Pequim adverte EUA sobre cruzar a ‘linha vermelha’ nas relações entre os dois Estados


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Taiwan é uma “linha vermelha” — um limite que se ultrapassado poderia tornar a relação entre os países irreconciliável — de segurança para a China que Washington nunca deve cruzar, indicou o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi.
“Em resposta às recentes palavras e ações errôneas dos EUA sobre a questão de Taiwan e a tentativa de Washington de traçar uma linha nas relações sino-americanas, o presidente Xi Jinping expôs de forma abrangente e sistemática sobre a origem da questão de Taiwan e a posição de princípios da China, claramente apontando que a questão de Taiwan está no centro dos principais interesses da China e no centro das relações sino-americanas”, indicou Wang em comunicado do Ministério das Relações Exteriores neste domingo (20), resumindo as viagens do presidente Xi às cúpulas do G20 e da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC, na sigla em inglês) nesta semana.
Enfatizando que “‘independência de Taiwan’ é incompatível com paz e estabilidade em todo o estreito de Taiwan” e que “o povo chinês nunca concordará com alguém que queira separar Taiwan da China”, alertou Wang ressaltando que a questão é a “base política e a principal linha vermelha que ninguém pode cruzar.”
O principal diplomata chinês instou Washington a fazer sua parte para cumprir a promessa “Quatro Nãos e Um Sem” dada pelo ex-presidente de Taiwan Chen Shui-bian em 2000, que comprometeu Taipé a manter o status quo em todo o estreito de Taiwan.
Em suas conversas com o presidente Joe Biden, Xi pediu a Washington que abandone sua abordagem de “jogo de soma zero” com a China, que “estabeleça um tom de diálogo em vez de confronto” e “adira ao respeito mútuo e à paz”, segundo Wang.
Xi também rebateu as críticas dos EUA em questões como democracia e direitos humanos, e informou a seus interlocutores norte-americanos que “os Estados Unidos têm democracia no estilo americano e a China tem democracia no estilo chinês”, e que ambos os países devem reconhecer e respeitar os “diferentes sistemas e caminhos” de cada um.
O primeiro-ministro australiano Anthony Albanese participa do Diálogo do Líder da APEC com o Conselho Consultivo de Negócios da APEC durante a cúpula da APEC de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, sexta-feira, 18 de novembro de 2022, em Bangkok, Tailândia - Sputnik Brasil, 1920, 18.11.2022

Tensões em Taiwan

Os laços China-EUA, já abalados pelas guerras comerciais e tecnológicas de Donald Trump, caíram para os níveis mais baixos sob a gestão de Biden em meio a suas repetidas promessas de “defender” Taiwan contra a “agressão chinesa” e graças ao aumento das vendas de armas dos EUA para os que são favoráveis à independência da ilha.
Em seu discurso no 20º Congresso do Partido Comunista Chinês, no mês passado, o presidente Xi reiterou que a República Popular da China (RPC) está comprometida com a reunificação pacífica com Taipé, caracterizando a integração sob o modelo Um País, Dois Sistemas aplicado a Hong Kong e Macau como “o melhor caminho para realizar a unificação através do estreito de Taiwan”.
Xi também alertou que “Taiwan é a Taiwan da China” e que Pequim “nunca se comprometeria a renunciar ao uso da força” para resolver a questão e evitar a “interferência de forças externas e dos poucos separatistas que buscam a ‘independência de Taiwan’” de tentar permanentemente separar a ilha do continente.
Autoridades da Casa Branca e do Pentágono passaram meses acusando Pequim de fazer preparativos para “invadir” a ilha em um futuro próximo, e Washington prometeu “apoiar” Taipé “militarmente” fornecendo treinamento e equipamentos.
O presidente da China, Xi Jinping (à esquerda), e o presidente dos EUA, Joe Biden, se reúnem à margem da cúpula do G20, em Nusa Dua, na ilha indonésia de Bali, em 14 de novembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 17.11.2022

Washington aumentou as tensões com a China sobre Taiwan em agosto, quando a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, visitou a ilha. Sua viagem abriu as precedentes para uma série de visitas à ilha de outros legisladores da Câmara, senadores, governadores e outros funcionários, sendo o mais recente deles um comissário da Comissão Federal de Comunicações (órgão regulador da área de telecomunicações e radiodifusão dos Estados Unidos). A China criticou as visitas como uma violação dos termos dos acordos que consolidam as relações sino-americanas, que proíbem os contatos diplomáticos dos EUA com Taipé, e iniciou semanas de exercícios militares ao redor da ilha. Pequim também sancionou Pelosi, seus colegas e fabricantes de armas dos EUA, que estão enviando armas para Taiwan.
A Casa Branca se distanciou formalmente da visita de Pelosi, dizendo a repórteres, ainda em agosto, que “os militares acham que não é uma boa ideia no momento”. No entanto, o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan defendeu a viagem, dizendo que “não era sem precedentes” e “não ameaçava a China”.
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