O que faz vender mais carros: queda na taxa de juros ou menos impostos?


No início de junho de 2023, o governo federal criou um programa de incentivos fiscais para compra de carros de até R$ 120 mil. A iniciativa foi um sucesso. Alavancou vendas e o dinheiro destinado ao programa acabou em apenas um mês, muito antes do tempo previsto, que era de quatro meses.

Os recursos públicos utilizados para o programa que reduziu o IPI, por meio da reoneração do diesel, somaram R$ 800 milhões para automóveis e comerciais leves.

+ Quer receber as principais notícias do setor automotivo pelo seu WhatsApp? Clique aqui e participe do Canal da Autoesporte.

A medida foi euforicamente celebrada pelos dirigentes da indústria, que se queixavam da queda de vendas e do excesso de capacidade nas fábricas.

Apenas no último dia do mês de vigência do programa, que ofereceu descontos entre R$ 8 mil e R$ 10 mil, foram emplacados 27 mil veículos — um recorde histórico. Como as concessionárias tinham altos estoques, a vantagem dos descontos teve efeito nas vendas do mês seguinte.

Ninguém sabia o que ia acontecer depois. Mas tanto o governo como dirigentes das montadoras apostavam que o fim do programa de incentivos coincidiria com o início de um período de queda nas taxas de juros, o que ajudaria a compensar a elevação nos preços provocada pela interrupção do benefício. E foi o que, de fato, acabou acontecendo.

Mesmo quem acreditou nessa tendência temia, por outro lado, que as vendas de carros no fim da primeira metade e início do segundo semestre de 2024 pudessem ser menores em relação a um ano atrás, simplesmente porque a base de comparação era um período de incentivos fiscais e de abatimentos nos preços.

Mas o crescimento de vendas neste ano tem sido contínuo. Julho foi o melhor mês do ano, com 242 mil veículos emplacados, um aumento de 13,1% em relação a um ano atrás. Os volumes acumulados ao longo do ano têm sido tão bons que, em junho, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) decidiu elevar a projeção de vendas para 2024 de 6,1% para 10,9%.

O que move o mercado hoje é a queda dos juros e maior oferta de crédito. A média da taxa de juros para financiamento de carros novos, que por muito tempo ficou em torno de 30% ao ano, oscila agora em torno dos 24%.

Dados da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) mostram que, no primeiro semestre, o volume de recursos liberados para financiamentos de veículos aumentou 33,2% na comparação com o mesmo período do ano anterior, num total de R$ 127,3 bilhões. O saldo total das carteiras apresentou um aumento de 15,7%, com R$ 449,9 bilhões.

Além disso, a inadimplência também caiu. O percentual de contratos de Crédito Direto do Consumidor (CDC) com atrasos acima de 90 dias passou de 5,5% para 4,5%. Outra mudança de tendência mostra que metade das vendas é feita por meio de financiamentos. Há um ano, a maioria dos negócios era feita à vista.

Aliadas ao aumento de vendas, as notícias de que mais consumidores que adquiriram um carro têm conseguido honrar seus compromissos e que metade das vendas de modelos novos volta a ser financiada indicam que, no mercado de veículos, a maior oferta de crédito é de longe mais eficiente do que qualquer subsídio.

Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.

Fonte: direitonews

Anteriores Carros europeus usam a tradição para frear a invasão das marcas chinesas
Próxima TRF-1 mantém revogação de prisão preventiva em caso de comércio ilegal de minérios