Neri Geller nega ter pedido demissão após problemas em leilão de arroz; veja prints


GLOBO RURAL – O secretário de Política Agrícola, Neri Geller, não aceitou que a sua exoneração seja publicada no Diário Oficial da União “a pedido”. Em documentos e troca de e-mails com o gabinete, obtidos com exclusividade pela Globo Rural, ele negou que tenha entregado o cargo, como afirmou mais cedo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Na tarde desta terça-feira, Fávaro solicitou que a secretaria-executiva da Pasta procedesse à exoneração de Geller “a pedido”. O secretário, porém, argumentou que não solicitou o desligamento e pediu a retificação da portaria.

A demissão ainda não foi publicada no Diário Oficial da União. “O secretário Neri Geller colocou cargo à disposição e aceitei a demissão”, disse Fávaro mais cedo.

A aliados, Geller disse que apenas foi comunicado da demissão por Fávaro, o que o deixou “desolado”. Desde ontem, o político apontava uma “pressão” para pedir exoneração, mas garantiu a pessoas próximas que não pediu para ser demitido. Ele reconheceu, no entanto, que não tem “clima” para continuar no cargo, que lhe servia também na interlocução do agronegócio com o Palácio do Planalto.

No centro da crise que levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a cancelar o leilão para compra de arroz pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Geller atribuiu o episódio, em conversa com interlocutores, a dois fatores: politização da compra do produto e incompetência. E que o cancelamento do leilão causa grande desgaste o Planalto.

Nesta tarde, Geller ainda esperava uma conversa com o ministro Carlos Fávaro (Agricultura) para entender sobre a sua saída do cargo. Ele disse que só vai se pronunciar amanhã. Procurado, Fávaro não respondeu.

A suspeita sobre o leilão do arroz começou a circular em Brasília ainda na semana passada, quando o governo, após derrubar oito liminares de associações e produtores que tentavam barrar a compra, anunciou a aquisição de 263 mil toneladas.

Desse total, 116 mil toneladas — ao custo de cerca de R$ 580 milhões — foram comercializadas por corretoras ligadas a Robson França, presidente da Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT). Ele, por sua vez, foi assessor de Geller na Câmara dos Deputados entre 2019 e 2020 e tem, ainda, sociedade com um filho dele numa empresa — que Geller alegou estar inativa.

Interlocutor do então candidato Lula na campanha de 2022 com o agronegócio, ex-deputado federal e ministro da Agricultura do governo Dilma Rousseff, Neri Geller disse a aliados estar “tranquilo”.

E que estão querendo jogar a responsabilidade para cima dele após a politização, e que a incompetência alegada ao governo foi, segundo disse, comunicada internamente por ele, nas semanas anteriores, a integrantes dos ministérios da Agricultura e da Casa Civil. Geller, disse um aliado, não era favorável ao leilão de importação de arroz.

Fonte: odocumento

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