Na Pré-COP, países alertam para necessidade urgente de implementação de planos de adaptação efetivos


Durante a sessão da Reunião Ministerial Preparatória da 30º Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Pré-COP30) que debateu a relação do clima com o desenvolvimento, na última terça-feira (14/10), lideranças internacionais enfatizaram a urgência de implementar planos de adaptação globais que produzam resultados efetivos contra a mudança do clima.

“A crise climática avança mais rapidamente do que nossa capacidade coletiva de resposta”, enfatizou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. A titular da pasta afirmou que houve progressos em compromissos e planejamento, “mas a implementação segue fragmentada e insuficiente”. “Faltam meios para transformar planos de adaptação em resultados concretos para as pessoas, regiões e territórios”, acrescentou.

Segundo Marina Silva, os diálogos regionais promovidos no âmbito do Balanço Ético Global (BEG) evidenciaram que o problema não está na falta de soluções, mas, sim, na “distância entre o conhecimento disponível e a vontade política de implementá-las”, lacuna que demonstra que o processo de enfrentamento das mudança do clima é de “natureza ética”.

No Brasil, salientou a ministra, os eventos climáticos na última década já afetaram mais 324 milhões de pessoas, com perdas superiores a 83 bilhões de dólares. Apesar dos impactos alcançarem todos, Marina Silva destacou que os efeitos amplificam as desigualdades e atingem desproporcionalmente mulheres negras, indígenas, quilombolas e populações periféricas.

O cenário motivou o governo a incorporar em sua NDC – a meta brasileira de redução de emissões de gases de efeito estufa brasileira sob o Acordo de Paris – a integração multinível como princípio estruturante da ação climática, unindo governos nacionais, regionais e locais, informou. Ainda internamente, ela pontuou que a construção do Plano Clima, iniciativa que guiará a política climática brasileira até 2025, foi fundamentada para assegurar a justiça climática, com foco na redução de vulnerabilidades e na superação de desigualdades estruturais.

No contexto global, Marina Silva considerou ser urgente reformar e simplificar o sistema de financiamento climático “para que os planos dos países mais vulneráveis avancem na escala exigida pela ciência e pela lógica do respeito à vida”. “É imperativo prover financiamento e priorizar investimentos que reforcem a resiliência das populações sob maior risco.”

O dever de transformar compromissos em resultados também tangíveis foi reforçado pelo secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Simon Stiell, que chamou atenção para o tempo disponível para agir e as consequências dos eventos extremos na vida das pessoas e na economia. “Todo impacto climático torna o desenvolvimento mais difícil, todo atraso de adaptação aumenta os custos econômicos e humanos.”

Stiell reforçou que a solução para a crise climática é indissociável da cooperação entre países. Nesse cenário, o trabalho do grupo ministerial pode enviar “fortes sinais” para viabilizar uma transição mais próspera. “Esse grupo ministerial demonstra, assim como a COP, que apesar das suas imperfeições, o multilateralismo funciona, não como um processo abstrato, mas como uma força motriz de verdadeiro progresso para verdadeiras pessoas.”

Na mesma direção, o presidente da COP29, Mukhtar Babayev, frisou a importância dos países cumprirem as metas já acordadas. “Porque se não traduzirmos palavras em ações, então, a credibilidade de todo o processo se desmantela”, realçou.

A sessão foi conduzida pela diretora-executiva da COP30, Ana Toni, e contou com a participação da secretária-geral adjunta das Nações Unidas e presidente do Grupo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, Amina Mohammed. A atividade teve ainda manifestações de representantes de várias delegações, entre elas, estão o Reino Unido, Vanuatu, Barbados, Maldivas, Dinamarca, República Democrática do Congo e Austrália.

Balanço Ético Global

O Balanço Ético Global (BEG) é um dos quatro círculos de liderança da COP30, que tem como estratégia engajar a sociedade na conferência. Liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo secretário-geral da ONU, António Gutérres, a iniciativa foi operacionalizada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

A partir da ética e da cultura, o BEG provoca a reflexão sobre até onde avançamos e as ações que precisamos executar para que o planeta não ultrapasse a marca de 1,5ºC de aquecimento médio em relação aos níveis anteriores à Revolução Industrial, principal meta do Acordo de Paris.

A iniciativa se deu a partir de diálogos regionais realizados na Europa, América do Sul e Central e Caribe, Ásia, África, Oceania e América do Norte.

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Fonte: gov.br

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