Em entrevista ao jornal espanhol El País no fim de semana, o matemático australiano-americano de origem chinesa Terence Tao disse que a chance de o resultado oficial da eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela corresponder à realidade é “de uma em 100 milhões”.
Tao é um dos mais renomados matemáticos da atualidade e em 2006 venceu a Medalha Fields, considerada o Nobel da Matemática.
O resultado oficial da eleição na Venezuela divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), aparelhado pelo chavismo, apontou que o ditador Nicolás Maduro teria recebido exatos 51,2% dos votos válidos. Seu principal adversário, Edmundo González, teria obtido exatos 44,2%. O restante dos candidatos teria somado 4,6%.
Na entrevista ao El País, Tao, que analisou os dados, afirmou que é altamente improvável que resultados tão exatos, com apenas uma casa decimal, tenham sido registrados.
“Os exatos 51,2%, por exemplo. Isso é muito incomum. A probabilidade de isso acontecer por acaso é de uma em 100 milhões, mas poderia ser explicada se a eleição fosse fraudada. O presidente [Maduro] pode ter dito ao conselho eleitoral: ‘Quero que esses percentuais sejam o resultado’. A manipulação é uma explicação plausível, enquanto o acaso não. Isso aumenta a probabilidade de a eleição ter sido fraudada”, disse o matemático.
“Existem três hipóteses. Uma delas é que as eleições foram justas e os resultados foram divulgados com precisão. A segunda é que houve manipulação de votos. E a terceira é que a comissão eleitoral cometeu um grande erro, por incompetência e não por má intenção”, acrescentou Tao.
“A primeira hipótese é quase descartável, pois é extremamente improvável que estas porcentagens tenham sido as reais. Portanto, há duas possibilidades: ou o governo venezuelano é corrupto ou é incompetente. Ambas poderiam explicar esses dados. Passaram-se dois meses desde as eleições e acredito que, com o tempo, a probabilidade de manipulação aumentou, porque ainda não foram publicados os resultados de cada zona eleitoral”, argumentou o matemático.
Por ora, o CNE, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que ratificou o resultado oficial do conselho, e a ditadura de Maduro não divulgaram os números detalhados por seção eleitoral.
A oposição, por sua vez, disponibilizou no dia seguinte à votação cópias de mais de 80% das atas, que comprovam que González foi o vencedor do pleito.
Fonte: gazetadopovo