“Nenhuma operação de segurança pública que tenha como consequência a morte de policiais e a morte de centenas de pessoas, centenas de criminosos que estejam lá, pode ser considerada bem sucedida e bem planejada. Portanto, a fala do governador […] é completamente equivocada”, opinou ele.
“Tanto o valor da vida dos agentes policiais que trabalham a serviço do estado quanto o valor da vida da população pobre, residente em favelas e periferias e de maioria negra, que é a mais vitimada por esse tipo de política pública centrada em operações policiais de incursão em favelas”, disse a entrevistada, ao afirmar que a polícia fluminense matou mais de 20 mil pessoas nas últimas décadas.
“Houve aumento do poder das facções criminosas, ou seja, esse é um método absolutamente, comprovadamente, ineficiente no combate ao crime organizado. A própria polícia se refere tantas vezes a enxugar gelo, sim, porque prender e matar pessoas que estão ali ocupando postos absolutamente substituíveis dentro dessas organizações criminosas é algo que não surte efeito de desmantelamento nenhum das redes criminais”, frisou a pesquisadora.
“Não houve ainda investigação sobre boa parte desses corpos que foram abandonados pela polícia na mata, retirados pelos moradores. Não teve perícia de local, procedimentos não foram investigados, não foram tomados ainda, para que se possa fazer uma afirmação tão precipitada de que essas pessoas estavam de fato resistindo à ação policial”.
“Essa grande operação com essa megachacina, possivelmente, pode trazer retornos eleitorais para o governador, uma vez que boa parte da população que vive com medo da criminalidade acaba acreditando nessas soluções fáceis de que prender e matar possam oferecer alguma resposta para a criminalidade”, disse ela.
Integração entre os poderes é urgente
“Se não houver uma integração entre o governo municipal, estadual e federal, no que diz respeito ao combate à violência e à criminalidade, nós vamos perder essa disputa […] Segurança pública é ciência, não é ideologia”, disse Bandeira.
“Essa cooperação não se dá fornecendo tanques e armamento de guerra para que isso seja feito do mesmo modo ineficiente e irracional como vem sendo feito pelo governo do estado do Rio de Janeiro, e sim para que esse combate seja feito de forma inteligente, como tem feito a Polícia Federal nas suas últimas operações”, disse Grillo.
“A politização do tema da segurança pública é parte do debate, ela não vai ser superada dentro dessa polarização político-ideológica que nós vivemos no Brasil, ao contrário, essa polarização só servirá para agravar o problema da segurança pública”.
“Hoje, se você for aí, por exemplo, na atual Zona Sudoeste, você vai ter um ITBI [Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis], entre aspas, da milícia, que chega a 50% das transações imobiliárias que são realizadas, por exemplo, na Gardênia e em outros bairros da Zona Sudoeste”.
Fonte: sputniknewsbrasil







