Nova Rota da Seda: viagem de Alckmin à China fortalece laços sino-brasileiros, atestam analistas


A importância da COSBAN é vista por especialistas, ouvidos pela Sputnik Brasil, como um espaço fundamental para a cooperação bilateral entre Brasil e China.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Carlos Renato Ungaretti, mestre em estudos estratégicos internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisador-assistente no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), destaca que a visita do vice-presidente Alckmin à China, acompanhado por ministros e empresários, segue a agenda de estreitar laços entre os dois países.
Bandeiras nacionais da Rússia e do Brasil tremulam no aeroporto de Brasília durante cerimônia de boas-vindas ao presidente da Rússia, Vladimir Putin (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 05.06.2024

Ele ressalta que essa iniciativa está alinhada com os eventos previstos para o final do ano, incluindo a visita do presidente Xi Jinping ao Brasil durante o G20 e a Cúpula do BRICS.

“O Brasil não tem mecanismos similares com outros países, o que já sugere a importância dessa comissão e dos debates que são realizados ali, que tem justamente nos vice-presidentes o papel de liderança nessa comissão”, pontua Ungaretti.

Ele aponta que a missão visa expandir as exportações brasileiras, diversificar a pauta exportadora, atrair investimentos chineses para diversas indústrias e promover parcerias tecnológicas e científico-tecnológicas.
O especialista menciona também a possível repaginação do Fundo Brasil-China, criado no governo de Dilma Rousseff, como parte dos esforços para impulsionar o desenvolvimento e a infraestrutura.

“O Brasil e o governo brasileiro têm uma agenda que é bastante cara a esse governo, que é a da reindustrialização, ou uma nova industrialização em bases sustentáveis. E acredito que o governo brasileiro vê na China um parceiro importante para a atração de investimentos na indústria, para a internalização de determinados segmentos produtivos, como no caso dos carros elétricos, que os chineses têm uma liderança bastante notável“, pondera à reportagem.

O Brasil e a Nova Rota da Seda

O processo de adesão do Brasil à Nova Rota da Seda, um ambicioso projeto de conectividade e cooperação impulsionado pela China, está no centro das discussões entre especialistas e autoridades. À Sputnik, Bruno Hendler, doutor em economia política internacional e coordenador de estudos em Ásia-Pacífico, pontua algumas nuances e expectativas.
Hendler destacou a importância econômica da adesão, apontando-a como uma oportunidade para reforçar as relações comerciais e atrair investimentos, especialmente em tecnologia e conhecimento. Além disso, ressaltou que a Nova Rota da Seda não é apenas um projeto econômico, mas também a expressão de uma nova geometria de poder, representando um compartilhamento de princípios entre Brasil e China, principalmente no contexto do Sul Global.
O ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, durante uma reunião trilateral com o ministro da Defesa da Grã-Bretanha, Ben Wallace, e o ministro da Defesa do Japão, Yasukazu Hamada, 16 de março de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 30.07.2023

O especialista também aborda a questão geopolítica da adesão, enfatizando que a Nova Rota da Seda não deve ser vista como uma oposição às potências tradicionais, mas sim como um arranjo menos vinculativo, com possíveis desdobramentos significativos para a política externa brasileira.

“A Nova Rota da Seda é um slogan, é uma ideia de força. Não é necessariamente um projeto de oposição à OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] ou oposição à OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], nada disso. […] É um arranjo, […] uma geometria de poder mais frouxa ou menos vinculativa e, para mim, representa muito mais um compartilhamento, não de princípios do Brasil e da China, como em desenvolvimento, essa coisa do Sul Global“, explica à reportagem.

Além das pautas econômicas e geopolíticas, Hendler ressalta a importância dos acordos setoriais pré-negociados, que abrangem áreas como tecnologia, infraestrutura e energia sustentável.

Acelerar o crescimento no Brasil

Para Cassiano Schwantes, mestrando em economia política internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador associado do Laboratório de Estudos em Economia Política da China (LabChina), a ida de Alckmin à China também tem ligação na garantia de aglutinar novos recursos para investir no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

“Essa tentativa do Brasil de conseguir mais investimentos diversificados e [] de conseguir mais investimentos em infraestrutura para financiar um novo PAC, em grande medida, […] é justamente também uma tentativa do Brasil de se industrializar e tentar subir nas cadeias globais de valor para que, num futuro próximo, espero, nós possamos exportar maiores produtos com valor agregado, tecnológicos, voltados à economia verde, que será para o produto de grande valia, em um futuro não muito distante”, analisa.

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Fonte: sputniknewsbrasil

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