Novo Ford Territory é mais barato que o Compass e tem porte de Commander; leia o teste


Se um carro sabe o que é não ter uma vida fácil, este é o Ford Territory. O SUV foi lançado no Brasil em 2020, no auge da pandemia de Covid-19 — e de lá para cá, penou para emplacar apenas 5.401 unidades. Além de enfrentar a resistência do mercado aos carros chineses, a Ford também teve de lidar com o fim de sua produção nacional em 2021.

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Nem chega a ser uma surpresa que o Ford Territory 2024 tenha melhorado em sua nova geração. Do SUV antigo, restou apenas o nome (mas por pouco não se chamou Equator Sport), a base do motor 1.5 turbo e o sistema de freios a disco.

Ainda importado da China, onde é produzido em uma joint-venture com a Jiangling, o SUV médio retorna com preço bem competitivo: R$ 209.990. A Ford espera que a nova geração possa preencher uma lacuna que existe atualmente no mercado.

Essa “lacuna” não está na linha da Ford, e sim na Jeep. O Territory chega com a missão de preencher o espaço entre o Compass e o Commander, mas com preço inferior.

Resumindo, a Ford acredita que o Territory será uma alternativa mais em conta ao motorista que tem dinheiro para comprar um Commander, mas não precisa dos assentos extras. O Jeep é produzido apenas com sete lugares, enquanto o Territory chinês leva cinco ocupantes.

A estratégia se mostra ainda mais agressiva ao compararmos os preços dos SUVs. O Compass Série S custa R$ 237.190. Já o Commander parte de R$ 229.990 na versão Longitude, chega a R$ 249.190 no pacote Limited e vai a R$ 276.290 na configuração topo de linha Overland.

Ou seja, o Territory custa menos que o Compass topo de linha, mas fica posicionado acima, pelo menos no espaço interno.

Nunca gostei do visual do antigo Territory. Além de não ter nada a ver com a identidade visual da Ford, seu design era um tanto quanto genérico. Agora, com maior participação do time de engenharia do Brasil no projeto, o utilitário enfim adota as linhas globais da marca americana pelo lado de fora.

Finalmente o Territory aderiu ao “bocão” que tem sido a principal característica visual dos carros da Ford. Os faróis de LED ficam mais finos e elegantes, enquanto a grade frontal recebe um acabamento de excelente gosto que lembra escamas.

A nova identidade visual, a mesma de carros produzidos nos Estados Unidos, como o Escape e o Edge, proporcionou um imenso upgrade. De lado, o SUV se mostra bem robusto, com linhas demarcadas e a linha de cintura alta. As novas rodas de 19 polegadas e cinco raios têm acabamento levemente escurecido na parte interna.

A traseira também melhorou. Ali, há novas lanternas (sem o aplique cromado ao centro), um spoiler pintado de preto e o nome do veículo centralizado. A abertura elétrica da tampa do porta-malas continua generosa, facilitando o acesso e a retirada de itens mais pesados.

O novo Territory cresceu e chegou a 4,63 m de comprimento, 1,71 m de altura, 1,93 m de largura (considerando os retrovisores) e 2,72 m de distância entre-eixos. O porta-malas está 100 litros mais generoso e chega a 448 litros.

Em comparação com o Commander, o entre-eixos do Territory é 7 cm menor. O Ford, porém, tem melhor aproveitamento do habitáculo por não ter a terceira fileira de assentos. Mesmo passageiros mais altos (como este que vos escreve, com 1,84 m) têm muito espaço para os joelhos, quadris e ombros no banco traseiro.

O túnel central é praticamente plano e facilita a vida de quem senta ao meio. O Territory ainda traz apoio de braço central com porta-copos, saídas de ar-condicionado e uma entrada USB para carregar o celular. Vale mencionar também que os passageiros do banco traseiro têm a melhor vista por conta do teto-solar panorâmico.

O painel é o único componente em que o Territory foge da linguagem visual da marca. Não há nada parecido em qualquer outro carro da Ford vendido no Brasil. Aqui, as origens da Jiangling ficam mais evidentes, com o design que lembra carros como GWM Haval H6 e Caoa Chery Tiggo 8.

