Na CIJ, Israel diz que África do Sul conta ‘só metade da história’; Jordânia cita ‘guerra regional’


Na quinta-feira (11), foram abertas as audiências na Corte Internacional de Justiça (CIJ) após a denúncia feita pela África do Sul contra Israel e suas ações militares na Faixa de Gaza. Na sessão, Pretória disse que Tel Aviv “submete os palestinos a atos genocidas“.
Hoje (12), foi a vez de Israel defender sua campanha militar. O governo israelense classificou as alegações de genocídio como “falsas e grosseiramente distorcidas” e apelou aos juízes da CIJ para rejeitarem o pedido sul-africano para interromper a sua ofensiva, dizendo que fazê-lo deixaria o Estado israelense indefeso.

“Se houve atos de genocídio, eles foram perpetrados contra Israel […] o Hamas busca genocídio contra Israel. […] O terrível sofrimento dos civis, tanto israelenses como palestinos, é antes de mais nada o resultado da estratégia do Hamas. […] Israel está em uma guerra de defesa contra o Hamas, não contra o povo palestino […]. O componente-chave do genocídio, a intenção de destruir um povo no todo ou em parte, está totalmente ausente”, disse Tal Becker, o consultor jurídico do Ministério das Relações Exteriores de Israel, segundo a agência Reuters.

Tel Aviv também afirmou que a África do Sul estava agindo como porta-voz do Hamas, ao mesmo tempo que contou ao tribunal “apenas metade da história“.
Desde o começo das hostilidades entre Israel e Hamas, mais de 23 mil pessoas morreram e 7 mil estão desaparecidas. Dessas 23 mil, 70% são crianças e mulheres. Do lado israelense, há, ao menos, 1.139 mortos.
A África do Sul pós-apartheid há muito que defende a causa palestina, uma relação que começou quando a luta do Congresso Nacional Africano contra o governo da minoria branca foi apoiada pela Organização para a Libertação da Palestina de Yasser Arafat.
Espera-se que o tribunal decida sobre possíveis medidas de emergência ainda neste mês, mas não se pronunciará nesse momento sobre as alegações de genocídio. Esses processos podem levar anos. As decisões da CIJ são definitivas e sem recurso, mas o tribunal não tem forma de as aplicar.
O ministro da Justiça e Serviços Correcionais da África do Sul, Ronald Lamola, no centro, e o ministro adjunto palestino de Assuntos Multilaterais, Ammar Hijazi, terceiro à direita, discursam à mídia fora do Tribunal Internacional de Justiça em Haia, Países Baixos, 11 de janeiro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 11.01.2024

Jordânia se posiciona

O país do Oriente Médio disse também nesta sexta-feira (12) que os “crimes de guerra” israelenses são os culpados pelo aumento da tensão regional e da violência no mar Vermelho, que, segundo Amã, ameaça desencadear uma guerra mais ampla na região.
Em comentários após os ataques lançados pelos Estados Unidos e o Reino Unido contra militantes houthis no Iêmen, o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, disse que a comunidade internacional não conseguiu agir para impedir a “agressão” israelense contra os palestinos.

“A comunidade internacional encontra-se em uma encruzilhada humanitária, moral, jurídica e de segurança. Ou assume as suas responsabilidades e acaba com a agressão arrogante de Israel e protege os civis, ou permite que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e os seus ministros extremistas nos arrastem para uma guerra regional que ameaça paz mundial”, disse Safadi, citado pela mídia.

Na visão do chanceler, Tel Aviv estava empurrando a região para mais conflitos “ao continuar a sua agressão e a sua tentativa de abrir novas frentes”, e que as ações militares israelenses contra civis em Gaza atendiam à definição legal de genocídio.
Míssil Tomahawk sendo lançado pelo cruzador de mísseis guiados USS Monterey pela Marinha dos EUA (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 12.01.2024

Fonte: sputniknewsbrasil

Anteriores Café: Último pregão da semana tem estabilidade em Nova York e alta em Londres
Próxima Entidade médica critica CFM por equiparar crenças pessoais à ciência