“Se você não entende o papel da família na sociedade chinesa, você não vai entender a China. […] E isso acaba se projetando na estrutura mesmo de organização social do país, a percepção de ser uma nação-família.”
“Então a coletividade, o elemento da coletividade, passa a ser importante nesse processo de modernização da China. Ele é orientado desde essa perspectiva, e isso já estabelece uma diferença muito interessante, muito grande da modernização chinesa daquela modernização que vimos acontecer de maneira brilhante no Ocidente, mas que hoje vê as suas limitações e um processo de fragmentação total do tecido social no Ocidente”, afirma.
“No caso da China, fala-se de Pangu, que é um deus que foi criando a cada não sei quantos anos, o mundo foi crescendo 7 mil pés. Aí ele vai em um processo inteiro, até um ovo cósmico dar origem ao universo. Isso levou não sei quantos mil anos. Quando a gente olha para o Ocidente, o mito da criação do universo é o Big Bang, […] ou Deus, que criou em seis dias e no sétimo dia descansou. Quer dizer, é uma maneira muito rápida. […] Então até a explicação da origem do universo, ela tem formas diferentes”, afirma.
“Isso é o ideal do ser humano nobre, confucionismo puro. Então o presidente da república tem que se adequar a determinadas normas morais e éticas do país, da nação. Então, à luz da cultura chinesa, é extremamente impossível uma liderança chinesa assumir o país e ser verborrágico, pornográfico, como foi o [Jair] Bolsonaro ou o próprio [Donald] Trump é. Não é do estilo que a sociedade chinesa espera de um presidente. O Xi Jinping [presidente chinês] cansa de citar, nos escritos dele e nos discursos filósofos chineses, a sabedoria chinesa.”
Fonte: sputniknewsbrasil