A GWM acaba de lançar no Brasil o Ora 03, um carro elétrico que chega com a árdua missão de “popularizar” o segmento. Por R$ 150 mil, o novo hatch tem preço de SUVs compactos como Jeep Renegade, Honda HR-V e tantos outros carros de volume.
O visual do Ora 03 chamou muita atenção na internet durante o seu lançamento, pois aparenta ser a fusão de vários outros carros. O formato da carroceria lembra o Mini Cooper, o para-choque e as rodas se inspiram na Porsche, enquanto os faróis arredondados são uma clara referência ao Fusca.
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A semelhança com o Volkswagen, aliás, é um dos motivos pelos quais o GWM Ora 03 foi apelidado de “Fusca elétrico” ou “Fusca chinês” nas redes. Entretanto, o hatch não é um plágio do carismático alemão. A própria GWM vende uma cópia do Fusca, como você pode concluir pela imagem abaixo.
Basta bater o olho no Ora Ballet Cat para entender de onde veio a inspiração. O formato da carroceria, faróis e lanternas são praticamente um “Ctrl+C/Ctrl+V” da primeira geração do Fusca. Nem o New Beetle se aproximou tanto do visual clássico.
Nos próximos parágrafos, você vai conhecer mais sobre este carro elétrico inusitado — e também saber das possibilidades dele ser lançado no Brasil, já que a marca chinesa GWM comprou a antiga fábrica da Mercedes em Iracemápolis (SP).
A Ora é uma submarca chinesa criada pela Great Wall Motors em 2019, com foco na produção de carros elétricos compactos. Além dela, a GWM também detém as submarcas Haval (que produz SUVs), Poer (picapes) e Tank (SUVs e utilitários de luxo).
Assim como a Jaguar Land Rover, a GWM quer ser vista como uma “house of brands” (casa de marcas, em inglês). No momento, apenas Haval e Ora estão disponíveis no Brasil, mas as outras devem chegar nos próximos anos.
O protótipo do Ballet Cat foi apresentado pela primeira vez no Salão de Xangai (China) em 2021 — ainda com o nome provisório Punk Cat. A gritante semelhança com o Fusca foi mais comentada do que as próprias tecnologias do carro.
O interior do protótipo tinha pegada retrô, mas os revestimentos rosa do painel e dos bancos passavam a impressão estereotipada de um carro da Barbie. A Ora chegou a colocar uma “ring light” no espelho interno para facilitar na hora de aplicar maquiagem.
Ainda em 2021, antes da apresentação do modelo de produção, foi especulado se a Volkswagen tomaria alguma ação legal contra a GWM. Até o momento, a marca alemã não acusou a fabricante chinesa de plágio.
Mas vamos ao que realmente interessa. O Ora Ballet Cat chegou às lojas da china em três opções mecânicas. As versões de entrada desenvolvem 170 cv e têm tração dianteira. Os modelos intermediários apostam na esportividade e desenvolvem 300 cv, direcionados apenas ao eixo traseiro.
Há também uma versão topo de linha que pode entregar 544 cv distribuídos nas quatro rodas. A autonomia é de até 500 km, segundo a Ora.
O Ora Ballet Cat foi registrado em 2021 no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Este costuma ser o primeiro passo de uma marca antes de lançar qualquer carro por aqui.
Entretanto, o registro no Inpi não quer dizer necessariamente que um veículo chegará às lojas no Brasil. A Volkswagen, por exemplo, registrou a oitava geração do Golf em 2020, mas não há qualquer plano de lançá-la por aqui.
Ironicamente, o registro no Inpi também serve para proteger a propriedade industrial de uma fabricante, algo que o Ora Ballet Cat infringiu ao ser mostrado na China.
Nem todas as fabricantes chinesas se dão bem ao lançar cópias de carros europeus. Em 2012, a BMW do Brasil processou a Lifan pelas semelhanças do 320 com o Mini Cooper. O imbróglio só foi finalizado em 2019, quando uma juíza proibiu a venda do modelo chinês.
Também em 2019, a Land Rover venceu uma ação judicial contra a Jiangling Motor, que precisou interromper a produção da venda do clone do Evoque, o Landwind X7.
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Fonte: direitonews