Nigéria: aceitamos ajuda dos EUA contra extremistas desde que respeite nossa soberania


A Nigéria afirmou neste domingo (2) que aceitaria de bom grado a ajuda dos EUA no combate a grupos extremistas islâmicos no país, desde que sua integridade territorial fosse respeitada.
A afirmação foi feita por Daniel Bwala, assessor presidente nigeriano, Bola Tinubu, à Reuters ao ser questionado sobre as ameças de intervenção militar no país feitas pelo presidente estadunidense, Donald Trump, contra um suposto massacre de cristãos no país.
“Acolhemos com satisfação a ajuda dos EUA, desde que respeite a nossa integridade territorial”, disse à Reuters Daniel Bwala, assessor do presidente nigeriano Bola Tinubu
Vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, participa de cerimônia com seu homólogo nigeriano, Kashim Shettima, durante sessão do Mecanismo de Diálogo Estratégico Nigéria-Brasil, em 24 de junho de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 24.06.2025

No sábado (1º), Trump afirmou que pediu ao Departamento de Defesa que se preparasse para uma possível ação militar “rápida” na Nigéria, caso o país mais populoso da África não tomasse medidas decisivas para impedir o assassinato de cristãos.
Bwala procurou amenizar as tensões entre os dois países, apesar de Trump ter chamado a Nigéria de país “vergonhoso”.
“Estou confiante de que, quando esses dois líderes [Tinubu e Trump] se encontrarem e sentarem para conversar, haverá melhores resultados em nossa determinação compartilhada de combater o terrorismo.”

Os rebeldes islâmicos vêm causando estragos há anos.

A Nigéria, um país com uma população de mais de 200 milhões de habitantes e cerca de 200 grupos étnicos, está dividida entre um norte predominantemente muçulmano e um sul predominantemente cristão.
Grupos insurgentes, como o Boko Haram e o Estado Islâmico da Província da África Ocidental, têm causado estragos no país há mais de 15 anos, matando milhares de pessoas, mas seus ataques têm se concentrado principalmente no nordeste, região de maioria muçulmana.
Analistas afirmam que, embora alguns cristãos tenham sido mortos, a grande maioria das vítimas eram muçulmanas.
Na região central da Nigéria, confrontos frequentes têm ocorrido entre pastores predominantemente muçulmanos e agricultores, em sua maioria cristãos, por causa da água e das pastagens, enquanto no noroeste do país, homens armados frequentemente invadem aldeias, sequestrando pessoas para pedir resgate.
“Grupos rebeldes, como o Boko Haram e o Estado Islâmico da Província da África Ocidental, frequentemente retratam suas campanhas como anticristãs, mas, na realidade, sua violência é indiscriminada e devasta comunidades inteiras”, disse Lad Serwat, analista sênior para a África do Armed Conflict Location & Event Data Project (ACLED).
O presidente da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu, responde a perguntas do público após uma reunião bilateral com o chanceler alemão em Abuja. Nigéria, 29 de outubro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 22.11.2023

Ele acrescentou que a violência dos grupos faz parte da dinâmica complexa e sobreposta dos conflitos no país relacionados ao poder político, disputas de terras, afiliações étnicas e sectárias e bloqueios de estradas.
Pesquisas do ACLED apontam que, dos 1.923 ataques contra civis na Nigéria até agora neste ano, 50 tiveram como alvo cristãos por causa de sua fé. Sarwat afirmou que as recentes alegações veiculadas em alguns círculos da direita norte-americana de que até 100.000 cristãos foram mortos na Nigéria desde 2009 não são corroboradas pelos dados disponíveis.

Nigéria rejeita acusações de intolerância religiosa

A ameaça de intervenção militar de Trump ocorreu um dia depois de seu governo ter reintegrado a Nigéria à lista de “países de preocupação especial” que, segundo os EUA, violam a liberdade religiosa. Outros países na lista incluem China, Mianmar, Coreia do Norte, Rússia e Paquistão.
Bola Tinubu, um muçulmano do sul da Nigéria casado com uma cristã, respondeu no sábado às acusações de intolerância religiosa e defendeu os esforços de seu país para proteger as liberdades religiosas.
Ao fazer nomeações importantes para o governo e as Forças Armadas, Tinubu, assim como seus antecessores, buscou alcançar um equilíbrio que garantisse representação igualitária para muçulmanos e cristãos. Na semana passada, ele mudou a liderança militar do país, nomeando um cristão como o novo chefe da defesa.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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