O que você precisa saber antes de comprar um carro usado na internet


Comprar um carro usado pela internet virou uma alternativa prática e econômica, mas exige atenção total. Afinal, como navegar por anúncios em plataformas como o Mercado Livre e evitar golpes? Com modelos que vão do popular ao mais completo, este tipo de site permite encontrar uma grande variedade facilmente, com poucos cliques.

Porém, há sempre o risco de fazer maus negócios quando a pesquisa não é precisa. Para te ajudar a efetuar uma compra segura e inteligente, Autoesporte preparou um guia completo, respondendo às dúvidas mais comuns sobre o processo.

O uso dos filtros vai além da praticidade. Ele também serve como um termômetro para entender o comportamento do mercado. Por exemplo, ao pesquisar um Fiat Argo 2022 com até 30 mil quilômetros, você consegue visualizar qual é a média de preço do modelo e identificar se um anúncio está dentro ou fora da realidade. Ao acessar a seção de veículos, o comprador se depara com uma enorme variedade de modelos.

Em poucos cliques, é possível visualizar desde hatches compactos até SUVs premium, com informações de ano, quilometragem e preço. Anúncios com valores muito abaixo da média precisam ser vistos com cautela. Isto pode indicar urgência de venda, mas também pode esconder problemas mecânicos, pendências jurídicas ou mesmo uma tentativa de golpe.

É importante observar com atenção, ainda, o conteúdo do anúncio. Textos genéricos, como “estado de novo” ou “único dono”, não significam muito se não vierem acompanhados de fotos detalhadas e dados consistentes.

Verifique se as imagens são reais, se mostram o veículo em diferentes ângulos, incluindo o interior, painel, motor e porta-malas. A placa precisa estar visível, pois é a partir dela que se pode iniciar a verificação documental. Quando o vendedor não publica imagens do próprio carro ou utiliza fotos de bancos de imagem, desconfie.

Entre as fraudes mais comuns está a do anúncio clonado. Nessa prática, o golpista copia um anúncio legítimo, abaixa o preço e atrai interessados para uma negociação fora da plataforma, geralmente pelo WhatsApp ou por e-mail. Ao convencer a vítima de que o negócio é vantajoso, ele solicita um sinal via Pix ou transferência bancária e, após receber o dinheiro, simplesmente desaparece. As próprias plataformas de venda indicam que toda a comunicação e negociação deve acontecer dentro dos sites, justamente para que haja registro das conversas e maior controle sobre os vendedores.

Outro sinal clássico de fraude é a pressa para fechar o negócio. Se o vendedor diz que há muitos interessados, que precisa vender imediatamente ou que está viajando e não pode mostrar o carro, mantenha o pé atrás. Bons vendedores disponibilizam tempo para mostrar o veículo, responder às dúvidas e garantir que o comprador se sinta seguro. Desconfie também de valores muito abaixo da média ou de veículos com descrições que não batem com a realidade das fotos.

Depois de filtrar os anúncios mais confiáveis, chega a hora de ver o carro pessoalmente. Combine um encontro em um local público e movimentado. Uma boa sugestão é agendar em um posto de vistoria ou em frente a uma oficina conhecida por você. Levar um mecânico experiente pode ser uma boa ideia, pois, assim, ele poderá avaliar pontos que escapam dos olhos de quem não entende muito de mecânica automotiva, como ruídos ao ligar o motor, desgaste de peças, falhas na suspensão, freios e outras áreas críticas.

Durante a inspeção visual, fique atento a detalhes como desalinhamento entre as portas, diferenças de cor na pintura, parafusos com tinta recente e sinais de ferrugem em locais incomuns. Dentro do carro, observe o estado do volante, pedais e bancos.

Um carro com baixa quilometragem não deve apresentar desgaste exagerado nesses itens. Confira também o funcionamento dos vidros elétricos, ar-condicionado, luzes internas e outros sistemas eletrônicos. E, claro, nunca dispense o test-drive. Dirigir o veículo permite sentir a resposta do motor, o comportamento do câmbio e perceber se há ruídos estranhos durante o uso.

