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A gravação da caixa preta do voo AI-171 da Air India indica que o capitão Sumeet Sabharwal pode ter interrompido o fornecimento de combustível para ambos os motores do avião segundos após a decolagem. Essa avaliação preliminar, feita por autoridades americanas, foi citada nesta quarta-feira (16) pelo Wall Street Journal.
De acordo com o jornal, o primeiro oficial Clive Kunder perguntou ao capitão por que ele moveu os interruptores para a posição de “cutoff” (corte), ao que Sabharwal respondeu: “Eu não o fiz”. A troca de palavras ocorreu com o avião já no ar. Pessoas familiarizadas com o conteúdo da gravação relataram que Kunder demonstrou surpresa e, em seguida, pânico, enquanto Sabharwal permaneceu sereno. Até o momento, as autoridades indianas não responderam oficialmente ao conteúdo do relatório do veículo americano.
Relatório Preliminar e Detalhes do Acidente
Um relatório preliminar da Agência Indiana de Investigação de Acidentes Aéreos (AAIB), publicado em 12 de julho, aponta que o fluxo de combustível para ambos os motores foi interrompido poucos segundos após a decolagem. Isso causou uma perda repentina de potência e a queda do avião sobre edifícios próximos ao Aeroporto Internacional Sardar Vallabhbhai Patel, em Ahmedabad.
Segundo o relatório, os interruptores de controle de combustível passaram da posição “RUN” (ligado) para “CUT OFF” com apenas um segundo de diferença. Posteriormente, foram retornados para “RUN”; no entanto, embora o motor esquerdo tenha mostrado sinais de recuperação, o motor direito não voltou a ligar.
Câmeras de segurança do aeroporto registraram o acionamento da Ram Air Turbine (RAT), um dispositivo que se ativa em caso de perda total de energia e empuxo. O relatório também descartou a presença de aves na trajetória do voo e indicou que a aeronave começou a perder altitude antes de cruzar o muro perimetral do aeroporto. Além disso, a configuração dos flaps e do trem de pouso era normal no momento do impacto.
O voo, um Boeing 787-8 Dreamliner com destino a Londres, caiu em 12 de junho pouco depois de decolar de Ahmedabad, capital econômica do estado indiano de Gujarat. Morreram 260 pessoas, incluindo 241 ocupantes da aeronave e 19 pessoas em terra. Apenas uma pessoa a bordo sobreviveu.
Causas Abertas e Recomendações de Segurança
Até o momento, a origem exata da desconexão dos interruptores não foi determinada. O relatório não estabelece se foi uma ação acidental ou deliberada, e não descarta possíveis falhas de design, erros de manutenção ou condições médicas e psicológicas dos tripulantes.
Paralelamente, a Direção Geral de Aviação Civil da Índia (DGCA) ordenou inspeções em todos os interruptores de controle de combustível (FCS) da frota nacional de Boeing 787. Em uma nota interna, a Air India informou que seus engenheiros “não detectaram anomalias” nos dispositivos. Outros países, como Singapura, também realizaram inspeções similares com resultados negativos.
O caso reacendeu advertências de segurança emitidas em 2018 pela Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos sobre a possível desativação do sistema de bloqueio dos interruptores de combustível em alguns modelos de Boeing, incluindo o 787. A Air India comunicou aos investigadores que não aplicou essas recomendações por se tratarem de medidas “recomendadas, mas não obrigatórias”.
Em uma carta enviada na segunda-feira (14) aos seus funcionários, o diretor executivo da companhia, Campbell Wilson, pediu para “não tirar conclusões prematuras” e afirmou que a investigação “está longe de terminar”. Um porta-voz da aerolínea acrescentou que a Air India “continua cooperando plenamente” com as autoridades.
Segundo o Wall Street Journal, funcionários americanos consideram que os detalhes revelados podem justificar uma revisão penal do caso, como ocorreria se o acidente tivesse acontecido em território americano. Nesses cenários, é comum que o FBI ou outros organismos intervenham se houver suspeita de uma ação intencional.
Fonte: gazetabrasil