Objeto raro desafia modelos astronômicos com pulsos misteriosos e polarizados


O objeto celeste CHIME J1634+44, recém-descoberto a milhares de anos-luz da Terra, intriga os astrônomos por seu comportamento incomum: ele pisca com brilho variável em períodos extremamente longos. Classificado como um transiente de longo período (LPT, na sigla em inglês), pertence a um grupo raríssimo com apenas uma dúzia de representantes conhecidos na Via Láctea — e ainda assim se destaca por sua singularidade.
Entre suas peculiaridades estão os altos níveis de polarização de sua luz, indicativo de um ambiente cósmico complexo. Notavelmente, o tempo entre seus pulsos de ondas de rádio está diminuindo, apontando para uma aceleração na rotação do objeto, comportamento raro para corpos celestes que tendem a desacelerar com o tempo.
O CHIME J1634+44 também apresenta dois períodos distintos de pulsação: um ciclo de 14 minutos e outro de 70 minutos, com uma relação matemática precisa entre eles. Isso sugere a existência de um sistema binário, no qual algum objeto orbita uma estrela de nêutrons. Fengqiu Adam Dong, um dos pesquisadores responsáveis pela descoberta, apelidou-o de “unicórnio” entre os LPTs, em função de sua singularidade.
Dois grupos de pesquisa, usando diferentes métodos de observação, detectaram independentemente as mesmas características do objeto, incluindo aceleração rotacional e padrões de polarização. A astrônoma Sanne Bloot lidera a segunda equipe, reforçando a confiabilidade das descobertas.
Galáxia NGC 4303 próxima à Via Láctea. NGC 4303 é uma galáxia espiral, com uma barra de estrelas e gás em seu centro, localizada a aproximadamente 55 milhões de anos-luz da Terra, na constelação Virgo. A imagem é uma combinação de observações realizadas em diferentes comprimentos de onda de luz para mapear populações estelares e gás. As observações do telescópio ALMA são representadas em tons marrom-alaranjados e destacam as nuvens de gás molecular frio que fornecem a matéria-prima a partir da qual as estrelas se formam. Os dados do espetrógrafo MUSE aparecem principalmente em dourado e azul. Os brilhantes dourados mapeiam nuvens quentes, principalmente de hidrogênio ionizado, oxigênio e gás sulfúrico, marcando a presença de estrelas recém-nascidas, enquanto as regiões azuis revelam a distribuição de estrelas ligeiramente mais velhas - Sputnik Brasil, 1920, 22.07.2025

Objetos como CHIME J1634+44 são provavelmente anãs brancas ou estrelas de nêutrons — remanescentes supercompactos de estrelas mortas. As estrelas de nêutrons, mais densas, podem exibir efeitos exóticos no espaço, sobretudo se estiverem em sistemas binários que permitam transferência de matéria.
As equipes, no entanto, divergem quanto à natureza exata do objeto. Dong defende que é uma estrela de nêutrons, possivelmente um pulsar. Já Bloot propõe que se trata de uma anã branca, apoiada por dados ultravioleta que indicam uma massa de 78% da solar e temperatura elevada, o que pode caracterizar um raro pulsar de anã branca.
Seja qual for sua verdadeira identidade, CHIME J1634+44 já desafia modelos astronômicos e pode revelar novos caminhos para entender a evolução desses corpos exóticos. Os pesquisadores pretendem seguir observando o fenômeno — especialmente por sua emissão de polarização circular, nunca antes vista em LPTs — na esperança de decifrar seus mistérios e identificar outros objetos semelhantes no cosmos.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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