A experiência sustentável Lixo Zero, liderada pela professora de língua portuguesa, Fabiana Nogueira Mina, na escola básica Aldo Câmara da Silva, em São José, na Grande Florianópolis, rendeu frutos. A autora lançou na manhã desta terça-feira (1º) no hall do Parlamento a obra literária “Pedagogia da Autonomia e Escolas Lixo Zero”, em que apresenta a transformação social e ecológica que aconteceu no colégio Aldo Câmara da Silva e que teve o engajamento de todos, especialmente dos estudantes. Presente no lançamento, o presidente da Comissão de Turismo e Meio Ambiente, deputado Marquito (PSOL), reconheceu a importância da iniciativa.
A experiência
Com essa mobilização de toda comunidade escolar para a causa ecológica, a Aldo Câmara da Silva conquistou o título de 1ª primeira Escola Lixo Zero do Brasil, se transformando em referência nacional e internacional, informou Fabiana.
Ela conta, orgulhosa, que o modelo adotado em Santa Catarina foi exportado e aplicado em 150 escolas estaduais do Rio de Janeiro. “ Essa obra narra toda a experiência que empreendemos no colégio, sendo um passo a passo, um alicerce de como a educação transforma vidas”, disse a autora.
Com autoria de Rodrigo Sabatini e Vilja Colliander, a obra traz, em 250 páginas, depoimentos e experiências dos professores, aplicando a pedagogia do educador Paulo Freire ao conceito lixo zero na sociedade contemporânea, trazendo as urgências da educação e propondo práticas e hábitos com a adoção do lixo zero.
Seriam as adoções dos cinco “erres”, explica Fabiana. “ Repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar. É o despertar do olhar para a nossa casa maior, o Planeta”, disse, destacando que tudo passa pela mudança e o envolvimento dos alunos com a questão ambiental. “ Educação, cidadania e despertar ecológico”, avaliou o presidente do Instituto Lixo Zero Brasil, Rodrigo Sabatini, co-autor da obra.
O começo
Em 2019, Fabiana trabalhou em sala de aula com o tema consumo com os alunos do 9º ano para que eles escrevessem um artigo de opinião e realizassem uma ação prática na escola relacionada à temática. Para motivar os estudantes, ela convidou Rodrigo Sabatini, diretor do Instituto Lixo Zero, para fazer uma palestra. Na ocasião, ele desafiou a turma a começar as ações para receber o certificado. A turma se empolgou e envolveu toda a escola para que fossem retirados 130 kg de resíduos por semana do aterro sanitário.
Assim, o 9º ano fez palestras de conscientização com todas as turmas e profissionais da escola. Logo em seguida, as lixeiras das salas foram substituídas por uma caixa para colocar papel e um balde para colocar as aparas de lápis. No pátio da escola, foi instalado um residuário para separar os resíduos de acordo com o valor de reciclagem. Os alunos criaram nos fundos da instituição uma composteira para colocar os resíduos orgânicos e transformá-los em adubo para a horta.
Todos os resíduos secos são recolhidos por uma associação de coletores e usados como fonte de renda pelo grupo. Depois de realizar todas essas ações, a escola conseguiu aproveitar 94% dos resíduos que iriam para o aterro sanitário. Já em 2020, a escola criou um jardim de flores comestíveis. Cada criança recebe uma mudinha com o seu nome e fica responsável por cuidar do pé, tirando as ervas daninhas e regando em horários previamente organizados pelas professoras”. Os estudantes foram os protagonistas desta iniciativa. Foram eles que despertaram a onda lixo zero e levaram para suas casas, virando uma grande corrente”, disse.
Reconhecimento
A entrega da certificação de Escola Lixo Zero aconteceu no fim do ano letivo de 2019 e mesmo durante a pandemia a comunidade escolar continuou com as atividades necessárias para ser aprovada na auditoria anual e manter o título. Uma trajetória que ganha ainda mais destaque a cada ano, em especial no Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado todo o dia 5 de junho.
A certificação é emitida pelo Instituto Lixo Zero Brasil somente para instituições que alcancem a meta de 90% ou mais de resíduos encaminhados corretamente. Hoje apenas 7kg de rejeitos sanitários saem da escola por semana com destino ao aterro sanitário. Além da certificação, a escola conquistou o Prêmio Lixo Zero 2019 de Boas Práticas e compartilhou sua experiência em Portugal no encontro We Are Global.
“ ‘Pedagogia da Autonomia e Escolas Lixo Zero’ alia prática a teoria. A obra tem uma importância imensa por ser referência para as escolas que buscam as práticas do lixo zero”, finalizou Rodrigo Sabatini.
Os autores
A autora Fabiana Nogueira Caetano Mina é natural de Laguna, Sul catarinense. Ela é professora de Língua Portuguesa desde 2008, formada pela Universidade do Sul de Santa Catarina, especialista em Mídias da Educação pelo Instituto Federal de Educação, efetiva na rede estadual de ensino de Santa Catarina.
Mentora e coordenadora do projeto “Escola Lixo Zero”, na escola de Educação Básica Aldo Câmara da Silva, a primeira Escola Lixo Zero do Brasil. Atualmente, também é professora do curso Escolas Lixo Zero, pela Academia Lixo Zero Brasil e palestrante, difundindo o conceito Lixo Zero para escolas.
O co-autor, Rodrigo Sabatini é natural de Lages, na Serra. Ele é presidente do Instituto Lixo Zero Brasil – ILZB, membro do conselho da Zero Waste International Alliance – ZWIA, fundador e mentor do movimento Zero Waste Youth. Engenheiro formado pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Sabatini criou diversos programas de gestão de resíduos sólidos e reciclagem para empresas, instituições, condomínios e cidades. Presta consultoria e é palestrante, treinando profissionais para aplicar o modelo Lixo Zero por meio de cursos da Academia Lixo Zero.
O co-autor, Vilja Alma Maria Colliander, é natural de Askola, Finlândia. Ele é mestre em Sociologia pela Universidade de Helsinki, Finlândia e bacharel em História que inclui Estudos Latino-Americanos e da Língua Portuguesa.
Em 2022 fez um estágio para o Instituto Lixo Zero Brasil em São José/SC, com orçamento do programa EDUFI do Ministério de Educação da Finlândia, o que lhe permitiu colaborar para a escrita deste livro com os professores e alunos da escola de Educação Básica Aldo Câmara da Silva, Primeira Escola Lixo Zero do Brasil.
Agência AL
Fonte: alesc.sc.gov