Representantes do PT, PSDB, PL, PP e PSol criaram na Assembleia Legislativa a Frente Parlamentar Ambientalista, que foi lançada na noite desta segunda-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente.
“Temos pela frente um conjunto de ações que deverão ser desafiadoras, porque tratamos de questões que mexem com uma parcela da sociedade com a concepção capitalista do acúmulo e da ganância e que muitas vezes não consegue compreender o outro lado, infelizmente. Mas a Natureza tem direitos, e nós, além de não os reconhecer, os desrespeitamos”, discursou padre Pedro Baldissera (PT), coordenador da Frente Ambientalista.
Segundo Padre Pedro, a frente levará os debates ao interior do estado, principalmente sobre a compensação por serviços ambientais; energias renováveis; preservação da Mata Atlântica; destino do lixo; preservação das águas; agroflorestas; biocombustíveis; produção agroecológica; entre outros. “Ou preservamos a natureza em todas as suas dimensões, ou seremos engolidos, não temos dúvida disso”, alertou o ex-prefeito de Guaraciaba.
Marquito (PSol), presidente da Comissão de Turismo e Meio Ambiente, destacou a importância do lançamento e garantiu que a comissão e a frente atuarão em conjunto na defesa do meio ambiente. “Estamos torcendo pelo sucesso da frente, hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente, um dia que gostaríamos de estar comemorando, até porque o nosso modo de produção tem uma série de impactos, de consequências ao meio ambiente e pouco se consegue qualificar a discussão, trazendo o conjunto da sociedade civil, entidades, universidades para pautar a questão ambiental”, avaliou Marquito.
Para o professor aposentado da UFSC, Luiz Fernando Scheibe, do Projeto Rede Guarani/Serra Geral, a iniciativa é importante porque cria outro ponto de referência para os ambientalistas. “Quero saudar essa iniciativa muito importante de criação de uma frente ambientalista, vendo tanta coisa que se escreve sobre o meio ambiente a gente fica pensando que o meio ambiente nada mais é que o resultado da cooperação de todos os seres vivos e inanimados que constituem o planeta. Há quem diga que Darwin fez a apologia da competição, mas na verdade nossa existência na terra nada mais é que o fruto da cooperação”, pontuou Scheibe.
Já a ambientalista Suelita Röcker, diretora de Educação do Instituto Internacional Arayara, ressaltou a magnitude dos desafios ambientais e defendeu a transição energética sustentável. “Estamos aqui para valorizar a frente e em resposta à urgência dos desafios ambientais que enfrentamos atualmente, uma ação mais assertiva e consciente em relação à preservação ambiental, como a promoção de política de transição energética e o desenvolvimento econômico por meio da geração de empregos verdes”, propôs Suelita, que lamentou os impactos da crise climática em Santa Catarina e sugeriu proteger a todo custo “solos férteis e a qualidade da água e do ar”.
Por outro lado, o professor da UFSC e coordenador do Programa Escoando Sustentabilidade, Paulo Horta, destacou o custo dos desastres ambientais e as vidas perdidas em Santa Catarina nos últimos anos. “Por 300 mil anos este planeta nos embalou enquanto espécie e nos deixou prosperar, mas por ganância, ignorância e negacionismo no último século e meio produzimos uma das maiores crises que o mundo ouviu falar, uma crise climática, uma crise socioambiental, uma crise que vai produzir mortes. Mais de 300 catarinenses já perderam a vida por causa de desastres que não são naturais, que são desastres sócio ambientais. Foram bilhões de prejuízos drenados dos cofres públicos para tapar buracos das nossas omissões criminosas”, ponderou Horta.
Para Horta, um dos objetivos da Frente Ambientalista deve ser a construção de um amplo movimento para resgatar o que ainda resta da natureza para deixar às futuras gerações um mínimo de segurança e bem estar. “Isso é possível, apesar do cenário dramático”, garantiu Horta.
Frente pluripartidária
Além de Padre Pedro, os deputados Dr. Vicente Caropreso (PSDB), Ivan Naatz (PL), Fabiano da Luz (PT), Altair Silva (PP), Marcius Machado (PL) e Marquito subscreveram o requerimento da Frente Parlamentar Ambientalista.
Minuto de silêncio
Antes do inicio da cerimônia de instalação da frente, Padre Pedro instou os convidados para um minuto de silêncio pela passagem de um ano do assassinato de Bruno Pereira e Tom Philips. “É um contraponto à violência que foi feita contra os dois, que perderam suas vidas de forma desastrosa e cujos mandantes ainda estão impunes”, justificou.
AGÊNCIA AL
Fonte: alesc.sc.gov