“É um termo ainda em construção. […] O afrofuturismo é esse movimento que vai permear a estética, a política, as artes e a filosofia, conectando uma ancestralidade negra que vem antes da escravidão, mostrando essa potência”, diz o escritor.
“A ficção científica é o maior gênero utilizado pelo afrofuturismo, mas quando nós temos uma obra de suspense e horror escrita por uma pessoa negra, onde os protagonistas são negros, a disputa do imaginário subverte a ordem ocidental de contar essa história e as referências culturais são negras, nós também podemos, nesse grande guarda-chuva, colocá-la no afrofuturismo.”
“Nós somos isolados linguisticamente. Nós estamos em um continente onde só a gente fala português. Os grandes mercados livreiros do mundo falam inglês. Então nós temos uma barreira a romper, a tradução no Brasil é super cara”, explica Neto.
“É o futuro do amanhã mesmo. Então corpos potentes hoje para que eles não morram amanhã na mão da polícia. Corpos potentes hoje para que a gente possa estudar e fazer mestrados, doutorados e possamos ser chefes ou chefas, vamos dizer assim, de grandes pesquisas e inovações tecnológicas. Para que a gente enfim saia desse círculo vicioso.”
Resgatando o passado para criar o futuro
“Não tem essa ruptura drástica e abrupta com o passado, porque para o afrofuturismo o passado importa, e é com o passado que a gente vai evitar que o futuro seja trágico para todas as pessoas e principalmente para as comunidades negras, como foi durante a colonização.”
“Tipo, pretos para o futuro. Ele criou o termo afrofuturismo para esse imaginário, que, segundo ele, já estava presente em inúmeras obras. Desde [Jean-Michel] Basquiat até Jimi Hendrix.”
“A galera começou a discutir mais o que seria esse afrofuturismo. […] E uma coisa muito importante do afrofuturismo é que ele é um movimento para reivindicar o espaço de pessoas negras dentro da produção de ficção científica e da discussão sobre futuro.”
“É basicamente uma história de viagem no tempo, que volta para a história da escravidão, só que tem uma personagem negra; você começa a ver a perspectiva do que é ser uma pessoa negra dentro daquela discussão de ficção. E a partir dali começa a ter vários outros autores que vão seguindo o caminho da Octavia Butler para criar essa fusão em discutir as questões e a cultura negra dentro dessa estética que parece ficção científica”, explica o escritor.
Fonte: sputniknewsbrasil