“Uma Marinha Mercante brasileira mais competitiva e forte demanda condições de construir embarcações. O Brasil não é competitivo na construção naval, embora seja grande produtor de aço. Países como Japão, China, Coreia conseguem construir navios de forma competitiva, têm economia de escala, fabricam motores, têm um número expressivo de navios construídos por ano. No Brasil, quando tudo corre bem, é construído um navio mercante a cada dois anos”, assinalou ele.
“Seriam empregos gerados aqui, tecnologia agregada também. Ao construirmos uma embarcação, desenvolvemos também periféricos: é um parafuso, é um sistema de tráfego, é um radar. São elementos adicionais, gerando um arrasto de outras tecnologias e desenvolvimento de outras áreas”, disse ela.
“É comum navios grandes, petroleiros de grande porte, navios que operam com minério, de 388 mil tpb [toneladas de porte bruto], irem fazer reparos, docagens na Ásia, visto que não têm condições de fazer aqui, porque não tem nenhum estaleiro adequado para isso. E quando há um problema, o navio tem que ser rebocado”.
(Falta) Tecnologia para chamar de sua
“Alguns países já estão discutindo a própria regulamentação dessas embarcações. Na Europa, estão sendo feitos testes no sentido de reduzir ou acabar com a necessidade de tripulação embarcada e levar cada vez mais um número maior de contêineres”, comentou Germano. “A gente [Brasil] ainda não está indo nesse sentido na área comercial”.
“Em muitos outros países, a gente tem já equipamentos logísticos que fazem isso de forma autônoma. Uma embarcação chega, os guindastes já vão, retiram, já passam para as esteiras, para os caminhões, já vai fazendo essa retirada da carga”, esclareceu a especialista.
“A mão de obra de um estivador, por exemplo, deve sumir com o tempo, e a tendência é que apareçam novos cargos, por exemplo, um controlador de drone, um programador para desenvolver softwares para operarem nos sistemas portuários”, elencou a acadêmica.
(Faltam) Investimentos
“Assim, quando uma empresa for pensar em construir um navio, não vai lá para fora, para Singapura, contratar construção de navio. Vai construir aqui, desenvolver mão de obra daqui, dar trabalho, emprego e renda”, argumentou Germano.
“São leis de mais de 20 anos e que vão sendo alteradas, o que envolve questões políticas também, destinação, como a própria questão das emendas. São recursos gerados dentro da própria Marinha Mercante e a ideia é que esses fundos fiquem no setor”, defendeu ela.
“O Brasil não consegue sequer gastar os recursos que arrecada. São recursos que passam pelo Tesouro apenas de forma escritural, mas que são arrecadados pelo adicional ao frete para renovação da Marinha Mercante. Se não tem Marinha Mercante renovada, é sinal que ele não está alcançando seu pleno objetivo”, ponderou o diretor da AEB.
Não há mar bravo, que não amanse
“Existe demanda para isso, o governo está sensível, em termos de logística, a utilizar mais o sistema hidroviário interior do país”, comentou Sobreira ao lembrar da criação da secretaria especializada para a navegação pelo Ministério de Portos e Aeroportos, prevista para janeiro do próximo ano.
“A navegação de apoio continuará a crescer, com dezenas de embarcações esperadas para os setores de petróleo e apoio portuário. Na navegação interior, a frota deve aumentar, refletindo melhorias nas condições de navegação e a expansão de trechos navegáveis devido a obras importantes, como a dragagem do rio Paraguai e o derrocamento dos pedrais do Lourenço e de Nova Avanhandava”, completa a nota.
Fonte: sputniknewsbrasil