O Parlamento catarinense vai liderar, durante dois dias, o debate a respeito da adoção de políticas públicas de inclusão escolar com a promoção do Seminário Estadual sobre Dificuldade de Aprendizado e a Dislexia.
A abertura oficial aconteceu nesta quinta-feira (5), no Auditório Antonieta de Barros, reunindo especialistas multidisciplinares das áreas de Saúde, educação e assistência social de diferentes regiões do país e contou com a participação dos deputados Camilo Martins (Podemos), proponente do evento e Luciane Carminatti (PT), que é presidente da Comissão de Educação e Cultura.
Ainda entre as autoridades presentes, a fundadora do Instituto Domlexia, Nadine Heisler e a psicopedagoga Lucimara Maria da Silva. O evento contou com o apoio da Escola do Legislativo da Casa.
Inclusão escolar
Além de centrar o debate nas estratégias para a adoção de políticas públicas mais inclusivas para a comunidade escolar, o encontro pretende fomentar informações sobre diagnóstico e patologias e estabelecer propostas didáticas e pedagógicas para o acolhimento dos estudantes com dificuldade de aprendizagem, com atenção para a dislexia.
Lei estadual
Como pontuou a deputada Luciane Carminatti, a dislexia está saindo da invisibilidade, por meio de ações como esta. “Estamos vivendo um momento de inclusão na política educacional, porque educação é construção social”, avalia a deputada.
A parlamentar é autora da Lei 18.687/2023, que cria a Semana Estadual de Identificação e Conscientização sobre a Dislexia no calendário oficial de eventos de Santa Catarina. O período escolhido para a campanha, que tem como símbolo um laço azul com laranja, é entre os dias 3 e 10 de outubro.
Avanços e desafios
O deputado Camilo Martins destacou os avanços e os desafios da educação inclusiva. “A criança com dislexia não era reconhecida. Hoje isso está mudando, e é importante que o Parlamento lidere projetos que incitem orçamentos específicos para a política de inclusão social.”
Luta antiga
A psicopedagoga Lucimara Maria da Silva, primeira palestrante do dia, falou a respeito do tema “ Um jeito diferente de aprender”, informando que essa é uma luta antiga em sua vida. “Estou aqui compartilhando muitas emoções ”, disse.
Ela comentou que acolhe essa bandeira desde 2009 e citou a Lei Estadual 14.658 de 2009, que implantou o Programa de Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Estadual de Ensino. “Foi a partir daí que descobri e me encantei com esse assunto”.
8 milhões de brasileiros
A dislexia é um transtorno de aprendizagem que prejudica o desenvolvimento de habilidades, como a leitura, escrita e socialização. De acordo com o Instituto ABCD, organização sem fins lucrativos referência em dislexia no Brasil, cerca de 8 milhões de brasileiros têm dislexia, representando quase 4% da população.
O que é
De acordo com a Fundação Brasileira de Dislexia (FBD), a doença não tem como causa a falta de interesse, motivação, esforço ou de vontade. Antes de qualquer definição, dislexia é um jeito de ser e de aprender que reflete na expressão individual de uma mente que aprende de maneira diferente.
Especialistas revelam que a doença é uma específica dificuldade de aprendizado da linguagem apresentada na leitura, soletração, escrita, linguagem expressiva ou receptiva, cálculos matemáticos, linguagem corporal e social, sendo que 80% dos disléxicos apresentam dificuldades no aprendizado, especialmente na leitura, em diferentes graus.
Com três diferentes níveis – severo, moderado e leve -, a dislexia exige que professores, pais e especialistas estejam atentos aos problemas de aprendizagem. Segundo os conceitos da FBD, é indispensável que todos os professores entendam as necessidades dos alunos disléxicos, dentro e fora da sala de aula, uma vez que as pessoas com dislexia, ainda que aprendam de uma maneira diferente, podem acompanhar o ensino convencional, desde que tenham apoio necessário para contornar suas dificuldades.
Debates
Ainda pela manhã, a psicóloga Maria Inez Ocanã de Luca palestrou sobre “ A dislexia em questão: conceitualização e quadro sintomático”.
À tarde, a programação inicia às 13h30 com a palestra “ Processos de desenvolvimento da leitura e da escrita: As alterações gerais da leitura e da escrita”, com Maria Nico.
Depois acontece um workshop com o tema “Instrumentos legais que regulamentam a inclusão de pessoas com dislexia”, com as palestrantes Maria Nico e Maria Inez de Luca.
Dois painéis encerram as atividades desta quinta. Um às 15h30, a respeito da “ Aprendizagem” com Eliane Costa Kretzer, João Carlos Xikota e Luciany do Nascimento.
O outro painel é às 16h30, com Nadine Heisler, sobre os aspectos pedagógicos do disléxico e intervenção pedagógica com disléxico em sala de aula”.
O Seminário Estadual sobre Dificuldade de Aprendizado e Dislexia encerra nesta sexta-feira (6).
Agência AL
Fonte: alesc.sc.gov