O mundo precisa acabar com o ‘Plano Marshall às avessas’, diz Lula na 2ª plenária do BRICS


Segundo ele, diferentemente do Plano Marshall — programa de ajuda econômica dos EUA para a reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial —, entidades como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial ajudam os países mais abastados, em detrimento dos mais pobres.

“Não podemos continuar com as organizações multilaterais funcionando no mesmo molde que começaram”, criticou o chefe do Executivo brasileiro. “É preciso ter inovação nas instituições criadas depois da Segunda Guerra Mundial para que a gente possa fortalecer a democracia e o multilateralismo.”

Lula destacou que, na Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) de Sevilha, na Espanha, sobre Financiamento para o Desenvolvimento, encerrada na semana passada, “ficou evidente” que a Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável não recebeu recursos suficientes para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir prosperidade para todos.

As estruturas do Banco Mundial e do FMI sustentam um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes e em desenvolvimento financiam o mundo mais desenvolvido. Os fluxos de ajuda internacional caíram, e o custo da dívida dos países mais pobres aumentou. O modelo neoliberal aprofunda as desigualdades. Três mil bilionários ganharam US$ 6,5 trilhões [R$ 35,2 trilhões] desde 2015. Justiça tributária e combate à evasão fiscal são fundamentais para consolidar estratégias de crescimento inclusivas e sustentáveis”, defendeu Lula.

Lula celebrou o apoio à negociação de uma “Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Cooperação Tributária Internacional” na declaração do BRICS, que pode ajudar a dar fôlego para que mais países apoiem o realinhamento de quotas inclusivo, com fórmula de cálculo simples, equilibrada e transparente na 17ª Revisão Geral de Quotas do FMI.

“Mesmo nos termos atuais, as distorções são inegáveis. Para fazer jus ao nosso peso econômico, o poder de voto dos membros do BRICS no FMI deveria corresponder, pelo menos, a 25%, e não aos 18% que detemos atualmente”, argumentou Lula.

O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) passa uma mensagem de mudança, arrematou o presidente. “Onde os arranjos desenhados no pós-Guerra insistem em falhar, o Novo Banco de Desenvolvimento dá uma lição de governança. O ingresso da Argélia e o processo de adesão da Colômbia, do Uzbequistão, do Peru e de todos os demais que a companheira Dilma Rousseff anunciou atestam a capacidade do banco de oferecer financiamento para uma transição justa e soberana.”
A reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) é outro eixo de ação imprescindível e urgente, assinalou o mandatário do Brasil.

“Sua paralisia e o recrudescimento do protecionismo criam uma situação de assimetria insustentável para os países em desenvolvimento. Não será possível restabelecer a confiança na OMC sem promover um equilíbrio justo de obrigações e direitos que reflita adequadamente os interesses de todos os seus membros.”

Por fim, Lula defendeu, na área da tecnologia e informação, um estudo de viabilidade para o estabelecimento de cabos submarinos ligando diretamente membros do BRICS. Isso aumentará a velocidade, a segurança e a soberania na troca de dados, ponderou.
“Ao adotar a Declaração sobre Governança da Inteligência Artificial, o BRICS envia uma mensagem clara e inequívoca. As novas tecnologias devem atuar dentro de um modelo de governança justo, inclusivo e equitativo”, concluiu.
Mais cedo, em declaração conjunta, os chefes de Estado reafirmaram seu compromisso com a reforma da governança global, defenderam o multilateralismo e anunciaram a entrada da Indonésia como novo membro do bloco. Outros 11 países também foram reconhecidos como parceiros do BRICS, sinalizando a ampliação da influência do grupo em regiões estratégicas do Sul Global.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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