A queda do preço do barril de petróleo (acumulada em 10,8% este ano), a redução de preços dos derivados nas refinarias pela petroleira e o fim da política de paridade de importação (PPI) da commodity são fatores considerados determinantes para o forte recuo de 54% (no comparativo anual), do fluxo de caixa livre (diferença entre a geração de caixa livre e gastos em investimentos imobilizados e intangíveis) da Petrobras no segundo trimestre deste ano (2T23), para R$ 29 bilhões.
Horas antes de a estatal divulgar seu resultado no 2T23, nessa quinta-feira (3), estudo do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) indica que, nesse período, a companhia deverá registrar resultado financeiro positivo, com lucro líquido de R$ 23,5 bilhões, receita líquida de R$ 114,8 bilhões, e Ebitda ajustado de R$ 54,4 bilhões. Já no que se refere à geração de caixa operacional (resultado das entradas e saídas de caixa relacionadas às atividades operacionais) no 2T23), o Ineep projeta um montante de R$ 43,5 bilhões.
“Com base nas estimativas da geração de caixa operacional, do fluxo de caixa livre e na mudança na política de remuneração de acionistas, o Ineep estimou o montante da distribuição de remunerações neste trimestre entre R$ 17 bilhões e R$ 21 bilhões”, previu a instituição.
No que se refere à destinação dos lucros a serem distribuídos, a estimativa do instituto é de que 36,6% caberão ao governo federal e para o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); 63,4% para acionistas privados – dos quais 46,3% para os acionistas não brasileiros (NYSE-ADRs, B3, CRGI e Blackrock) – e 17,1% para os acionistas privados brasileiros.
No tópico relativo aos derivados, o Ineep observa que estes apresentaram queda, em média, de 27,5% no 2T23 (R$ 474) em relação a igual período do ano passado (R$ 654). “O incremento no volume de produção e comercialização de derivados não foi capaz de compensar as quedas nos preços desses produtos nessa comparação anual”, avaliou.
Pelos cálculos do instituto, atualmente, as receitas com vendas no mercado interno da Petrobras representam cerca de 75% das receitas totais da empresa, que tem sido beneficiada pela manutenção de baixos custos de produção no 2T23, resultante da elevada produtividade do pré-sal. No entanto, a previsão da entidade é de que a receita de vendas da estatal encolherá 33% no segundo trimestre deste ano, ante igual período de 2022, para R$ 114,8 bilhões – R$ 89,8 bilhões com origem nas vendas do mercado interno, também 295 inferiores no comparativo anual.
“No trimestre em análise, as receitas previstas de vendas no mercado nacional representaram 78% das receitas totais da companhia. Ademais, estima-se que as vendas para o mercado internacional devem alcançar cerca de R$ 25 bilhões, o que significa uma redução de 43%, ante o segundo trimestre de 2022”, segundo a nota do Ineep.
No que toca aos preços do GLP, o popular gás de cozinha, a estimativa é de que haverá redução de 33%, no comparativo anual; recuo de 31% no diesel e de 16,2% nos preços médios da gasolina, igualmente na comparação anual.
“A venda parcial do parque de refino da Petrobras, em especial da Rlam (BA) e da Reman (AM) nos últimos dois anos, também segue um elemento importante para o resultado atual da companhia, visto que seguem limitando sua capacidade produtiva no curto prazo”, concluiu o instituto.
Fonte: capitalist