“O futuro é eclético, e não apenas elétrico”, diz presidente da Anfavea


Com os problemas de infraestrutura para uma eletrificação eficiente por ser um país de dimensões continentais, além de preços ainda muito altos dos carros elétricos, o Brasil aposta suas fichas em outro caminho para encontrar um ponto de equilíbrio na questão da sustentabilidade: os biocombustíveis.

Durante o seminário “Conduzindo o Futuro da Eletrificação no Brasil”, em Brasília, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, declarou em seu discurso de abertura que “o futuro é eclético, e não apenas elétrico”.

Como o Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo e um dos líderes em produção de etanol — considerado extremamente limpo pelo seu ciclo de manufatura —, o biocombustível traz um efeito imediato na redução de gases tóxicos na atmosfera, registrando índices de emissões cerca de 60% menores que os da gasolina, por exemplo.

“A mobilidade elétrica será uma das principais frentes para descarbonizar o país. Mas vamos eletrificar sem esquecer os biocombustíveis, que são significativos na descarbonização. Vamos investir em tecnologias para biocombustíveis diminuírem a pegada de carbono”, disse Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia.

Uma das empresas que aposta nessa solução é a Stellantis, grupo formado por marcas como Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën, Ram, entre outras. Segundo estudo divulgado pelo conglomerado automotivo, carros movidos a etanol são menos nocivos ao ambiente do que modelos elétricos que usam fontes de energia disponíveis na Europa.

A pesquisa mostrou que veículo a combustão abastecido com etanol registrou um índice de emissões de 107,2 g/km; já o carro elétrico que usa energia europeia (que muitas vezes usa fontes não renováveis) emite pouco mais de 126 gramas de CO2 a cada quilômetro rodado.

Dessa forma, uma das boas soluções para o mercado brasileiro seria o investimento em carros híbridos flex, capazes de combinar as duas tecnologias para alcançar um nível de eficiência ainda mais promissor.

“O Brasil tem a matriz energética mais limpa entre os países desenvolvidos, e os biocombustíveis são o caminho. A tecnologia híbrida flex, neste momento, é a mais eficiente, por juntar a eletrificação e um combustível sustentável”, completou Silveira.

A Toyota foi pioneira ao usar um motor híbrido flex em 2019, apresentado no Corolla nacional, e tem ainda no catálogo o SUV Corolla Cross com a mesma tecnologia. Além disso, a fabricante japonesa já anunciou investimento de R$ 1,7 bilhão para produzir mais um modelo inédito nesse segmento em Sorocaba (SP), que deve chegar às lojas no fim de 2024.

Mas outras marcas também pretendem entrar na briga. A chinesa GWM, que iniciou suas operações no Brasil neste ano e comprou a antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP), anunciou que fará no local a primeira picape híbrida flex do país e um SUV para brigar com o Corolla Cross. Já a Stellantis promete lançar seu carro com a tecnologia ainda em 2023.

A Volkswagen também está investindo na criação de um híbrido flex. Uma área específica da empresa trabalha na descarbonização, não apenas dos veículos como de todo o processo produtivo, da cadeia de fornecedores ao descarte.

O gerente de engenharia da fabricante, Roger Guilherme lidera o chamado Way to Zero Center, que atualmente reúne 11 pessoas. “Não acho que deva existir uma tecnologia dominante, e sim algumas alternativas. E o cliente deve escolher a mais adequada”, conta.

O grupo pensa em soluções para chegar ao objetivo de transformar a fabricante em uma empresa totalmente neutra em emissões até 2050. E o carro híbrido flex pode ajudar nessa jornada.

Mas esse caminho não é unânime. A Chevrolet já disse em mais de uma ocasião que não acredita nos híbridos como uma solução e vai partir diretamente para os elétricos. O objetivo da empresa é produzir modelos movidos exclusivamente a bateria no Brasil até 2030.

A GM anunciou investimento de US$ 35 bilhões até 2025, quando terão sido lançados dez novos elétricos do grupo. A empresa anunciou também sua intenção de ser neutra em carbono até 2040. No Brasil o investimento de dez bilhões de reais, anunciado em 2019, está “no fim do ciclo”, segundo o executivo. “Outro deverá ser anunciado”, afirma Chamorro.

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Fonte: direitonews

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