Novo Citroën C3 Aircross entrega o suficiente para desbancar Chevrolet Spin? Veja o teste


O Citroën C3 Aircross acaba de chegar ao mercado e já mira a Chevrolet Spin. Serão opções de cinco e sete lugares para o novo SUV da fabricante francesa, que terá preços entre R$ 110 mil e R$ 140 mil (você pode ver versões, preços e equipamentos neste outro texto).

Em um primeiro momento, apenas as versões de cinco lugares do C3 Aircross serão vendidas por aqui. As de sete assentos ficarão para o próximo ano, quando a montadora fará um novo lançamento para apresentá-las com preços.

Vale lembrar que Citroën anunciou em 2021 seu ambicioso plano C-Cubed (c³ ou C ao cubo) para o Brasil. A ideia vinha muito a calhar, já que a fabricante francesa tinha naquele momento apenas o C4 Cactus e o furgão Jumpy à venda por aqui.

A promessa era de lançar três novos produtos até 2024. O primeiro foi o C3 hatch, que chegou no segundo semestre de 2022 por aqui. Agora vem o C3 Aircross, um SUV que leva até sete pessoas e chega para brigar com a Chevrolet Spin, uma minivan que não tinha concorrentes até então. Por último, chegará um sedã compacto com traseira cupê, ainda sem nome definido.

Assim como o C3 hatch, o C3 Aircross chega forte ao mercado com ajuda da sinergia Stellantis. O sete lugares tem peças compartilhadas com o irmão menor, mas entrega bastante personalidade e tem um ótimo motor Turbo 200 sob o capô (aquele mesmo de Fiat Pulse, Strada e Fastback). E esse é um dos “pulos do gato” para bater a Spin.

A minivan da Chevrolet também vai mudar. O visual será mais puxado para o da Montana e internamente haverão atualizações importantes de painel de instrumentos e multimídia. No entanto, o motor será o 1.8 flex, o mesmo que equipa a Spin desde que chegou ao mercado, lá em 2013.

O C3 Aircross será vendido em três níveis de acabamento: Feel, Feel Pack e Shine. Pronto para ser um dos modelos mais baratos da categoria. Autoesporte testou a configurações mais completa com sete lugares. Confira:

2+3+2. Embora pareça bastante uma formação tática de futebol (e poderia ser se quatro jogadores fossem expulsos no campo), essa é a formatação da cabine do novo C3 Aircross de sete lugares. Mais um dos carros da Stellantis que promete ser um golaço em nosso mercado.

Afinal, o grupo automotivo correu do segmento de minivans, uma categoria praticamente sem apelo, para oferecer um SUV de sete lugares com baixo custo. Coisa que ainda não temos no mercado nacional. O C3 Aircross aproveita parte do visual do C3 e será vendido em opções de cinco e sete assentos aqui.

Falando do visual, a Citroën soube distanciar o Aircross do hatch. A grande mudança na dianteira está no para-choque, que tem uma área maior pintada com a cor da carroceria e dá impressão de que o SUV é mais largo.

Em relação ao C3 hatch, o Aircross tem os mesmos faróis. É uma peça única com iluminação de LED na configuração mais completa Shine, que é a testada, e que fica dividida em dois níveis pelo desenho da lataria. As tomadas de ar são maiores e, assim como o para-choque, ajudam a dar mais personalidade ao SUV.

De perfil, ele mostra seus bons ângulos de ataque, saída, transposição de rampa e altura livre do solo. E é aqui que ele mostra algumas semelhanças com o irmão menor, como a angulação da coluna A, as maçanetas externas e os vincos das folhas de porta.

Mas é na traseira onde mostra mais personalidade. As lanternas em “C” são inéditas e interligadas por uma faixa em black piano, que cruza toda a tampa do porta-malas. O para-choque é menor e tem desenho sobressalente (bom para evitar amassados no porta-malas em eventuais batidas).

Em comprimento, o Aircross é menor que o a Spin em quatro centímetros. Mas o Citroën leva vantagem na medida de entre-eixos, com cinco cm a mais. Essa última medida impacta diretamente em quem está dentro da cabine.

