Via @marcomejia.adv | O grito de uma mãe desesperada ecoa, enquanto seu bebê é carregado por terroristas cujo único propósito é matar os judeus.
É a maldade pela maldade. O ódio pelo ódio. Uma forma de pensar tão atroz, capaz de transformar seus semelhantes em escudos humanos, sem nenhum sentimento de culpa.
Em poucas horas, um novo holocausto, com os mesmos horrores dos nazistas, tomou conta do mundo contemporâneo.
As vítimas, sempre pessoas indefesas, jovens brutalmente assassinados, idosos conduzidos em charretes mecânicas, mães chorando com os filhos sob a mira de uma AK-47, crianças sendo raptadas numa rave e/ou fuziladas na fuga.
A história se repete…
Pouco tempo atrás, participei de um estudo judaico no qual estava presente um grande especialista em conflitos. Fiz a pergunta: “Um dia Israel poderia ser atacado?”. A resposta foi: “Isso jamais aconteceria novamente”.
Devemos, contudo, ver o mundo “além do ser” (Levinas).
Num breve momento tentando justificar algo, chegamos a certos pensamentos: as bases da destruição e a “tirania de valores” (Karl Schmitt) adotadas pelo Hamas fogem de todo quadrante humanamente pensado, assimilando-se ao ethos deste pensador.
Nessa hora surge uma metajustiça: não se trata apenas de autodefesa direta aos selvagens do Hamas, mas de uma resposta que deve ser dada à ancestralidade e à descendência, de que ações como estas não podem ser legitimadas em troca de uma mercancia política.
Nesse momento, a justiça que se apregoa é aquela que não está em nossos livros. Vamos vê-la somente diante dos combates, e a selvageria da sobrevivência acontece nesse calor, quando vermos reféns sendo mortos e torturados.
Na metajustiça, pouco importam os efeitos humanitários, pois esses foram quebrados, antes de tudo, pelo Hamas.
Essa nova justiça é fracamente compreensível, e reside essencialmente na pessoa que está a sofrer − e nos próximos, que sofrem desesperadamente: ali reside, com toda a certeza, a metajustiça.
Essa possível compreensão só estaria ao alcance dos que passaram pelo 11 de Setembro, assim como seus familiares, filhos e pais que partiram nessa mesma medida de terror, tal qual o país vítima.
A ciência jurídica não é precisa. Mas quando vemos a indefinição política de nossos governantes, a ausência de pensadores que possam falar sobre o tema, nesse momento fica clara a visão de que o antissemitismo se torna quase uma materialidade comprovatória, que é o silêncio jurídico.
Essa reação anormal – do silêncio sobre a carnificina − é aterradora, e deve ser retida e debatida até o fim dos tempos. Nos dias de hoje não estamos falando de uma justiça clássica de virtudes do velho estagirita (Aristóteles); hoje falamos de uma nova justiça, que deve combater a selvageria de um “partido político” que há dias falava com Israel.
Somente a ciência jurídica pode dar resposta à decapitação de crianças inocentes. O pensamento que virá dessa guerra dependerá apenas do entendimento das novas gerações.
Assim, o mundo contemporâneo jamais se esquecerá deste holocausto, no qual será justificadamente aplicada a justiça sob três grandes pesos: sangue, lágrimas e o grito desesperado de uma mãe.