Migrantes e refugiados de vários países chegam ao Brasil em diferentes situações. Destaca-se principalmente a situação de vulnerabilidade em que as pessoas chegam e vivem no País. Para abordar esta situação na área da saúde, professores de diferentes universidades, incluindo a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) realizam pesquisa conjunta para compreender mais como determinadas doenças atingem mais quem está em migração.
A professora Sonia Vivian de Jesus, do Instituto de Ciências da Saúde, Câmpus de Sinop, é uma das autoras do artigo “Prevalência de tuberculose, COVID-19, condições crônicas e vulnerabilidades entre migrantes e refugiados: inquérito eletrônico”, publicado pela Revista Latino-Americana de Enfermagem. A equipe responsável reúne 10 autores que realizaram a pesquisa com apoio financeiro da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“O artigo “Prevalence of tuberculosis, COVID-19, chronic conditions and vulnerabilities among migrants and refugees: an electronic survey”, foi elaborado a partir da pesquisa “Tuberculose e Migrantes nos países do BRICS: o caso do Brasil, financiada pela Organização Mundial de Saúde e desenvolvida, no Laboratório de Epidemiologia da UFES (Lab-Epi), durante o doutorado em Saúde Coletiva, da profª Sonia Vivian de Jezus, orientada pela professora Ethel Leonor Noia Maciel”, explica a professora Sonia Vivian de Jesus.
O estudo analisa a prevalência de tuberculose, coronavírus, condições crônicas e vulnerabilidades entre migrantes e refugiados no Brasil. Ao todo 533 migrantes e refugiados participaram do estudo. “Esta pesquisa foi estruturada em três etapas, sendo que duas etapas fizeram parte da sua tese de doutorado em Saúde Coletiva, pelo Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva da UFES que foi concluído em agosto de 2022”, pontua a professora. Entre as principais vulnerabilidades que atinge os participantes está o desemprego que afeta os migrantes e os refugiados na chegada ao Brasil.
Estudo mostra dados importantes sobre doenças
A pesquisa aponta que há maior prevalência de doenças crônicas, Covid-19 e tuberculose entre a população migrante e refugiada, do que entre a população em geral. “Por se tratar de uma população em situação de vulnerabilidade, com dificuldade de acesso aos serviços de saúde e aos sistemas de proteção social, essa pesquisa traz dados baseados em evidências científicas que poderão subsidiar políticas públicas”, enfatiza a professora Sonia Vivian de Jesus. Para a professora é possível a incorporação de novas rotinas nos serviços e capacitação dos profissionais para o atendimento, reduzindo as barreiras enfrentadas por migrantes e refugiados para o acesso, diagnóstico e tratamento.
Segundo a professora, as dificuldades do estudo apontam as dificuldades de acesso a serviços de saúde e também de proteção social. “O inquérito eletrônico, disponibilizado pela internet, pode não ter sido acessado pelos migrantes e refugiados mais vulneráveis socialmente, por não terem acesso à internet e aos dispositivos eletrônicos. Além do mais, o idioma pode ter sido uma barreira para aqueles que não dominam o português ou espanhol”, finaliza.
Fonte: ufmt