Falando nisso, vale ressaltar que o SUV da fabricante francesa entrega mais espaço interno para os primeiros cinco ocupantes do que sua principal rival, Spin. Para os sexto e sétimo passageiros, o espaço é mais equilibrado entre os concorrentes. Ambos têm pouca área e apenas crianças viajariam confortáveis. Para adultos, não fica a recomendação.

Com os sete assentos acionados, não sobra espaço para levar malas. Quando eles são retirados, aí o compartimento oferece 493 litros de capacidade (padrão VDA, em cubos de um litro). A Spin de sete lugares tem 553 litros de porta-malas. O Aircross perde para seu principal rival, mas ainda oferece mais que os SUVs compactos vendidos por aqui, e tem uma bela abertura da tampa, como manda a categoria.

Chegar na terceira fileira de bancos é fácil. O acionamento dos bancos é simples e eles são leves para manusear, pesam apenas 8 kg. O modelo deixou a desejar no posicionamento dos cintos de segurança da última fila. Eles ficam soltos e caem para o lado do porta-malas. O problema aqui é que os passageiros não conseguem pegá-los para reposicionar e afivelar.

Para resolver, tem que descer do carro, abrir o porta-malas e colocar os plugues do cinto no local certo. Aqui, seria melhor ter a base dessas peças com hastes fixas. Essa seria uma das formas de elas não ficarem “bobas” e caírem.

O interior é bem parecido com o do C3 hatch. Painel frontal e das portas são revestidos em plástico rígido e preto. O primeiro deles tem uma faixa horizontal de cor diferente, que contorna os difusores de ar, o cluster de instrumentos e a multimídia. Ela é texturizada e dá uma amenizada na simplicidade interna.

A versão mais completa Shine oferece tela digital de sete polegadas para o computador de bordo, que é multifuncional e acionado via volante. E tem uma central multimídia 10” com conexão de Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Esta última é bem intuitiva e rápida, assim como no irmão hatch.

Não tem comandos por botões físicos, mas mesmo com o celular espelhado há como alterar volume e acessar outras telas da multimídia. Simples e funcional, não dá dor de cabeça.

Os bancos de couro em duas cores também contribuem para deixá-lo mais sofisticado que o irmão menor. Todos os ajustes de altura, profundidade e encosto são manuais. Além disso, recebem o mesmo nível de acabamento.

Ainda falando em ajustes, vale lembrar que a coluna de direção tem regulagem apenas de altura e não profundidade. Na prática, isso não é algo que vá incomodar no dia a dia, mas é bom pontuar.

No teto da cabine, saídas de ar vão chamar atenção, mas não se engane. Não são de ar-condicionado, mas sim de ventilação convencional. Em dias quentes, os cinco passageiros das segunda e terceira fileira de assentos não serão refrigerados e passarão calor.

Autoesporte fez o teste com sete adultos e o ar-condicionado direcionado aos dois ocupantes da frente não é suficiente para gelar toda a cabine rapidamente. Como o esquema de ventilação dito acima não joga ar gelado, pouco contribui para resfriar a parte de dentro mais rápido.

No entanto, verdade seja dita: a solução de o vento sair pelo teto é bem melhor que aquela que sai no console central e bate diretamente no joelho, como na maioria dos carros.

Vale lembrar que esse tipo de saída de ar é parecida com a de Toyota SW4 e Mitsubishi Pajero Sport – outros dois modelos que levam sete pessoas. Ela é boa porque faz a ventilação chegar até a terceira fileira com mais facilidade. Ideal é que cada uma das filas tivesse seu sistema próprio de ventilação, mas pela faixa de preço que o veículo atua é perdoável não ter essa separação.

As portas USB do tipo convencional também são outras penalidades. Proprietários que tenham o celular (e outros aparelhos eletrônicos) com cabo do tipo C, não conseguirão fazer a recarga ou conexão sem um adaptador no painel. O apoia braço dianteiro é do tipo poltrona, e fica devendo uma acomodação para o passageiro (além de não agregar tanto no visual).

Os ajustes dos vidros elétricos traseiros estão no console central, assim como no C3 hatch. Ainda não sei se gostei ou não da alternativa. A verdade é que, com três passageiros atrás, os comandos ficam mais difíceis de alcançar por aqueles que vão nas portas.

