Perigoso exagero estratégico: ataque de Israel em Doha destrói pontes pela paz, dizem especialistas


As operações militares israelenses em Gaza, Líbano, Síria e agora no golfo sinalizam um “excesso” que não ficará sem sérias repercussões diplomáticas, disse à Sputnik o analista de segurança dr. Hasan Selim Ozertem, baseado em Ancara.

“Olhando para a Europa, para os EUA, para o golfo, esses países começaram a articular suas preocupações com a agressão israelense, o que não acontecia antes devido à influência do lobby israelense, especialmente na política norte-americana“, explicou Ozertem.

Com o Catar atuando como mediador na guerra de Gaza, o ataque a Doha “também mina a credibilidade de Israel” entre as potências do golfo com as quais Tel Aviv deseja estabelecer laços por meio dos Acordos de Abraão.
A agressão israelense pode até resultar na criação de novos pactos regionais, afirma Ozertem.

“O príncipe herdeiro saudita disse que [Riad] apoiará o Catar. No passado, sabíamos que o Catar e a Arábia Saudita tinham problemas políticos. Eles conseguiram resolvê-los. Agora estamos falando de uma aliança militar […] uma opinião ou bloco anti-israelense na região entre atores locais […] aumentando a probabilidade de um potencial confronto entre Israel e outros.”

O primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar, sheikh Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani, fala à imprensa em Doha, Catar, em 9 de setembro de 2025, após ataques de Israel - Sputnik Brasil, 1920, 09.09.2025

Queimando pontes

“Ao atacar Doha enquanto as negociações de paz para pôr fim ao genocídio de Gaza estavam em andamento, Netanyahu demonstrou mais uma vez seu desdém por negociações e sua preferência pela força bruta como solução definitiva“, afirma Mehran Kamrava, professor de governo na Universidade de Georgetown, no Catar.

A estratégia de “caos administrado” de Netanyahu ameaça sair do controle e isolar ainda mais Israel, “tornando-o um Estado desonesto e pária“, disse Kamrava.
Além da reputação de Israel, o ataque promete “custar aos EUA grande parte de sua já reduzida credibilidade no mundo árabe“, afirma o acadêmico, enfatizando que o apoio incondicional dos EUA a Israel está se mostrando “extremamente custoso”, à medida que o governo israelense toma medidas que o fazem parecer cada vez mais “desequilibrado” e “desprovido de qualquer racionalidade”.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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