Órfã devido a diagnósticos errados, ela criou startup que ajuda médicos na avaliação de pacientes


Para a goiana Ana Claudia Camargo, a separação de vida pessoal e profissional não passa de um mito. Foram, inclusive, as vivências familiares que levaram a empreendedora a decidir seus caminhos profissionais na vida adulta. Motivada pela história dos falecidos pais, vítimas de diagnósticos tardios e incorretos, ela fundou a edtech ITH, focada em ensino médico, com receitas de R$ 7,6 milhões em 2022.

Quem é a empreendedora

De origem simples, filha de pai mecânico e mãe dona de casa e comerciante, Ana Claudia formou-se em biomedicina após anos de percalços para concluir a graduação, a começar pelas longas caminhadas de 10 quilômetros para chegar à faculdade diariamente e a venda de bombons para pagar a mensalidade do curso. Depois de formada, concluiu mestrado e doutorado para seguir a carreira acadêmica em universidades de Goiânia, sua cidade natal, por quase uma década.

Aos 27 anos, Ana Claudia ficou órfã após a morte de seus pais, ambos vítimas de doenças. Sua mãe foi diagnosticada incorretamente, o que levou a anos de tratamentos ineficientes e uma progressão de uma doença, até então, tratável. “Meus pais já eram idosos, mas a desinformação e despreparo das equipes médicas nos levaram a anos correndo de hospital em hospital, sem sucesso”, conta. Já seu pai, vítima do maior acidente nuclear do país, morreu por contaminação pelo Césio-137.

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Como surgiu o negócio

Depois de anos fazendo como professora em cursos da área de saúde, ela decidiu abrir sua própria escola no setor. Desse esforço nasceu o Instituto Health, uma escola de cursos livres focada em formar profissionais que pudessem diagnosticar e tratar corretamente os pacientes.

A empresa surgiu em 2015, à época como uma instituição focada apenas em pós-graduação, com cursos técnicos e presenciais para profissionais da saúde como fisioterapeutas, enfermeiros e nutricionistas. Entre os cursos estavam o de aplicação de medicamentos e cálculos de posologia, por exemplo.

A demanda alta fez Ana Claudia dar um verdadeiro banho de loja no negócio, o que incluiu a mudança de nome, posicionamento de mercado e uma nova sede, que custou à empresa o montante de 3 milhões de reais. “O Instituto tinha um nome complicado, e não passava o que realmente precisava: a simplicidade”, diz. O Instituto Health virou ITH Pós-Graduação e, em 2021, recebeu autorização do Ministério da Educação (MEC) para atuar como faculdade.

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“Sempre vi a necessidade de capacitar profissionais da saúde, que careciam de mais preparo na parte comportamental e também técnica”, diz. Na sede da faculdade, Ana Claudia criou uma clínica avançada de estética e um laboratório de simulação realística para que os alunos possam treinar  de procedimentos simples a cirurgias.

O momento edtech

Para ajudar esses profissionais a também desenvolverem uma atuação mais “humana”, a ITH passou a oferecer cursos focados em habilidades comportamentais e gerenciais. Entre os cursos estão

  • inteligência emocional;
  • liderança
  • ferramentas de gestão;
  • empreendedorismo e inovação
  • marketing estratégico e comunicação
  • plano de negócios e abertura de novas empresas

Adicionais as novas verticais dependeu, em boa medida, de uma camada tecnológica. Em 2022, a ITH passou a adotar também a postura de edtech, oferecendo cursos à distância por meio de uma plataforma própria para educação continuada, ou seja, de cursos de extensão e que podem ser realizados a qualquer momento.  Por meio do site, a plataforma oferece cursos de extensão, cursos grátis, e-books, cursos técnicos, graduação, pós-graduação e MBA. “Temos hoje o primeiro “e-commerce de saúde” do país”, diz.

O novo momento como edtech foi acelerado com a pandemia. Com cursos online, a ITH passou a alcançar alunos até mesmo de outros países. “Para nós, isso foi excelente”.  Sete anos após a criação, a ITH já tem alunos em 6 diferentes países e tem como expectativa alcançar 10.000 alunos até o final de 2023. O faturamento  da edtech em 2022 foi de 7,6 milhões de reais, quase 20 vezes o resultado de 2015.

Apostas para o futuro

Para manter o ritmo de crescimento, a ideia de Ana Claudia é investir na criação de um marketplace de saúde. Nele, professores da área médica podem disponibilizar seus cursos, que passariam por uma curadoria apurada da própria ITH.

Os professores também vão receber orientações sobre construção de personas e precificação dos conteúdos. A ITH também fica a cargo da produção dos vídeos e de toda a parte tecnológica da postagem das aulas. “Sabemos os desafios dos docentes nos últimos anos. O que criamos é uma oportunidade de geração de renda dentro da nossa plataforma”, diz.

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