Uma equipe de paleontólogos liderada por Matthew McCurry, do Instituto de Pesquisa do Museu Australiano, conseguiu determinar até a coloração de um peixe fossilizado chamado Ferruaspis brocksi. O fóssil estava tão bem preservado — graças às rochas ricas em ferro do leito fóssil — que os pesquisadores foram capazes de identificar o conteúdo estomacal do peixe.
O fóssil foi nomeado em homenagem ao paleontólogo Jochen Brocks, que descobriu vários espécimes em McGraths Flat. Brocks ficou surpreso ao encontrar o primeiro vertebrado entre os abundantes fósseis de plantas e insetos, abrindo novos caminhos para entender a história evolutiva das espécies de peixes de água doce e ecossistemas antigos da Austrália.
A fossilização é um processo que envolve muitas vezes pressão e calor. Por isso, nem sempre os esqueletos se mantêm no fóssil, quanto mais os tecidos moles. Os leitos de fósseis em que o nível de preservação é tão excepcional que os tecidos moles e os mais pequenos pormenores permanecem são conhecidos como depósitos sedimentares.
Barbatana adiposa (AM F.146606). A, fotografia de AM F.146606; B, desenho de linha mostrando a posição e as proporções da barbatana adiposa. Barra de escala igual a 10 mm.
Infecção por glochidium em F. brocksi (AM F.146607) Fotografias de microscopia de luz (A–C) e micrografias eletrônicas de varredura (D, E).
Osteologia craniana (AM F.155052). A, fotografia da região craniana de AM F.155052; B, desenho de linha mostrando a posição e a morfologia de cada um dos elementos visíveis do crânio. Barra de escala igual a 2,5 mm.
Região caudal (AM F.146606). A, fotografia da região caudal de AM F.146606; B, desenho de linha das características caudais. Abreviações: hu, hipurais; hpu, espinha hemal do centro pré-ural; ph, parhipurais; un, uroneural; u, centro ural; Barra de escala igual a 2 mm.
Cromatóforos e melanossomos em F. brocksi. Fotografias de microscopia de luz (A–F, AM F.155048) e micrografias eletrônicas de varredura (G–L, AM F.146748).
Barbatana adiposa (AM F.146606). A, fotografia de AM F.146606; B, desenho de linha mostrando a posição e as proporções da barbatana adiposa. Barra de escala igual a 10 mm.
Infecção por glochidium em F. brocksi (AM F.146607) Fotografias de microscopia de luz (A–C) e micrografias eletrônicas de varredura (D, E).
Osteologia craniana (AM F.155052). A, fotografia da região craniana de AM F.155052; B, desenho de linha mostrando a posição e a morfologia de cada um dos elementos visíveis do crânio. Barra de escala igual a 2,5 mm.
Região caudal (AM F.146606). A, fotografia da região caudal de AM F.146606; B, desenho de linha das características caudais. Abreviações: hu, hipurais; hpu, espinha hemal do centro pré-ural; ph, parhipurais; un, uroneural; u, centro ural; Barra de escala igual a 2 mm.
Cromatóforos e melanossomos em F. brocksi. Fotografias de microscopia de luz (A–F, AM F.155048) e micrografias eletrônicas de varredura (G–L, AM F.146748).
McGraths Flat é um depósito, uma formação de rocha rica em ferro chamada goethita, onde os fósseis se mantiveram ao longo de milhões de anos de forma tão excelente que estruturas menores que uma célula podem ser discernidas. Brocks encontrou vários peixes de uma espécie nunca vista antes, incluindo o smelt de água doce.
A descoberta do fóssil de um peixe de água doce de 15 milhões de anos oferece uma oportunidade sem precedentes de entender os ecossistemas antigos da Austrália e a evolução de suas espécies de peixes. O fóssil faz parte da família de peixes Osmeriformes, um grupo diverso de espécies na Austrália.
Os pesquisadores puderam inclusive observar o estilo de vida do pequeno peixe. F. brocksi era um caçador oportunista que se alimentava principalmente de invertebrados, incluindo asas de insetos e conchas de bivalves. O ingrediente mais abundante eram as larvas de mosquitos.
27 de fevereiro, 09:36
Um dos fósseis mostra um parasita preso à cauda do peixe, um mexilhão de água doce juvenil chamado glochidium. Usando um microscópio potente, os pesquisadores distinguiram melanossomas na pele do peixe, revelando que eram mais escuros nas costas e mais claros na barriga, com duas listras escuras ao longo do corpo.
Os fósseis de McGraths Flat incluem uma aranha alçapão “gigante” e inúmeros outros fósseis de plantas, insetos e até uma pena de pássaro ainda não formalmente descrita. Os fósseis formados entre 11 e 16 milhões de anos atrás fornecem uma janela para o passado, mostrando que a área já foi uma floresta tropical temperada e úmida.
Fonte: sputniknewsbrasil
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