Isso fica claro pelo formato do console, largo e elevado, com dois andares, e a composição do painel marcada por linhas horizontais. As telas interligadas lembram o Tiggo 8 Pro, enquanto o formato das saídas de ar-condicionado remetem ao GWM. Não há nada de Ford — nem uma central multimídia com sistema Sync.

O interior do Territory 2024 é bem montado, melhorando outro fator que a antiga geração deixava a desejar. A entrada USB fica escondida no andar inferior do console, sendo bem difícil de acessar e exigindo certo contorcionismo. Há botões físicos para controlar o ar-condicionado, ligar as câmeras 360° e acessar os modos de condução.

Ao apertar o botão para mudar a temperatura ou a intensidade da ventilação, a central multimídia vai exibir um menu temporário do ar-condicionado. O que estava sendo mostrado na tela anteriormente, como os mapas do GPS, some temporariamente. Seria melhor se o Territory exibisse os controles do ar-condicionado de um jeito mais minimalista, sem atrapalhar o resto da experiência.

Mesmo na altura mínima do ajuste elétrico, o banco do motorista é alto. Levanto a mão e sinto o espaço de apenas três dedos do topo da minha cabeça ao teto. Essa característica dos SUVs asiáticos é evidente em outros carros, como o Kia Sportage.

Os bancos de couro sintético são ergonômicos e confortáveis, mas a posição de condução mais elevada não agrada. Mesmo assim, o Territory é um SUV para dirigir por várias horas sem ficar cansado.

Abaixo do capô há um motor 1.5 turbo da família EcoBoost, com injeção direta e comando variável, capaz de entregar 169 cv de potência e 25,5 kgfm de torque. O antigo câmbio CVT foi substituído por uma nova unidade automatizada de dupla embreagem de sete marchas (eita).

Como se já não bastassem os vários desafios, o Territory também vai ter que driblar o histórico negativo do antigo câmbio automatizado Powershift, que ficou marcado pelos vários problemas de superaquecimento, trepidações e ruídos.

A transmissão automatizada do Territory é totalmente nova e não compartilha qualquer componente com os antigos câmbios da família Powershift, segundo a Ford.

A marca também diz que o motor 1.8 turbo da versão importada para a Argentina, mais potente e moderno que o nosso, foi preterido no Brasil por questões mercadológicas. Um propulsor mais tecnológico poderia acarretar no encarecimento do Territory, ao ponto de chegar próximo do valor do Commander.

Assim como o rival da Jeep, o Territory entrega uma experiência neutra ao volante. A Ford atualizou todo o sistema do turbocompressor para diminuir o “lag” — aquele atraso na resposta do acelerador ao afundar o pé.

O atraso na entrega de potência não está no turbocompressor, e sim na transmissão de sete velocidades que poderia ser mais ágil nas reduções. Também não há aletas para trocas manuais. Como a Ford optou por um seletor circular, trocas manuais não são possíveis de forma alguma.

De qualquer forma, o Territory encara ultrapassagens na estrada com a mesma competência do Commander. O torque máximo disponível a 1.500 rpm está de acordo com outros SUVs turbinados. O Territory também pode ir de 0 a 100 km/h em 10,3 segundos — apenas 0,4 segundo mais lento que o Jeep.

No pacote de segurança, vale destacar os seis airbags (frontais, laterais e cortina), controle de cruzeiro adaptativo (que mostra até a distância em metros do carro da frente), monitoramento de ponto cego, alerta de tráfego cruzado e assistente de permanência em faixa.

O Territory não pode detectar pedestres como o Commander, mas tem câmera 360° para facilitar manobras em vagas apertadas. Este recurso que não é oferecido no Jeep.

Difícil dizer. Ainda que o Territory esteja melhor, terá de superar algumas resistências do público brasileiro. Sua primeira geração não vendeu bem, e o novo modelo é o primeiro a usar câmbio automatizado depois de toda a treta do Powershift.

A estratégia da Ford também vai depender dos reajustes de preço. Se o valor do Territory manter uma diferença razoável para o Commander Limited, será uma opção interessante para quem não precisa de um SUV de sete lugares. Os próximos meses serão decisivos.

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Fonte: direitonews

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