“Ele simplesmente mudou a história no fim do século XX. Aquele mundo bipolar que existia, com os dois grandes ‘xerifões’, EUA e URSS [União das Repúblicas Socialistas Soviéticas], desapareceu”, diz Segrillo, que é professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).
“As tentativas de reforma — e acredito que, no início, ele queria realmente reformar o sistema para funcionar melhor — acabaram não dando certo, e a URSS terminou. Não por uma vontade do Gorbachev, mas porque, ao reformar, abriram-se novos vetores de forças, como questões de nacionalismos e nacionalidades ali existentes, que fizeram o processo fugir do controle do Gorbachev e levar ao fim da URSS”, explicou Segrillo.
Ocidente ‘apreciou’ esforços de Gorbachev
“No fim da URSS, ele era bastante popular por permitir que as pessoas falassem, mas a partir de 1988, principalmente em 1990 e 1991, com o aumento dos problemas econômicos, da inflação e do desemprego, começou a se tornar muito impopular”, lembrou.
“Apesar do Gorbachev não ser responsável pela crise da URSS sob [Boris] Ieltsin [1990–1999], alguns russos o associaram às dificuldades também do período da década de 1990, em que ele já não era mais o líder. Uma parte mantém essa visão, principalmente os mais velhos”, relatou.