Pela 1ª vez em Brasília, Mayra Andrade promete show especial no Yalodê


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A lista de referências brasileiras que Mayra Andrade agregou à própria música é grande. Passa por Caetano , Djavan, Gilberto Gil, Tom Jobim, Bethânia e chega em Criolo, com quem dividiu o palco do Rock in Rio no início do mês. Neste fim de semana, a cantora cabo-verdiana se apresenta pela primeira vez no Festival Yalodê, em Brasília, neste sábado (17/9), e promete um show tão especial quanto o realizado na Cidade do Rock.

“O setlist traz parte do repertório do Manga, mais outras musicas de outros discos, mais algumas surpresas que preparamos para essa turnê no Brasil. Um momento de muita música, de muita verdade, autenticidade no palco, para que as pessoas saiam de lá com o coração cheio e a com o sentimento de terem partilhado de um momento verdadeiro de comunhão e conexão”, adianta a artista, em entrevista ao Metrópoles.

A passagem por Brasília faz parte de uma turnê inédita da cantora pelo Brasil, que conta com oito shows pelo país. No Yalodê, ela compartilha o lineup com várias outras artistas pretas. “A questão do protagonismo e da representatividade ser regra e não exceção vem nos lembrar que ainda temos muitos problemas pra resolver. Eu idealizo um mundo onde não seja necessários festivais apenas para mulheres negras porque teremos conquistado um lugar de fala equilibrado no mundo”, destaca.

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Rock in Rio

A cantora revela que o encontro com Criolo em um dos maiores festivais de música do mundo ocorreu graças a uma junção de fatores. “Eu conheci o Criolo há uns 10, 12 anos atrás. A gente se cruzou de novo há três anos e ele vem mantendo o contato, dizendo que queria fazer uma parceria, gravar algo junto. Até que chegou o momento em que ele me desafiou com algumas músicas. Depois que gravamos, surgiu esse convite do Rock in Rio que veio também do Zé Ricardo, responsável pela curadoria do palco Sunset”, explica.

“Houve um alinhamento porque parece que rolou uma reunião e todo mundo veio com a mesma proposta de participação que foi meu nome. Então acho que os astros queriam muito esse encontro e eu fiquei feliz pela forma como o Criolo, generosamente, me acolheu”, continua Mayra.

Multiplas vivências

Nascida em Cuba, Mayra se mudou para a Cidade da Praia, capital de Cabo Verde, ainda no primeiro mês de vida. Morou por seis anos lá e depois viveu no Senegal, em Angola, na Alemanha, França e depois se mudou para Portugal. O Brasil não faz parte da lista, mas sempre esteve em seu coração. Foram as novelas brasileiras, inclusive, que aproximaram a cantora da MPB.

“Lembro de na minha infância ver Escrava Isaura, Tieta, Roque Santeiro… eram novelas que contavam uma realidade brasileira e traziam músicas de grande qualidade. Depois, meu primo, que é também meu padrinho, me acompanhava no violão quando eu tinha 5 ou 6 anos. E as primeiras canções que ele me ensinou foram de Caetano, Gil… então, eu me banhei nessa sonoridade muito cedo”, conta.

Para a compositora e intérprete de Afeto, o fato de ter conhecido várias culturas foi algo fundamental em sua obra: “Moldou minha forma de ver o mundo, de olhar pras coisas, olhar pras diferenças e me enriquecer a partir delas. Absorver tudo isso e traduzir em som é fazer música”.

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