O jornal O Globo completa 100 anos nesta terça-feira (29) e vários momentos históricos do país fizeram parte deste século de história, como o primeiro teste de carro do Brasil publicado em um meio de comunicação, no dia 5 de dezembro de 1959, com a clássica Rural Willys. E Autoesporte mergulha no tempo para relembrar como era a indústria de carros nacional em 1925.
O primeiro carro desembarcou no Brasil no ano de 1898: um Peugeot. Mas foi somente em 1903 que o Conde Francisco Matarazzo emplacou o primeiro automóvel do país, também da marca francesa. Curiosamente, sua placa era P-1, uma abreviação de “particular número 1”.
Em 1904, a Ford chega ao Brasil quando o famoso Modelo T sequer havia sido lançado. Foi o Modelo A, primeiro carro produzido por Henry Ford, que iniciou a história da montadora por aqui. Na época, o representante responsável pela importação de veículos era William T. Right e a sua loja ficava no bairro do Bom Retiro (SP).
Os anos foram passando e São Paulo virou o centro automobilístico do país, tendo uma frota de 2,6 mil automóveis no estado em 1917. Por conta disso, empresas foram se interessando em se estabelecer na região. E, no dia 24 de abril de 1919, a sede da Ford Motor Company, em Michigan (EUA), aprovou a criação de uma filial brasileira da empresa com sede na capital paulista.
Já em 1919, a empresa decide abrir o seu primeiro galpão no Bom Retiro. E é ai que começa a história da primeira linha de montagem em série do Brasil com o Modelo T. O carro começou a ser feito com as peças importadas dos Estados Unidos no regime CKD, sigla para “Completely Knocked Down“, que é quando o veículo vem desmontado e é montado no país. E a produção começou intensa: foram cerca de 4.000 unidades feitas até o final de 1919.
Logo a capacidade de produção passou a ser de 4.700 automóveis e 360 tratores por ano a partir de 1920. Em apenas cinco anos, em 1925, mesmo ano de fundação do O Globo, o número saltou para 24.250 veículos. Por isso, as ruas brasileiras eram dominadas por carros da Ford naquela época.
E, em janeiro daquele mesmo ano, chegou a vez da General Motors se instalar no bairro do Ipiranga, também na capital paulista — a empresa importava carros desde 1915.
Inicialmente, a GM montava veículos no seu galpão com as peças e componentes importados da matriz, nos Estados Unidos, assim como a Ford. A empresa era focada no transporte de pessoas e de carga, tanto que o produto que inaugura essa história no país é um furgão de 25 cv para até 500 kg.
Modelos como Tourismo, Sedan, Voiturette e Coupé 2 saíam da linha de montagem em 1925. Todos já com partida elétrica e opção de para-brisa basculante. Carros de outras marcas do grupo, como Buick, Cadillac e a finada Olsdmobile, também eram montados no Ipiranga.
Com a Ford e a GM se consolidando no Brasil naquele primeiro quarto de século 20, entre 1º e 16 de agosto de 1925 aconteceu a 1ª Exposição de Automobilismo e Rodoviária do Brasil, no Rio de Janeiro. O evento, organizado pelo Automóvel Clube do Brasil, foi o embrião do Salão do Automóvel — que retorna este ano após a última edição ser em 2018.
Além de Ford e General Motors, marcas como Chrysler, Lancia e outras pouco lembradas, como Gray, Packard e Hudson-Essex, estavam no evento.
Na edição, havia uma área externa com tratores e caminhões e a Ford até fez uma linha de produção especialmente para o evento e montou dezenas de Modelo T. O jornal O Globo fez a cobertura deste evento histórico, e você pode conferir as memórias neste link do site.
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Fonte: direitonews