Ainda segundo a OIM, o conflito causou uma crise de insegurança alimentar em níveis críticos, à medida que as gangues tomam terras agrícolas e bloqueiam rotas de transporte.
A agência informou no início de setembro que mais de 700 mil pessoas haviam sido deslocadas internamente em toda a nação caribenha, quase o dobro do número registrado seis meses antes.
Nas últimas semanas, as gangues têm intensificado os ataques a várias cidades além da capital, já em grande parte sob o controle de diversos grupos armados violentos, unidos em uma aliança comum conhecida como Viv Ansanm.
A Organização das Nações Unidas (ONU) autorizou uma força internacional para ajudar a polícia do Haiti a retomar o controle dos territórios, sem resultado. A liderança do Haiti solicitou que a força fosse convertida em uma missão formal de manutenção da paz para reforçar os recursos, mas a iniciativa não foi aprovada pelo Conselho de Segurança da organização.
As gangues, que anteriormente tinham como alvo a polícia nacional, grupos de autodefesa civis e a infraestrutura estatal, também começaram a atacar veículos estrangeiros.
Em junho, o primeiro-ministro haitiano em exercício, Garry Conille, deu as boas-vindas a um contingente de 400 quenianos que chegaram a Porto Príncipe para colaborar com a segurança pública, marcando o início da Missão Multinacional de Apoio à Segurança no Haiti (MSS, na sigla em inglês).
O Haiti está há anos mergulhado em uma crise sociopolítica, que se agravou em julho de 2021, com o assassinato do então presidente, Jovenel Moïse.
O país enfrenta um aumento sem precedentes das atividades de grupos criminosos dedicados à extorsão e ao sequestro por resgate, que controlam todas as áreas do país, além da ingerência estrangeira.
Em 29 de fevereiro, a violência provocada pelas facções criminosas foi intensificada na área central de Porto Príncipe, enquanto o então primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, visitava o Quênia em busca de um acordo para o envio de forças estrangeiras ao Haiti para combater o crime organizado.
As gangues afirmaram que o objetivo era impedir o retorno do primeiro-ministro ao país. Diante disso, assumiram o controle de diversas partes da cidade e invadiram a maior prisão do Haiti, libertando um número não confirmado de detentos.
O governo haitiano declarou estado de emergência na região da capital. Em 11 de março, Henry anunciou que renunciaria quando um conselho presidencial transitório fosse criado.
Fonte: sputniknewsbrasil