ONU pede fim das barreiras a fertilizantes e produtos agrícolas russos


Legenda: O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em conferência com o ministro da Defesa da Turquia. Foto Yasin Akgul – 20/8/22/AFP

Antonio Guterres secretário-geral da ONU Foto Yasin Akgul – 20 8 22AFP

Os fertilizantes e produtos agrícolas russos devem poder acessar os mercados mundiais “sem impedimentos”, sob o risco de uma crise alimentar mundial já no próximo ano, disse neste sábado (20), em Istambul, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

“É importante que os governos e o setor privado cooperem para levá-los ao mercado”, disse ele ao visitar o CCC (Centro de Coordenação Conjunta) que supervisiona a aplicação do acordo de exportação de cereais ucranianos, assinado em julho por Kiev e Moscou sob a égide da ONU e da Turquia.

Este acordo também garante que a Rússia possa exportar seus produtos agrícolas e fertilizantes, apesar das sanções ocidentais.

“O que vemos aqui em Istambul e em Odessa [o transporte de grãos ucranianos] é apenas a parte mais visível da solução. A outra parte deste acordo abrangente é o acesso irrestrito aos mercados mundiais de produtos alimentícios e fertilizantes russos, que não estão sujeitos a sanções”, disse Guterres, ressaltando que, apesar disso, as exportações de fertilizantes e produtos agrícolas russos ainda enfrentam “obstáculos”.

‘Sem fertilizantes pode não haver comida’

“Sem fertilizantes em 2022, pode não haver comida suficiente em 2023. Obter mais alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia é fundamental para acalmar os mercados e reduzir os preços para os consumidores”, reforçou Guterres.

Ele viajou para a Ucrânia nesta semana, onde se encontrou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky,e turco, Recep Tayyip Erdogan, na quinta-feira em Lviv (oeste), antes de seguir para Odessa (sul), na sexta-feira.

Mais cedo, neste sábado, Guterres foi ver de perto o primeiro navio humanitário fretado pela ONU para transportar cereais ucranianos, na costa sul de Istambul, no Mar de Mármara.

O Brave Commander, cujo destino final é Djibuti, deixou o porto ucraniano de Pivdenny na terça-feira com 23 mil toneladas de trigo, antes de cruzar o Bósforo, na noite de quarta-feira.

O secretário-geral da ONU prometeu, na quinta-feira, que sua organização trabalharia para “intensificar” as exportações de grãos ucranianos antes do início do inverno, o que é crucial para o abastecimento de alimentos de muitos países do mundo.

Sob o acordo assinado em julho, 650 mil toneladas de grãos e produtos agrícolas ucranianos deixaram os portos ucranianos de Odessa, Chornomorsk e Pivdenny, desde 1º de agosto.

Os navios devem usar um corredor seguro para circular no Mar Negro e depois ser inspecionados pelo CCC antes de serem autorizados a atravessar o Estreito de Bósforo.

As exportações de grãos da Ucrânia, um dos principais produtores e exportadores do mundo, estão bloqueadas há vários meses devido à invasão russa, aumentando os temores de uma crise alimentar global.

Brasil continua importando fertilizantes russos

Nos primeiros cinco meses do ano, o Brasil recebeu 3,484 milhões de toneladas de fertilizantes russos (6% a mais na comparação com 2021) com desembolso de US$ 2,512 bilhões.

A Rússia é o principal fornecedor de fertilizantes ao Brasil, respondendo por 22% do total importado anualmente pelo país (RFI com AFP, 20/8/22))

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