A nova geração do Nissan Sentra chega às lojas no momento mais oportuno possível. Na prateleira da Toyota, um Corolla em fim de ciclo. No showroom da Honda, um Civic híbrido caríssimo, que mudou de patamar e agora parte de R$ 244.990.
É um terreno perfeito para o Nissan ocupar uma lacuna de consumo para o consumidor que quer migrar do segmento compacto, mas não tem recursos para ultrapassar a barreira dos R$ 200 mil.
O novo Sentra parte de R$ 148.490 na versão Advance e pode chegar a R$ 173.290 na versão Exclusive com interior premium. Assim como o Versa, o sedã médio é produzido no México e tem benefícios de isenções fiscais para entrar no Brasil. Isso explica o preço competitivo. Confira abaixo a tabela de preços do Sentra.
O Sentra tem cara de vestuário caro e chama bastante atenção. Pedestres e motoristas param para olhá-lo na rua com certa frequência (foi o que notamos em nosso test-drive). Os faróis full-LED são os destaques da dianteira e criam uma harmonia bem interessante com a grade frontal com acabamento escurecido. Há um friso cromado em formato de V que caracteriza a nova geração do Sentra como um carro da Nissan, detalhe que o sedã perdeu na China em sua última reestilização.
A carroceria em dois tons é o principal apelo de design na lateral. No Brasil, o Sentra só pode ser adquirido nas cores branca, preta, cinza metálica e prata – uma roupagem bem convencional, como todos os sedãs médios.
Infelizmente, a Nissan não importou o sedã na tonalidade Electric Blue, que foi a (belíssima) cor de lançamento nos Estados Unidos.
A traseira também apela para a esportividade, mas o design ficaria mais bonito com as lanternas interligadas por um filete. O porta-malas tem 466 litros de capacidade, apenas 4 litros a menos do que o Corolla.
A Nissan acertou no visual, que se impõe como carrão de luxo. Até a última geração, o sedã era bem careta e não tinha um design de brilhar os olhos. Neste quesito, a evolução é evidente.
O interior da última geração, vendida no Brasil até 2021, era feito com materiais simples e não tinha tantos atrativos no pacote de equipamentos. Agora, o Sentra tem um belíssimo painel com três saídas centrais para o ar-condicionado, central multimídia flutuante e painel de instrumentos com uma tela generosa. Mas mesmo assim, não se livra de alguns pênaltis.
Para começar, a central multimídia tem interface antiquada e um layout que não inova. A conexão do Android Auto e do Apple CarPlay acontece apenas por cabo, algo incompreensível em um sedã médio. Vale lembrar que até carros abaixo de R$ 100 mil já oferecem a conexão sem fio, como o Citroën C3.
Sem a conexão wireless, a Nissan também não viu a necessidade de colocar um carregador de celular por indução. Para deixar o console mais limpo, o freio de estacionamento virou um pedal, assim como o do Corolla Cross.
Tirando esses detalhes, o interior do Sentra é primoroso, ainda mais com o revestimento de couro premium que é opcional da versão Exclusive. O computador de bordo é prático e traz informações sobre consumo, revisões, assistências ao motorista e controle de cruzeiro adaptativo. Há função de aquecimento dos bancos e ajustes elétricos para o motorista.
O espaço traseiro é excelente, mas apenas quatro ocupantes viajam com conforto pleno. O Sentra não tem saídas de ventilação para os passageiros do banco traseiro, mas a Nissan compensou isso com um ajuste mais intenso do ar-condicionado. Mesmo na velocidade mínima, o fluxo é bem gelado, até para quem vai atrás.
Diria que o Sentra é um jogador mais comprometido com a técnica do que com a velocidade. O sedã tem motor 2.0 aspirado que desenvolve 151 cv de potência e 20 kgfm de torque, com câmbio CVT que pode simular oito velocidades. Na comparação com os concorrentes, os números são modestos.
O motor funciona em ciclo Atkinson, comum em carros híbridos. A válvula de admissão fica aberta por um período maior de tempo para melhorar a eficiência, porém, devido à menor quantidade de mistura admitida, os motores de ciclo Atkinson são menos potentes.
Isso nem chega a ser tão perceptível no dia a dia. Nos testes de Autoesporte, o Sentra foi de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos, ficando apenas 0,6 segundo atrás do Chevrolet Cruze Sedan, que tem motor turbo e está para pendurar as chuteiras. Com quatro pessoas no carro, o Nissan faz bastante esforço em retomadas e subidas.
O consumo de combustível é um dos pontos que mostram que o Sentra é o novo dono da camisa. Nos testes de Autoesporte, o sedã japonês marcou nada mais, nada menos do que 18,9 km/l na estrada e 13,4 km/l na cidade com gasolina no tanque.
O Sentra é um carro muito gostoso de dirigir graças à suspensão suave, à direção levíssima e o isolamento acústico competente. O sedã vibra pouco e filtra bem os rebotes das ruas mais esburacadas. Entretanto, é preciso ter cuidado com valetas e lombadas por conta da frente baixa.
O campeonato brasileiro dos sedãs médios é complicado. O Corolla continua acumulando prêmios de craque do jogo, enquanto o argentino Cruze aproveita seus últimos momentos em campo.
Neste cenário, o Sentra pede passagem como uma excelente opção para o antigo Civic nacional. Ele não tem o mesmo desempenho do conterrâneo, mas entrega um visual arrasador, conforto e ótimos números de consumo. Chegou a hora de tirar o colete, deixar o banco de reservas e se juntar à equipe titular.
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Fonte: direitonews