“Eles tiveram uma conversa no sentido de ampliar o intercâmbio de pessoas entre os dois países. Essa visita foi muito importante, porque o Grupo Tata é um conglomerado de empresas indianas, multinacionais, que vai desde química até os setores de agronegócio e automotivo. Todas as empresas do Grupo Tata equivalem a três vezes o valor da Petrobras. Então esse empresário indiano destacou algumas áreas para a expansão [de parceria nos setores de] defesa, inteligência artificial, transição energética.”
“Eu não acredito que nem o primeiro-ministro [da Índia] Narendra Modi nem o presidente Lula tenham qualquer problema por conta de ideologias. A Índia e o Brasil enxergam um ao outro como pontes para construir relações de suas vizinhanças. A Índia vê o Brasil como a porta de uma ponte para a América Latina e o Brasil enxerga a Índia como uma ponte para a Ásia”, explica a especialista.
Qual a principal pauta em comum entre Brasil e Índia?
“Os dois países trabalham nas esferas internacionais conjuntamente, a fim de pressionar os países ricos a liberarem recursos para os países em desenvolvimento para poderem desenvolver essa nova economia sustentável. Não é fácil.”
“São dois países que, ao meu ver, estão no mesmo território das relações internacionais, no campo das potências emergentes, que convergem em muitos temas, divergem também em outros, mas que buscam soluções para as relações internacionais, o sistema internacional, de uma maneira às vezes muito similar. Entendem que merecem espaço maior, entendem que as relações internacionais, da maneira como está a governança global, o sistema ONU [Organização das Nações Unidas], já está um pouco ultrapassada”, afirma o especialista.
Parceria tecnológica como forma de se contrapor às grandes potências
“O Brasil sempre teve uma tentativa de parceria tecnológica muito forte com a Índia. A Índia é um país que desenvolve a tecnologia de forma autônoma e de forma a contrapor-se às grandes potências”, afirma Nicolini. “A Índia sempre tentou fazer de forma autônoma e se contrapor às regras, por exemplo, de submissão a alguns marcos jurídicos.”
“Uma parceria entre ambos, sempre no campo do mercado de defesa, que já vem se consolidando. As indústrias brasileiras tentam entrar no mercado indiano. A Índia tem aumentado seus investimentos no Brasil nos últimos anos, principalmente por conta de sua indústria tecnológica, mas também por conta de outros serviços”, conclui o especialista.

Fonte: sputniknewsbrasil