Um item simples e interessante é a proteção plástica na lateral do banco, bem do lado da coluna estrutural do carro. Ela serve para não deixar o cinto de segurança desgastar o couro por ali e está presente nos dois assentos da frente. Outro ponto positivo é o volume de porta-objetos, afinal, tem bastante espaço para carregar coisas dentro do carro, desde porta-copos ao apoio para o celular.

O C3 Aircross é equipado com motor Turbo 200. É o nome dado pela Stellantis para o 1.0 turbo flex que rende até 125 cv de potência e 20,4 kgfm de torque com gasolina e 130 cv e 20,4 kgfm com etanol. “Turbo 200” é o que aparecerá na traseira do veículo para identificar essa motorização. O câmbio é o mesmo usado nos Fiat e no Peugeot 208, um automático do tipo CVT que simula até sete marchas.

Depois do hatch da Peugeot, o SUV da Citroën se mostra como a melhor aplicação dessa motorização. Entrega potência e torque suficientes para o dia a dia, até mesmo para levar sete adultos no carro, como fizemos, ultrapassando em cerca de 200 kg a capacidade máximo de carga do modelo.

Com pouca carga, o motor sobra. Acelera e retoma velocidade com tranquilidade. Carregado, mostra que tem força para cumprir as tarefas, e ainda tem ajuda do modo Sport, que altera a marcha-lenta e faz o motor trabalhar em rotação mais elevada. Assim, consegue entregar torque mais rápido e melhora as saídas, e fica pronto para atingir os 100 km/h em 9,7 segundos.

Ele não tem modo econômico para poupar combustível, mas exibe uma espécie de econômetro no cluster para indicar ao motorista se ele está conduzindo bem ou não. E ainda pode ser conduzido como manual, trocando sete marchas na manopla de câmbio (ele não tem borboletas para trocas).

O CVT torna a direção mais confortável. Não tem tranco nas trocas de marcha, e isso é ótimo. Mas é bom se acostumar com o ruído dentro da cabine. Ainda que para motorista e passageiro da frente seja mais comedido, para os passageiros de trás o barulho fica mais alto. Esse ponto é que reduz a paz de quem vai viajar algumas horas nos bancos traseiros.

No geral, o conjunto acaba sendo mais atrativo que o da Spin, que é a principal rival. A minivan da Chevrolet deve manter o velho motor Gamma II, que é um 1.8 aspirado flex de até 111 cv e 17,7 kgfm, e opções de câmbio automático ou manual de seis marchas.

Além do motor, os conjuntos de suspensões formam mais um dos principais diferenciais do SUV. E não que ele tenha um sistema robusto, na verdade são os bem comuns independente McPherson na dianteira e eixo de torção, na traseira. A boa calibração faz o C3 Aircross ser superior a Spin e a todos os SUVs compactos vendidos no Brasil (com exceção de Jeep Renegade) nesse quesito.

O carro se comporta muito bem, independente da condição do terreno. Testei ele por asfaltos lisos, mais porosos, paralelepípedos e em circuitos esburacados. Em todos os momentos, o SUV se comportou muito bem, absorvendo as imperfeições do asfalto e não deixando passar tanto os chacoalhões para dentro da cabine.

Mesmo sendo confortável, não deixou de ser ágil. Na pista, fazendo curvas em velocidades mais altas, a rolagem da carroceria fica dentro do esperado para um SUV que tem formato de caixote. E surpreendeu positivamente.

A expectativa é que a Chevrolet mude o posicionamento da Spin para que ela bata de frente com os SUVs e deixe ainda mais acirrada a disputa com o C3 Aircross. Mas, atualmente, o novo modelo da Citroën é o único produto da categoria com sete lugares, o que coloca sua versatilidade acima dos rivais.

Além disso, tem um bom motor turbinado e uma suspensão bem calibrada. Somando isso as duas telas internas, fica mais atualizado que seu principal rival. Sem contar que é mais confortável para levar sete pessoas (ou cinco, se quiser, já que os bancos adicionais podem ser retirados) que boa parte dos modelos do segmento. Por isso, vale a pena, sim, comprar um C3 Aircross.

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Fonte: direitonews

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