Nísia classifica infecção de transplantados por HIV no RJ como “grave” e “adversa”


A ministra Nísia Trindade, da Saúde, afirmou nesta sexta (11) que a pasta determinou uma apuração séria sobre a infecção de seis pacientes transplantados por HIV em órgãos contaminados no estado do Rio de Janeiro, revelada mais cedo pela BandNews FM e confirmada à Gazeta do Povo pela Secretaria de Estado da Saúde fluminense (SES-RJ).

Nísia está em uma viagem à Itália para participar de um evento do G7, mas gravou um vídeo explicando as medidas que foram definidas e adotadas após o ministério tomar conhecimento do caso. Ela classificou a situação como “grave” e “adversa”.

“[Determinei] uma auditoria por parte da auditoria do SUS (Sistema Único de Saúde), do Sistema Nacional de Auditorias”, disse Nísia na gravação. O SNA tem a atribuição de avaliar os processos e resultados no âmbito do SUS, e deve apurar as circunstâncias principalmente da contratação do laboratório PCS Lab Saleme.

O laboratório foi contratado em uma licitação emergencial em dezembro de 2023 para realizar exames de sorologia dos órgãos doados, ao custo de R$ 11 milhões. O local foi interditado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) após uma inspeção nesta quinta (10), que constatou que não havia sequer kits necessários para realizar os testes sanguíneos e nem documentos que comprovassem a compra dos materiais.

A ministra afirmou, ainda, que “até o momento tivemos a confirmação de que dois doadores tiveram novo teste positivo para HIV e seis receptores também tiveram teste positivos para HIV”.

“Outra medida é o encaminhamento de todos os testes do Rio de Janeiro para Hemorio, o apoio incondicional e assistência especializada a doadores e receptores que tiveram teste positivo para HIV”, completou no vídeo.

Segundo a apuração, os pacientes infectados receberam órgãos como rins, fígado e coração. Houve, ainda, uma doação de córneas que não gerou contaminação.

Entre as hipóteses trabalhadas pela SES-RJ há a possibilidade de que alguns dos exames realizados à época dos transplantes tenham dado um “falso negativo”, que foram positivados agora a partir de novos testes em amostras reservas guardadas no Hemorio.

“A amostra que se mostrou positiva é uma alíquota que fica guardada, reservada no Hemorio. Houve essa comparação e novamente houve um laudo negativo no exame (do laboratório privado) e positivo no laudo do Hemorio”, disse a secretária Cláudia Mello.

Em nota à Gazeta do Povo, a pasta informou que agiu rapidamente para mitigar os danos e proteger os pacientes afetados. Entre as ações adotadas, está a interdição cautelar do laboratório e a determinação de que o Hemorio, unidade estadual de saúde, assuma a testagem dos doadores no estado.

“O Ministério da Saúde manifesta seu irrestrito apoio aos pacientes e suas famílias”, destacou em uma nota à reportagem.

O ministério garantiu que os pacientes infectados e seus contatos estão recebendo atendimento especializado, que a situação está sendo tratada com “extrema seriedade”, com foco na segurança dos transplantados e na integridade do sistema de saúde

Além da suspensão das atividades do laboratório PCS Saleme, o ministério ordenou a retestagem de todas as amostras de sangue coletadas desde a contratação do laboratório para identificar possíveis novos casos de resultados incorretos. Também foi determinada a abertura de uma auditoria urgente pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS), que irá investigar possíveis irregularidades no contrato firmado com o laboratório.

Fonte: gazetadopovo

Anteriores Brasil se abstém em votação para prorrogar investigação da ONU na Venezuela
Próxima Grupo J&F, dos irmãos Batista, assina transferência da Amazonas Energia