Além disso, o hatch também trouxe a tecnológica versão elétrica, importada da Europa.
Apesar da renovação completa da carroceria, construída sobre a moderna plataforma CMP, o Peugeot 208 manteve o longevo motor EC5 1.6 16V, utilizado desde o modelo 206. O propulsor aspirado de quatro cilindros e dotado da tecnologia flex entrega até 118 cv de potência e 15,4 kgfm de torque, associado ao câmbio automático de seis marchas.
A gama de motores do Peugeot 208 foi ampliada em 2022, quando o hatch passou a contar com versões equipadas com o Firefly 1.0 flex aspirado de três cilindros utilizado pelo Fiat Argo. No ano seguinte, foi a vez de o 208 ganhar o 1.0 turboflex de 130 cv e 20,4 kgfm, também desenvolvido pela marca italiana – este sempre combinado a uma transmissão automática CVT com sete marchas simuladas.
O compartilhamento desses motores entre modelos das marcas do Grupo Stellantis foi viabilizado após a fusão do Grupo PSA Peugeot Citroën com a Fiat Chrysler Automóveis, em 2021.
A versão elétrica e-208, por sua vez, é movida por um motor dianteiro de 136 cv. Graças à entrega imediata do torque máximo de 26,5 kgfm, essa variante acelera de 0 a 100 km/h na casa dos 8 segundos. A autonomia da bateria de 50 kWh é de 220 km, de acordo com o Inmetro.
Mesmo com uma oferta variada de motores, o Peugeot 208 não gera tantas reclamações relacionadas a defeitos mecânicos. Alguns consumidores até relatam barulhos na suspensão e consumo de combustível elevado em carros equipados com o motor 1.0 turbo, mas queixas sobre o mau funcionamento do ar-condicionado e da caixa de direção lideram as postagens no site Reclame Aqui.
Considerada uma falha crônica desde a geração anterior, o ar-condicionado para de gelar após apresentar falha. O motorista de aplicativo Vitor, de Salto (SP), relata no Reclame Aqui que o seu Peugeot 208 1.6 automático 2022, adquirido em outubro de 2023 com 34 mil km rodados, apresentou o problema meses depois da compra.
“O compressor do ar condicionado apresentou uma falha catastrófica, condenando o sistema de ar condicionado do meu carro. O compressor travou a ponto de o motor do carro apagar quando o ar-condicionado é ligado, pois a polia do sistema não gira, travando a correia”, explica o consumidor, alegando ter levado o veículo a uma concessionária, que confirmou se tratar de um defeito crônico diagnosticado pela fabricante como um recall interno”.
A Peugeot respondeu a queixa explicando que o ar-condicionado precisa passar por manutenção preventiva a cada dois anos. Além disso, o veículo em questão teria perdido a garantia de fábrica por não ter feito as três primeiras revisões na concessionária, como prevê o manual do proprietário. A marca diz que a manutenção fora de sua rede autorizada pode ocasionar falhas e danos “de qualquer espécie nos sistemas e componentes do veículo”.
O compressor é um dos principais componentes do sistema de ar-condicionado, realizando um bombeamento do fluido refrigerante pela tubulação interna em direção ao evaporador e ao condensador. Para funcionar corretamente, o compressor tem de ser verificado periodicamente para verificar a sua lubrificação.
“O compressor do ar-condicionado também precisa passar por manutenção preventiva para manter o seu correto funcionamento. Quando há alguma falha na lubrificação desse componente, ele pode travar. Quando isso ocorre, o sistema de ar-condicionado perde a capacidade de resfriar o interior do veículo”, explica o mecânico Paulo Vianna.
O especialista ressalta que revisar o ar-condicionado é um procedimento relativamente simples e que pode prevenir defeitos que resultam em quebras com alto valor de reparo. “Muitas vezes, o ar-condicionado precisa apenas de uma limpeza e, durante essa verificação, o técnico pode diagnosticar o risco de quebra do compressor. Dependendo do modelo do carro, a troca desse componente pode ultrapassar os R$ 5 mil“.
Outro motivo de dor de cabeça para os donos do Peugeot 208 é a central multimídia. Alguns relatos dizem que a tela trava, outros relatam que não conseguem conectar o telefone celular ou controlar o ar-condicionado, uma vez que os comandos do climatizador são feitos no equipamento.
A motorista Lilian, de São Paulo, diz que a multimídia do seu Peugeot 208 Griffe 2023 por vezes, fica travada na câmera de ré, mesmo voltando o câmbio para Drive. “Volto a engatar a marcha à ré e a câmera não mostra a imagem, somente a tela. Ao andar com o carro, a cobertura do teto panorâmico começa a abrir sozinha toda hora. Preciso puxar a cobertura de volta constantemente”, explica.
A Peugeot respondeu dizendo que o caso foi apurado por seu departamento de qualidade, que acionou o reparo na concessionária. No dia 6 de junho, o veículo foi devolvido à cliente, que se mostrou satisfeita com o atendimento da marca.
“Aparentemente, é um defeito do sistema operacional da multimídia, que é interligada a outros equipamentos do carro, como o ar-condicionado. É preciso fazer uma avaliação mais criteriosa para descobrir a origem deste defeito. No entanto, é um problema que causa mais aborrecimento ao usuário do que coloca em risco a operação do veículo”, diz o mecânico.
Clientes relatam barulhos anormais, desgaste prematuro e vibração na caixa de direção do Peugeot 208. O consumidor Marcelo, de Belém (PA), diz que levou o carro à concessionária para verificar o problema, onde foi constatada a necessidade da troca da direção elétrica e da suspensão dianteira ao custo de R$ 20 mil, incluindo as peças e o serviço.
“Tenho notado a ocorrência recorrente de ruídos e vibrações provenientes da direção, o que indica a possibilidade de falhas ou mau funcionamento da peça. A instabilidade na condução do veículo é uma preocupação constante, afetando não apenas a minha segurança, mas também a dos demais passageiros e motoristas ao meu redor”.
“O sistema é responsável pelo direcionamento do veículo na via, por isso é importante que ele funcione perfeitamente durante a condução. Não é comum a caixa de direção apresentar defeitos em carros com baixa quilometragem em dia, mas é importante realizar manutenções periódicas para identificar alguma falha. Caso isso ocorra, existe o risco de o motorista perder o controle do carro, podendo resultar em acidente”, destaca Paulo Vianna.
A Stellantis ainda não respondeu ao contato da reportagem de Autoesporte.
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Fonte: direitonews