A Noruega testemunhou o início de um julgamento altamente incomum, no qual 220 proprietários de terras estão processando o Estado por causa dos níveis de ruído excessivamente altos da base aérea de Orland, onde toda a frota de caças F-35 do país nórdico vai ser localizada.
O processo afirma que a poluição sonora piorou significativamente desde a mudança dos F-16 mais antigos e menos potentes para os F-35, que foram bem-vindos como a nova espinha dorsal das Forças Armadas norueguesas.
Os proprietários citam tanto o desconforto quanto a perda financeira como motivos para a ação. Eles argumentaram que suas propriedades foram prejudicadas e que o valor de suas terras diminuiu desde a chegada dos novos caças. Entre outras coisas, eles invocam a Lei da Vizinhança, que proíbe causar inconveniências irracionais ou desnecessárias à propriedade vizinha.
De acordo com o advogado Arild Paulsen, do escritório de advocacia Simonsen Vogt Wiig, o pedido de indenização médio é de aproximadamente NOK 800.000 (cerca de R$ 378.000).
O Estado norueguês rejeitou categoricamente as alegações de deterioração dos demandantes, com a Agência Norueguesa de Propriedades de Defesa argumentando que, de acordo com sua pesquisa de mercado, as propriedades ao redor da base na verdade aumentaram de valor.
“Orland tem sido uma base militar desde os anos 1950, isto é, nos últimos 70 anos. Vemos isso como uma continuação do negócio que vem acontecendo todos esses anos”, disse a agência à mídia norueguesa.
Os moradores locais descontentes com o “rumpus” — maneira informal em inglês de se referir ao barulho — reclamam, no entanto, de uma infinidade de problemas que vão desde “vibração no peito” quando os caças sobrevoam, até ter que “tapar os ouvidos” enquanto estiverem do lado de fora de suas casas.
Os proprietários de terras afetados citaram o caso do aeroporto de Gardermoen, em Oslo, como um precedente: em que os moradores acabaram recebendo uma compensação, inclusive pela inconveniência causada pelo barulho.
Os demandantes também apontaram que nunca quase toda a atividade da Força Aérea havia sido reunida em um único lugar. Durante as décadas em que o F-16 foi o principal tipo de caça, os voos foram dispersos entre várias bases pelo país, incluindo Bodo no Norte.
A Noruega comprou um total de 52 novos caças F-35, tornando-os a maior aquisição militar da história do país. Eles não vão estar totalmente operacionais até 2025, quando os habitantes de Orland devem experimentar o problema em sua total capacidade.
O F-35, apontado como o principal caça a jato do século XXI para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), enfrentou problemas de ruído em outros países, já que as fuselagens mais pesadas e poderosas criam níveis de ruído que excedem os próprios dados militares e os de seus predecessores, normalmente o F-16. Ao longo dos anos, o projeto de trilhões de dólares enfrentou uma série de problemas, desde custos crescentes até atrasos e problemas técnicos.
Fonte: sputniknewsbrasil