O laudo cautelar é um dos documentos mais importantes na hora de decidir se vale ou não fechar negócio. Emitido por empresas especializadas, esse laudo aponta com detalhes se o carro já passou por sinistros, enchentes, leilões, adulterações ou se possui bloqueios judiciais. Anúncios de lojas confiáveis muitas vezes já oferecem o laudo pronto, e o comprador pode acessá-lo por meio de um QR code ou link direto. Mesmo quando isso não acontece, é possível contratar o serviço por conta própria antes de concluir a compra.

Além do laudo, o histórico de revisões também é uma fonte de informação valiosa. Verifique se o manual do carro tem registros de revisões feitas em concessionárias ou oficinas. Um veículo com manutenção em dia é mais confiável e tende a dar menos dor de cabeça. Por fim, vale consultar se o carro possui algum recall pendente. Essa informação pode ser obtida no site da montadora com base no número do chassi ou da placa.

Desde 2021, o processo de transferência de veículos passou a ser totalmente digital. O antigo DUT em papel foi substituído pela ATPV-e, a Autorização para Transferência de Propriedade de Veículo eletrônica. O processo começa com o vendedor acessando o site do Detran e emitindo o documento digital, o qual deve ser assinado eletronicamente por ele e, depois, pelo comprador.

Ambos precisam ter cadastro no portal Gov.br. Em seguida, o comprador tem até 30 dias para concluir a transferência no sistema do Detran, realizar a vistoria veicular obrigatória e emitir o novo documento, chamado CRLV-e. Este ficará disponível no aplicativo da Carteira Digital de Trânsito.

O pagamento pode ser feito com segurança dentro da plataforma por meio do Mercado Pago, sistema oficial do Mercado Livre, que oferece uma funcionalidade chamada compra protegida. Nela, o valor fica retido até que o comprador confirme a entrega e o bom estado do produto. Isso evita fraudes e dá ao comprador mais tranquilidade na negociação. Nunca aceite pagar adiantado fora do sistema ou em contas de terceiros.

O mercado de seminovos sofreu mudanças importantes nos últimos anos. A pandemia e a redução na oferta de carros novos elevaram os preços dos usados, criando uma diferença menor entre veículos com pouco uso e os zero-quilômetro. Atualmente, é comum encontrar modelos 2021 e 2022 custando 90% ou até 100% do valor da tabela Fipe, especialmente se tiverem baixa quilometragem e bom estado de conservação. Já carros mais antigos, como modelos 2016 ou 2017, ainda podem ser boas opções para quem busca preço mais baixo, desde que estejam com manutenção em dia.

Ao considerar o valor de um veículo, leve em conta também o custo de manutenção, consumo de combustível e preço de peças. Às vezes, um carro mais barato na compra pode sair mais caro a longo prazo. Por isso, vale a pena comparar não só o preço de mercado, mas também o custo de propriedade. Pesquise modelos semelhantes, leia avaliações e veja quanto cada versão consome e quanto custa para manter cada uma.

Antes de concluir a compra, confira se o anúncio apresenta fotos reais, placa visível e informações detalhadas. Desconfie de preços muito baixos e converse apenas pelo chat da plataforma. Agende uma visita, faça test-drive e leve um mecânico de confiança. Exija laudo cautelar e verifique a situação documental. Pague apenas via sistemas seguros, como o Mercado Pago, e exija a transferência digital do veículo via ATPV-e.

Comprar um carro usado pela internet pode ser uma experiência positiva, prática e até mais econômica. Mas para que isso aconteça, é essencial seguir um processo criterioso, baseado em informação e segurança. Quando cada etapa é feita com calma e atenção, a chance de cair em golpes ou fazer um mau negócio diminui drasticamente. Seu próximo carro pode estar a poucos cliques de distância, mas a chave da compra segura está em fazer a jornada com cautela e responsabilidade.

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Fonte: direitonews

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