Ao participar da abertura da 5ª Conferência Global de Clima e Saúde, nesta terça-feira (29/7), em Brasília, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, reiterou a urgência global para preparação e enfrentamento à emergência climática, condição que tem impactado vários setores da sociedade, inclusive a saúde. “Não temos como cuidar da nossa saúde em um planeta febril. E essa febre tem nome, tem uma razão.”
Marina Silva chamou a atenção para a “guerra silenciosa” que tem gerado a morte de milhares de crianças e, principalmente, de idosos todos os anos no mundo, mas que não recebe a devida prioridade das autoridades. Segundo a ministra, “os dados, que são subdimensionados, nos dão conta de que mais de 500 mil pessoas em todo o mundo, a cada ano, perdem suas vidas em função de ondas de calor”, enquanto as perdas em função de guerra, por exemplo, têm registrado cerca de 260 mil mortos. Para ela, isso ocorre uma vez que não é possível “estabelecer um sujeito direto para a responsabilização”.
O enfrentamento a esse cenário, destacou a ministra, só será possível com a implementação das decisões já tomadas há 33 anos, na Eco-92 – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que reuniu 178 chefes de governos dos países-membros da ONU no Rio de Janeiro, em junho de 1992.
Entre as ações acordadas, estão a limitação do aumento da temperatura do planeta a 1,5ºC e a viabilização dos meios de implementação para que os países em desenvolvimento possam fazer uma transição para a sustentabilidade.
A ministra mencionou ainda os compromissos firmados na COP28, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em 2023, que estabeleceu a triplicação das energias renováveis e a duplicação da eficiência energética “para que a gente possa ter os meios para nos afastarmos para longe do combustível fóssil e de desmatamento.
“Isso só será possível se, de forma justa e planejada, nós nos prepararmos. O presidente Lula tem o compromisso, aqui no Brasil, de desmatamento zero até 2030. Isso só foi possível estabelecer porque nós planejamos”, completou a ministra ao citar o lançamento do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, lançado em 2003.
A iniciativa já resultou, nos primeiros dois anos de governo, em uma “redução de 46% de desmatamento na Amazônia, de 32% no país, de 77% no Pantanal, e de 25% no Cerrado”, informou.
Já o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lembrou que a saúde deve ser única, com transversalidade para humanos, animais e meio ambiente. Destacou ainda que a ideia de enfrentar as mudanças climáticas para preservar o planeta para as gerações futuras é ultrapassada, pois as emergências climáticas acontecem no presente. “Nós temos não só um momento de urgência e emergência, mas de necessidade de mobilização para transformação”, ponderou o ministro da Padilha.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, em mensagem de vídeo, pontuou que os debates promovidos no congresso podem impulsionar transições mais justas. “À medida que avançamos rumo à COP30, em Belém, essa conferência pode servir de trampolim para construir sociedades mais saudáveis, resilientes e equitativas.”
Conferência
A 5ª Conferência Global de Clima e Saúde é organizada pelo Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Além dos debates, o evento sedia o encontro anual da Aliança para Ação Transformadora em Clima e Saúde (Atach) e impulsiona a articulação internacional para a elaboração do Plano de Ação de Saúde de Belém. A iniciativa estratégica prepara o Sistema Único (SUS) para o enfrentamento dos impactos causados pela emergência climática na saúde dos brasileiros.
O plano deve ser lançado na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), no mês de novembro, em Belém (PA), e está estruturado em três linhas de ação: vigilância e monitoramento; estratégias políticas baseadas em evidências e capacitação; e inovação e produção.
A proposta tem ainda dois eixos transversais: equidade em saúde e justiça climática; e liderança e governança com participação social.
Assista à abertura da conferência aqui.
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Fonte: gov.br